Capítulo Três

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Capítulo Três

Os batuques nos tambores troavam, e a cada intervalo, o ar era preenchido com os gritos de guerra. Todos os observadores dançavam, era a tradição Ouach, esta promovia a união dos povos. Nas terras do ocidente, a dança era primordial para todas as cerimônias e naquela tarde, todos estavam reunidos para celebrar a chegada de Ekos, o Grande Irmão e o sucessor do trono.

Oksanna estava ansiosa.

A última vez que tinha visto o Grande Irmão fora no festival de Helsis, o festival que comemorava a passagem o solstício de verão, há cinco anos. Antes mesmo dela nascer, Ekos já tinha se mudado para o Império do Sul, para ser o mais fiel dos escudeiros do imperador Marcus Lancaster. Estava de retorno ao seu amado reino desde a doença do rei agravara-se.

A jovem princesa de Helsker, apesar de se mostrar triste pela fraqueza do rei, desejava ver o irmão predileto dentre os dez filhos do rei Talib. Tinha uma grande admiração por ele devido as grandes histórias que ouvia, ele era o mais engraçado, o mais destemido e o mais confiável.

Oksanna estava posta ao lado de seus oito irmãos: seis homens e três mulheres. Ela era a sexta filha, mas também a primeira mulher da linhagem. Única filha de mãe diferente a qual morrera por uma doença cruel.

Os três primeiros homens, Ekos, Dakari e Kanye, todos filhos da mesma mãe, a fervorosa Hadiya, a qual diziam ter morrido afogada no rio enquanto se banhava no rio. Os dois gêmeos Tchuck e Tchik e as duas gêmeas Fana e Feni, filhos de Kakra, considerados todos bastardos. As duas crianças, Octavius e Lael, da última esposa que era quase tão jovem quanto Oksanna, Shas era a mais recém mulher do rei, a mais bela do reino.

Todos esperavam ansiosamente a chegada Ekos.

O rei Talib estava sentado em seu trono, esforçando-se para não transparecer a verdadeira aparência enfermiça que lhe perseguia, porém de longe se via os olhos caídos de extremo cansaço, a respiração arfante e a pele negra, mas sem vida alguma. Em pé, ao seu lado, estava sua mulher Shas, com seus olhos esverdeados, a pele morena avermelhada e os traços delicadamente desenhados como e em volta todos os nove filhos.

A ansiedade da princesa a fazia pensar que estava esperando há um século.

Soube que seu esperado irmão estaria a caminho do pátio quando os batuques dos tambores se aceleraram. Ouvia as pessoas sussurrando se Ekos estaria acompanhado do maior aliado de Helsker – o imperador de Gardênia.

Oksanna pouco acreditava nessa hipótese, ouvira dizer que a guerra estava próxima. Se aquilo fosse verdade, não acreditava que o Imperador se moveria apenas para acompanhar o seu escudeiro de volta a casa.

A princesa não via o interesse de ser um escudeiro, diziam-na que era assunto de homens e que ela não entenderia, mas via os escudeiros dos irmãos Dakari e Kanye. Eles não tinham nenhuma importância. Viviam acompanhando-os para caças, torneios entre outras coisas. Carregavam material e serviam eles. Aquilo não lhe parecia grande coisa, era parecido com que suas aias faziam. Ekos era um homem incrível, o próximo a ter a coroa de Helsker, não entendia qual seria a razão que ele seria um mero servo para o Imperador do Sul.

Quando pela primeira vez se perdeu em seus pensamentos, ouvira as estrondosas pegadas dos grandes elefantes se aproximando e atentou o olhar ansioso. Pelo grande arco redondo, avistou os simbólicos elefantes brancos, andando em linha reta.

Os dançarinos continuaram a dança do Oach e os convidados pararam para assistir à entrada triunfal de Ekos pelo salão. Ele montava o primeiro elefante branco, o maior e mais majestoso. Sorria e acenava para todos a volta. Oksanna sorriu alegremente ao vê-lo, quase eufórica. Apesar de ter os mesmos traços solenes de sempre, ele estava diferente. Começava por suas vestes: trajava um gibão justo e escuro, decorado com cores brancas e cinzas, as calças tinham a mesma cor. A maneira como ele se vestia tinha contraste com todo o salão que era coberto por cores vivas e quentes. O Grande Irmão usava gola alta, mangas cumpridas e botas de couro. Aquelas roupas não eram apropriadas para Helsker, nem mesmo no atual inverno. Afinal, o grande reino do Oeste era abençoado com um clima adorável de estio, tinham verões quentes e invernos tênues.

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Where stories live. Discover now