Capítulo Trinta e Nove - Parte II

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IV

Emily Winston despertou turbulentamente de seu sono, deparando-se com um teto de madeira desgastadas sobre sua cabeça. Estava demasiadamente zonza e sabia que aquilo era devido ao feitiço usado pelo Clã das Bruxas, para prendê-la numa prisão imaginaria, no intuito que discutisse com seu irmão gêmeo, incapacitando-a de machucá-lo. Porque era assim que a viam atualmente, como uma desconhecida, que era capaz de ferir seu próprio irmão gêmeo.

– Ela está acordada e intacta, eu terminei meu trabalho – uma voz pairou pelo âmbito, carregada de rancor e pirraça.

A visão embaralhada de Emily seguiu o orador, e vislumbrou uma mulher negra com um brilho intenso, possuía cabelos escuros e mais lisos que a bruxa. Tentou fixar-se nos detalhes e avistou seus olhos escuros e raivosos para si, o nariz largo e os lábios delicados se contraiam como se segurassem sua raiva.

– Ravena, tenha modos querida – uma outra voz sobressaiu, pertencendo à uma mulher mais velha, no canto da sala. O olhar confuso de Emily quase arrastou-se para poder vê-la e ter a certeza de quem se tratava, e no momento que seus olhos se cruzaram, reconheceu Morgaine Willow. A mãe de Ludmilla, que lhe sorria docemente.

Assustada, Emily tornou a fitar a mulher que lhe olhava raivosamente e era Ravena Willow, irmã de Ludmilla. Tinha crescido absurdamente aquele tempo que ficara fora.

– Não precisa ter medo Em, está em casa agora – seu irmão tomou a palavra, levantando-se lentamente da mesa que estava deitado.

– Freya? Onde ela está? – balbuciou, sentindo uma dor de cabeça colossal.

– A feiticeira está logo ali – Ravena sibilou.

Emily entortou seu pescoço, ouvindo os cicios da mulher que estava amordaçada no chão da sala. A bruxa atirou-se da mesa, titubeando pelo chão para alcançá-la.

– O que vocês fizeram com ela?!

Freya se remexia para sair das cordas que lhe prendiam, porém apenas com um mero olhar, Emily reconheceu as cordas magicas que impediam o uso de qualquer magia, senão aquele que tinha atado o nó.

– Você pode ter mudado suas origens e sua cultura, Emily. Nós não! – Ravena continuou.

– Com calma, Ravena. Ou terminará por derramar todo seu veneno pelo solo – uma outra voz masculina surgiu, e aquela pertencia a Paxton Willow.

– Ravena nunca sabe a hora de parar, não é mesmo? – Morgaine compactuou, colocando-se em pé e seguindo para perto das mulheres no chão. Ela era a bruxa mais alta que Emily conhecera, tornando-se impossível sua grande presença passar desapercebido, entretanto, era uma mulher de uma delicadeza extrema, mesmo quando andava, diria que flutuava.

A bruxa agachou-se no chão e estudou ambas mulheres.

– Diga-me querida, sua mais nova amiga é uma feiticeira. Estamos animados em ter você de volta, porém, não podemos fazer todos os bons gestos num único dia. Então procuro saber o que preferem, que Freya se vá, ou que ela fique, com a condição que não poderá usufruir de nenhuma magia.

– Ela vai embora – Emily antecipou em dizer.

A feiticeira gritou, se debatendo, fazendo com que a bruxa tirasse a mordaça de seus lábios.

– Eu não vou deixá-la nesse buraco de cobras! – Freya rosnou.

– Tenha cuidado com suas palavras feiticeira se quiser manter sua língua! – Ravena interferiu.

– Eu não vou embora, Emily. Nem que tenha que acampar diante esse lugar, dia e noite.

– Eu mesma me encarregarei de você, se fizer isso!

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Where stories live. Discover now