Capítulo Doze

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Capítulo Doze

Naquela manhã ainda opaca, a princesa de Helsker tinha ido encontrar Rara mais cedo do que o comum. Por alguma razão não específica, não sentia a necessidade que tinha todas as manhãs de ir na Kapelle. Aproveitou para fazer as simples mudanças por causa da inabitual ausência de Earleen que não viera lhe buscar no quarto. Oksanna estranhou, mas estava naturalmente com uma forte paz espiritual que aquilo não lhe fez diferença alguma. E seu humor melhorou ainda mais quando alcançou o jardim, tivera uma maior surpresa ao ver que a elefante estava brincando com tudo que se mexia, correndo atrás de grilos e de borboletas. Pela primeira vez, Rara parecia estar em perfeito estado de saúde. E lhe recebeu com muito carinho.

Se a elefante estava em bom estado de saúde devia tudo ao escudeiro. A princesa quis que ele visse com os próprios olhos o progresso do jovem animal.

Oksanna tinha jurado que ficaria afastada dele, mas se não cumpria aquele juramento era unicamente por uma boa razão: o bem estar de sua melhor companheira. E aqueles encontros frequentes eram modestos e despretensiosos, os dois amavam elefantes e aquilo não tinha mal algum.

Por isso, a princesa decidiu ir ao seu encontro, uma leviana coragem que normalmente não teria. Arriscou ir para os lados que pouco conhecia do castelo, onde a maioria dos servos de Nassor dormiam. Era o único lugar que ainda não conhecia bem, tinha poucas razões para ir para ali.

Esperava encontrar servos pelos corredores para que pudesse perguntar sobre o escudeiro. Entretanto, não encontrou nenhum. Todos deveriam estar em suas tarefas, assim como Akin. Mas, onde?

Não demorou para perceber que estava perdida naqueles longos e confusos corredores que eram privados de luminosidade, sem contar que tinham um ar extremamente abafado. Não sabia como conseguiria sair da área dos serviçais. Depois de longos minutos andando, avistou uma saída dos corredores escuros. Sentiu-se aliviada, ao retornar a ver a luz do dia.

Porém, não fora somente a luz do dia que alcançou seus olhos. Oksanna sentiu uma brusca luminosidade invadir sua visão e uma enorme construção surgir diante sua visão.

Ela avistou um enorme elefante de ferro.

A jovem olhou a volta e viu inúmeras armas, diferentes tipos, diferentes tamanhos. Com grandes ou pequenos espinhos, mais ou menos afiadas, mas todas com um ar extremamente mortífero.

A princesa sentiu um incomodo arrepio correr por sua espinha. Os olhos inocentes e assustados observaram a grandeza do elefante de ferro. Nunca tinha visto uma construção tão grande e tão detalhada quanto aquela. E apesar de ter a forma de seu animal predileto, ela não sentiu algo bom ao ver aquilo.

Oksanna caminhou lentamente até o elefante e tocou a tromba, aquecida pelo sol. Algo naquele animal era amedrontador. Ela rodou a sua volta e sentiu um frio na barriga ao perceber que no chão, logo abaixo da barriga tinha uma pira, pronta para ser acesa.

Com receio, ela se aproximou e tentou levantar a imensa porta na barriga do animal. Abriu a trava e levantou a porta. Bruscamente, um cheiro de carniça invadiu seu olfato junto com um bafo quente, provocando que a menina soltasse o ferro e causasse um grande barulho pelo impacto.

A princesa sentiu seu corpo congelar, lembrando-se do dia em que havia chegado. Como sua aia Oumou, que subitamente tinha parado de falar sentiu medo quando Oksanna tentou ajudá-la. Lembrou-se de Earleen dizendo que Nassor não tinha mais família. Lembrou-se da reação desesperada de Maymuna quando tinha perdido o pássaro de fogo.

Há coisas que para nosso bem, é melhor não sabermos, ela tinha dito.

Ela olhou a sua volta aterrorizada.

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Where stories live. Discover now