Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]

Último Capítulo - Parte II

V

Pelos corredores de Skyblower, uma jovem corria apressadamente deixando seus saltos ressonarem pelo assoalho e ecoarem pelas paredes. Era devidamente muito cedo para ter tamanha agitação por aquelas alas do castelo, porém sua urgência era grande assim como seu desespero.

– Majestade! – ela gritou ao avistar o rei que involuntariamente o fez estremecer.

– Valerye?

Lady Alksen alcançou seus pés e ofegante, apanhou sua mão.

– Eles estão vindo, precisamos ir!

– Quem está vindo?! – questionou com tremor.

– Não há tempo para explicar, devemos ir! Rápido, rápido! – puxou-o junto dela, e sem tempo para perguntas, o rei foi arrastado por ela, assustado.

Com urgência, correram pelos corredores, sempre vigiando que não estavam sendo seguidos, enquanto Valerye indicava o caminho que Elliot acreditava ser seguro. Eles alcançaram a sala do trono e ela insistiu que ele a ajudasse trancar a pesada porta de bronze. Arfantes, Elliot desfrutou daqueles terríveis ataques de ventilação que sentia constantemente a cada momento de ansiedade.

– Estamos seguros? – tentou pronunciar com dificuldade.

Os olhos claros arregalados da Lady demonstravam terror, mas logo se transformaram para semicerrados como de um felino vigilante, sua boca deixou-se desenhar um sorriso travesso e um risada forte e teatral correu dos lábios vulgares dela.

– O que é engraçado?

Valerye se afastou da porta sem parar de gargalhar.

– Deveria ter visto sua feição!

– Do que tanto rir?! – esbravejou, furioso.

– De você! Do que mais estaria rindo?!

Elliot a estudou colericamente.

– Pode me explicar o que diabos estava fazendo?

– Ora, uma brincadeira! E você caiu nela como um inofensivo patinho.

Ela deslizou pelo salão em direção a tribuna.

– Eu poderia mandá-la prender por tal ato, Valerye!

– Ah, meu pequeno Elliot. Há tanto que precisa aprender e um desses aprendizados é saber rir em certos momentos da vida, do contrário, por que viveríamos?

– Não tenho tempos para seus joguinhos perversos, minha mulher anda desaparecida e eu tenho uma guerra para vencer!

Elliot tornou a se aproximar da saída.

– E quem disse que meus "joguinhos" não são acompanhados de informações essenciais? Eu lhe avisei que uma farsa estava próxima, não avisei? E estava errada sobre isso?

O rei cessou seus movimentos, pensativo.

– Por que estamos aqui, Valerye?

– Grandes sombras pairam pelo castelo, minha Majestade. Posso vê-la vindo a léguas de distancia. É a escuridão que se alastra. Inimigos por todos os lados planejando tomar o Norte, arrancar a última herança da família Norwood. Eu quero servi-lo meu rei, servi-lo de corpo, alma e espírito. Quero ajudá-lo escutando as vozes, mas estas mesmas me disseram que tentarão me impedir.

– Quem tentará te impedir?

– Aqueles que querem que você não melhore, que desejam que afunde na ignorância, que não emerja na ascensão. Eles me tentarão me derrubar para que eu não possa ajudá-lo a alcançar seus objetivos de estabelecer sua honra nas terras nortenhas. E receio dizer que uma dessas pessoas seja sua própria rainha, Elliot.