Capítulo Vinte e Sete

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Capítulo Vinte e Sete

Orgulhosamente, Astrid deslizava pelos corredores do castelo nortenho. Esperava o dia no qual olharia por aquelas amplas janelas e veria no pátio a bandeira azul do espadarte branco ondular com o vento. Embaixo, estariam os homens com armaduras brancas, comtemplando sua rainha. Cinco mil homens, prontos para proteger os alimentos que garantiriam a sobrevivência de Skyblower como Wanderwell.

Não via hora daquele dia chegar.

Mas, quando duas semanas se passaram e nenhuma resposta obteve, a rainha começou a se preocupar, mesmo que silenciosamente.

Um dia, numa daquelas caminhadas matinais pelos corretores mais largos e luminosos devido as amplas janelas, Astrid esbarrou com Ethel. A aia que carregava o filho de seu marido. Os olhos redondos e enjoativamente inocentes arregalaram-se ao ver a rainha. Esta foi a procura do que teria sido tão brusco no impacto delas e assim Astrid viu, a barriga que se exibia debaixo dos velhos trapos que Ethel usava como uniforme.

– Agora consigo entender o porquê me evitava – Astrid suspirou, após segundos absolvendo o choque. Saber que uma mulher estava grávida, não era tão chocante quanto ver o ventre gerando aquele pequeno ser que viria ter o sangue da família Norwood.

– Eu... eu sinto muito – ela murmurou, como se sentisse culpada ou envergonhada.

– Não há pelo que sentir – Astrid forçou-se dolorosamente a sorrir. – É como dizem o ditado. Não há como esconder uma barriga passado... – a rainha interrompeu-se, percebendo que a suposta gravidez de Ethel ainda era recente. – Sua barriga não está um tanto grande para doze semanas de gravidez?

– É uma herança de família – a aia afirmou, encolhida.

– Apenas quero que você saiba que o rei lida no momento com imprevistos. E como já imaginava, sua barriga começaria aparecer. Quero que saiba que não precisa se preocupar. Não pretendo jogá-la desse castelo. Somente precisará embora com o retorno de meu marido, uma vez que ele providenciar todos os cuidados de sua casa.

– Agradeço, Vossa Majestade.

Pelo canto do olho, a rainha avistou a silhueta do Lorde Alksen surgindo no final do corredor e andando as pressas. Vinha na direção delas.

– Agora pode ir – Astrid ordenou, e rapidamente Ethel desapareceu. Uniu as mãos, enquanto esperava a aproximação de Izaak, Este por sua vez não exaltava sua habitual vaidade, pelo contrario, vestia um gibão que não cabia bem no seu corpo e com tons que não combinavam para aquela transição do ano. – Ora, ora, vejo que hoje alguém não trota num dos melhores cavalos – atiçou, mexendo nas mechas loiras do cabelo.

Ele lhe atirou um olhar, pouco paciente.

– O que devo a honra dessa atenção? – Sua cordialidade fora seca.

– Apenas gostaria de verificar que não guarda remorso pela perda da coroa.

– Vanglorie-se quanto quiser, rainha. Mas, verá cedo ou tarde que política não é uma brincadeira de criança – ele sussurrou. – Não se trata de ganhar ou perder, se trata de chegar no poder, e de se manter. Passaram-se duas semanas e onde estão os esperados soldados? – Ele arqueou as sobrancelhas, de perto, Astrid pode observar suas olheiras.

– Espero que não esteja passando suas noites em claro, perguntando-se como uma garota dez anos mais nova que você, lhe passou a perna tão facilmente.

Ele aprumou-se, mostrando-se maior e grande perto dela.

– Meus homens estão a caminho, Lorde Alksen, estarão aqui quando menos esperar. Quanto a brincadeira de criança, posso não ter nascido com todos os conhecimentos necessários para a política, do contrario nasceria perfeita – ela sorriu, aproximando-se dele. – Entretanto, tenho o talento nato para aprender rápido. Então, sua pergunta deveria ser não como vou me manter no poder, e sim, como pretende me derrubar, porque não o largarei nem se minha vida depender disso.

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Where stories live. Discover now