17. Sentimento de culpa

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— Você sabe que não há nada sério pra ser dito, então não vem me chantagear com bobagem que eu fiz quando era mais novo e que você acredita que vai me envergonhar agora — meu marido disse firme, encarando o mais velho do mesmo modo. — (s/n) não tem nada a ver com os nossos problemas e eu peço que a deixe de fora.

— Ah, claro... — o meu sogro riu soprado. — Ela sempre está de fora.

— Senhor Park, eu realmente sinto muito por não ter conseguido conhecê-los antes — falei assim que percebi ao que ele se referia. De fato, poderia parecer que eu não dava a mínima importância para a sua família.

— (s/n), você não tem culpa de nada — falou em tom normal. — Pode ficar tranquila.

— Mas é que...

— O meu filho é um desnaturado que não vê um palmo à frente do nariz — disse olhando para o loiro ao meu lado. — Foi embora pra ajudar com um problema e esqueceu-se de que tem pai e mãe.

— Pare, por favor — Kevin pediu. — Eu liguei quando pude.

— Vamos conversar... Kevin Park — o mais velho olhou para o filho da cabeça aos pés com desdém e eu suspirei. Pelo visto, os dois também tinham ressentimentos para serem resolvidos. — (s/n), você pode fazer companhia para a sua sogra. Ela está na cozinha.

— Claro, senhor Park — fiz uma breve reverência e o vi sair, sendo seguido de Kevin que sequer se despediu de mim. O assunto entre eles seria bem intenso, disso eu tenho certeza.

Fui para a cozinha, como me foi aconselhado, e ali passei alguns minutos de conversa com Soyeon, que fez questão de contar todas as coisas que Kevin fez quando criança. Descobri que o meu marido frequentou algumas aulas de taekwondo e isso me surpreendeu bastante, já que Kevin é bastante preguiçoso para os esportes. A minha sogra insistiu para mostrar-me um álbum de família e eu procurei pelo meu cunhado em toda parte, apenas encontrando-o em uma única foto na sua fase infantil.

— Como é o nome dele? — Perguntei ao apontar para a criança que eu deduzir ser o outro Park.

— Este é o seu marido — ela riu e eu a acompanhei. — Eles são muito iguaizinhos. No início, tivemos muita dificuldade pra diferenciá-los.

— São iguais mesmo — franzi o cenho, confusa. Eu não achava sequer uma característica para diferenciá-los. — Como o meu cunhado se chama? Kevin não suportava sequer ouvir uma menção a ele.

— Kevin fez coisas pesadas e eu acredito que uma das principais foi nos esconder de você — ela disse séria agora. — Sinto muito por não ter ido ao casamento.

— Não foi nada muito grande — dei de ombros antes de rir fraco. — Assinamos os papéis e fizemos um jantar para os nossos amigos mais íntimos e a minha mãe.

— Você não tem pai? — Neguei com a cabeça. — Posso perguntar o que aconteceu? É muito doloroso?

— Não mais. Quando falo dele, só sinto saudade — falei mais baixo, tristonha. — Meu pai morreu há três anos, foi vítima de um assalto.

— Eu sinto muito, (s/n) — a mais velha se aproximou e sem que eu pudesse imaginar, me abraçou de lado. — Desde o momento em que vi a sua foto e ouvi os primeiros comentários de Kevin sobre você, eu soube que cuidaria muito bem do meu filho. Quero que saiba que mesmo não te conhecendo tanto quanto deveria, eu gosto muito de você — nos entreolhamos e eu sorri ao perceber que ela estava sendo totalmente sincera. — Meu filho saiu daqui com o coração petrificado e você conseguiu adentrá-lo ao ponto de fazê-lo ter vontade de se casar. Kevin descobriu o amor com você e isso já me faz te adorar demais.

Impostor | Park JiminWhere stories live. Discover now