Call 666 • Billie Eilish

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— Que expressão extremamente agoniante e mórbida é essa? — James indaga se juntando à mim atrás do balcão.

Suspiro me forçando a mover meu olhar de algum ponto aleatório e muito confortável que observava pelo chão da lanchonete.

O encaro apoiando o meu rosto na mão direita.

— Faz mais de uma semana que Billie disse que ia ficar bem sem ela. E hm, eu estou péssima Jam. — Tento me expressar em palavras simples e rápidas para que não pensasse demais e às lágrimas me atingissem.

— Amor, supera, faz dois anos já. Vai viver! — Brinca sorrindo abertamente tentando, me animar, porém o traço de felicidade em sua expressão sumiu imediatamente quando minha feição demonstrou o choro iminente. — Oh Charlotte! Não fica assim! — Se aproxima me abraçando pelos ombros.

— Eu tentei Jam, tentei não ficar desse jeito. Sinto tanta falta dela, tanta. Queria conseguir seguir mesmo com toda essa dor, mas estou tão exausta ultimamente. — Murmuro. — Sei que parece um discurso suicida e não é, nem a morte seria algum tipo de apaziguo 'pra isso, apenas teria a definitiva certeza que nunca mais a teria. — Devaneio.

— Não sabia que ela tinha mexido tanto com você. — Comenta.

De fato James não sabia nem a metade de tudo o que Billie e eu passamos e fizemos juntas durante esse tempo de estabilidade.

Para ele era só uma colega de quarto da faculdade a qual tinha um relacionamento muito intenso. E, isso não chegava nem perto.

— Não mexeu. — Resmungo o abraçando pela cintura. — Ela me bagunçou inteira antes de arrumar e agora, me desmontou. Eu a amo Jam. — Assumo.

Nunca havia admitido meus sentimentos por Billie em voz alta e muito menos com alguém para ouvir, e apesar de pensar bastante no quão ela é importante, o quanto faz falta nunca tinha parado para dizer o que tudo aquilo junto podia significar. Podia não, acho que não tenho mais tempo para suposições, este é o significado; eu a amo.

— O que aconteceu com vocês? Por que tudo acabou assim? — Pergunta confuso acariciando meus cabelos com cuidado.

— Eu menti, menti 'pra ela sobre uma coisa muito importante e só revelei por um engano infeliz pois ela sabe, sabe que se não fosse um mal entendido nunca teria a contado e ela jamais saberia disso.

— Mas você se arrepende não é? De mentir?
— Indaga.

— Jam, olha, eu faria diferente se fosse no início de tudo. Só queria que entendesse que tem um momento que as coisas já aconteceram por tempo demais, então ou você só tenta levar como está ou se livra daquilo que pode ser uma ameaça ainda maior. Essa mentira rolou por muito tempo, não corria grande perigo com ela, nada me ameaçava, e decidi que iria a enterrar até que tudo deu errado e saiu do controle. Talvez, eu não pudesse ter feito nada muito diferente disso. — O tom chateado em minha voz entregava.

— Durante toda a minha vida achei que não precisasse de pessoas e muito menos da ajuda delas. Aprendi a me virar sozinha e foi assim que fazia muitas das coisas que me submeti a fazer, sempre foi por mim. Pelo que queria fazer de diferente um dia. — Reflito. — Não percebi quando ela chegou com o jeitinho cuidadoso e engraçadinho que tem. Não percebi que gostava tanto da gentileza dela, do amor dela. Em como ela se orgulhava dos meus pequenos passos, do quanto se preocupava comigo. Billie me amou como ninguém tinha feito antes. E, queria ter dito isso 'pra ela. Preciso das pessoas e da ajuda delas, e acima de tudo, preciso dela. — Digo. — Não é possível que ela não me ame Jam, é a dor mais agoniante e boa que já senti um dia, como, sei lá, como um orgasmo que nunca chega. — Deixo uma risada escapar entre às lágrimas fazendo James rir alto.