Capítulo Vinte e Três

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Capítulo Vinte e Três

Amélia tinha seus olhos fincados nos diversos rostos desconhecidos que apareceram na floresta, homens escondidos atrás de robustos troncos lhe espionavam. Alguns com olhares assustados, outros com olhares adversos. Oito homens, mais um que lhes dirigia a palavra. Estavam cercados, e a única escapatória era o vasto oceano. Por isso, apesar de sentir uma incômoda dor no pulso devido os inúmeros ferimentos, firmou sua força no cabo do facão e tornou a fitar o homem que Thor trocava palavra.

A calvície e a barba grisalha ressaltavam um ar mais velho do que os traços de seu rosto aparentavam ter.

– Eu apenas quero ajudá-los a se salvar destes selvagens – Ionavan continuou com um timbre cauteloso.

O termo lhe embraveceu, os Kadawgis poderiam ter uma cultura que se demonstrava estranha para alheios, mas tratá-los de selvagem por isso era algo de extremo desrespeito e ofensivo.

– Deveria ficar para ver o que esses selvagens são capazes de fazer caso permaneça em suas terras – Amélia guardou a arma, na bainha, tinha aprendido que por vezes deveria fingir abaixar a guarda para que o empunhar do aço fosse igualmente surpreendente. O velho pareceu resguardar a expressão de desgosto que lhe subia pela garganta num afável sorriso. Julgando pelo olhar desaprovador de Thor, ele não parecia contente com a resposta dela.

– Os Dias de Escuridão está a beira de um trágico fim e sendo refém destes rebeldes, não há nada que vocês possam fazer. Tenho uma nau esperando por nós do outro lado da praia.

Amélia com excesso de cólera, rebateu:

– Sugiro que se você preza pela sua vida e de seus homens, se apressem para chegarem lá sozinhos. Monstros andam as soltas no anoitecer.

Ela deu um passo a frente, pronta para se afastar, quando sentiu a pesada mão do príncipe aterrar no seu braço.

– Mia, preciso falar com você – ele pediu, rígido. Sem ela precisar assentir, viu Thor a puxando para perto e lhe enterrar um olhar confuso. – O que você está fazendo? – sussurrou.

– Saindo daqui – ela pronunciou cada sílaba.

– Acaba de dizer que gostaria de sair deste lugar para encontrar seu irmão e a chance lhe cai sobre as mãos – Thor recitou os eventos como se ela não tivesse feito parte deles. – Agora recusa essa ajuda.

– Eu não confio nesses homens.

– Mas, continuará ao lado do povo que lhe coloca num combate até a morte. O povo que lhe prende sob ameaça e que não lhe deixará ir atrás do seu irmão.

Mia aproximou seu rosto perto dele e disparou:

– Você não sabe de nada. Se estou viva desde o Baile de Sangue não foi por sua causa ou pela de Berbatov, então não venha me dizer o que devo ou não fazer, Thor.

O príncipe não parecia vê-la com nitidez, devido a maneira como ficou estarrecido com seu argumento.

– Se deseja retornar, eu sugiro que o faça, mas sem mim.

Mia, por sua vez não o esperou, direcionou-se para o caminho de retorno para seu clã. Antes que pudesse se afastar, um dos homens que completava o círculo que os cercavam inicialmente, colocou um bastão de madeira na frente dela.

– Eu sinto muito menina – Ionavan se manifestou, fitando ela. – Receio que você não possa ficar. Eu preciso que você venha junto de nós. Tal como o príncipe, você infelizmente tem um papel importante nessa guerra.

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin