Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]

Capítulo Trinta e Nove - Parte I

Capítulo Trinta e Nove

Entre os fortes raios solares do nascer do sol, furiosas correntes de vento serpenteavam pelo chão seco, arrastando monumentalmente a areia para o ar, ora sim, ora não. E foi entre aquelas ondas de poeiras e raios solares, que os dois exércitos se cruzaram no meio do vasto deserto. Pessoas que uma vez foram separadas por incontornáveis conflitos, agora se reencontravam numa vastidão sem fim, como se o destino desejasse ligá-las novamente. Entretanto, a tensão que circundava o local era profundamente palpável, refletido nas severas expressões, causado pelo choque de culturas extravagantemente diferentes e as grandes desavenças historicamente gravadas em cada ser presente ali.

Os líderes, que guiavam cada casa ou povo, mantiveram-se profundamente silenciosos, porém rapidamente se foi capaz de ouvir os cochichos atônitos do exército do espadarte e dos arqueiros, incrédulos com quem viam:

– Aquela é a falecida princesa herdeira de Skyblower? – Hans questionou, pasmado, para Thor.

– Aquele é Nicholas Crawford! – outra voz se sobressaiu acima do vento.

– Pelos malditos infernos, o que diabos está acontecendo? – Berbatov rosnou, fitando tensamente aquela que uma vez teria considerado morta, Savannah Campbell. Estava demasiadamente diferente da última vez que seus caminhos se cruzaram, parecia mais velha e mais adulta, entretanto, seus olhos desconfiados recusavam-se a acreditar no que via.

Em contrapartida, Mia, com os olhos arregalados, abaixou lentamente sua flecha. Seu gesto fizera Ari correr para seus braços, levantando-a do chão e começou a rodar, simultaneamente chorando de felicidade fazendo-a inesperadamente rir, e para não excluir seu melhor amigo, o agarrou com seu grande braço, rodopiando com os dois.

– Eu sabia que você iria encontrá-la! – Ari cantarolou, enquanto Berbatov se desvencilhava de forma carrancuda dele. Ele pousou Mia no chão e questionou confuso: – E que vestimentas especiais, desenhos bizarros no corpo inteiro, até cheiram diferente, o que estão comemorando?

A Comandante lhe mostrou um sorriso nervoso, incapaz de responder, vendo o que lhe esperava do outro lado: Thor Meszaros e Savannah Campbell. Ela estava viva, e por alguma razão estava com o príncipe... Estudando os brasões que circulavam da águia e das flechas, e suas vestimentas idênticas ao dos demais arqueiros, seu cabelo cor-de-ébano, as peças se juntaram e assim compreendeu, Nália Crawford era Savannah Campbell. Como aquilo era possível?

Uma grande raiva cresceu no seu peito, compreendendo subitamente a revolta radical e traiçoeira contra o Norte. Estava sendo liderada por nada mais, nada menos, que a garota que lhe culpava eternamente pela morte de sua irmã mais nova, Anna.

Havia uma grande possibilidade de Thor ter sido o responsável pela proteção da casa da Liga dos Arqueiros, isso explicava a redução drástica dos gladiadores de Lorde Diámat. Mas, o que faziam ali? Seria à pedido de Elliot? Conhecia o caráter irredutível do rei do Leste, ele não teria perdoado a deserção de Thor, mas ali estava ele, diante à ela, após tê-la deixado. Reassumindo seu papel de Hurykane, liderando o grande exército do espadarte. Havia muita coisa para ser explicada, e num espaço aberto e vazio como aquele, induzindo o afrontamento direto de todos os problemas deixados para trás.

– O que está fazendo aqui príncipe Meszaros?! – Mia finalmente indagou, alto e em bom som.

– A guerra aqui me trouxe, princesa Amélia Norwood Thor respondeu-lhe no mesmo tom, provocando um burburinho entre os soldados que nunca deveriam imaginar ver a princesa herdeira do norte daquela maneira, como as más línguas diziam: uma selvagem. – Trouxe todos nós.

– A garota que apresenta-se ao seu lado, responde por Nália Crawford? – ela quis ter certeza.

– A garota que se encontra logo aqui, é capaz de responder por si própria – Savannah retorquiu, secamente. – Sim, princesa Amélia. Eu sou Nália Crawford.