25. Nomes invertidos

4.1K 467 803
                                    

— Vamos organizar os pensamentos mais uma vez — Claire disse. Já estávamos falando sobre o assunto há mais de duas horas e havíamos descartado a ideia de que Kevin era um infrator, já que os processos nos aeroportos ocorreram normalmente durante a nossa viagem ao seu país de origem. — Temos Park Jimin, um rapaz de cabelo castanho escuro — encarou a tela do seu computador, que exibia a foto ampliada do mencionado. — Ele é formado em engenharia civil, possui uma tatuagem bem sexy na região das costelas e tem uma ex-namorada coreana ruiva — entortou a boca. — Ou seja, não é o homem que você conhece como seu marido — a minha amiga prendeu os cabelos e suspirou enquanto negava com a cabeça. — E do outro lado nós temos Jisung, que não possui qualquer informação na rede e que provavelmente é o Kevin.

— Eu tenho uma teoria — Peyton se pronunciou. — Kevin pode não ter informações na internet porque não fez muitas coisas relevantes enquanto morava na Coreia e ainda se chamava Jisung — encolheu os ombros. — É uma boa linha de pensamento.

— Pode ser isso... — murmurei ainda um pouco assustada com tudo aquilo. — Certo dia, eu ouvi o Kevin conversando com a mãe sobre ser comparado ao irmão na escola. Só que, na minha cabeça, o contexto era muito diferente. Eu achava que o meu cunhado era um daqueles tipos de criança muito inteligente, entendem? — Elas assentiram. — Nunca poderia imaginar que ele tinha medo de ser comparado ao irmão no sentido de ser confundido ou qualquer outra coisa semelhante por serem gêmeos idênticos — suspirei alto, desolada. Quantas mentiras eu descobriria a partir de agora? O pavor crescia aos poucos dentro de mim. — Então Park Jisung não fez nada relevante porque nunca quis se destacar na escola, já que tinha receio de ser confundido com o Jimin— concluí. — Quando atingiu a maioridade, ele mudou de nome, veio pra cá, se formou em uma faculdade e entrou na PLC já como Kevin Park — as duas me olhavam em completa atenção, tão surpresas quanto eu. — Jisung é o meu marido, não há mais dúvidas.

— Faz muito sentido — Peyton falou um pouco alto, como se tivesse desvendado o grande mistério. Mas algo me dizia que aquele não era o fim e eu não fazia ideia de como descobrir o que faltava. Ainda. — O que pretende fazer?

— Pensar muito.

— Fique aqui em casa — Claire sugeriu. — Você tem que conversar com ele, mas, antes, precisa encontrar a melhor maneira de obter todas as informações com calma e cuidado.

— Por que eu tenho que ter calma e cuidado? — Aumentei o volume da voz inconscientemente. Naquele momento, me vi um pouco revoltada. Não com as minhas amigas, mas com a situação toda. — O meu marido não se importa comigo! Nem um pouco! — Prendi a vontade de chorar. —E por que eu tenho que me importar com o estado que ele vai ficar?

— Porque se ficar irritado demais, o Kevin não vai se abrir — Peyton respondeu. — Fica calma, amiga — suspirou. — Ou tenta, pelo menos — me abraçou de lado. — Eu sei que é complicado, mas...

— Eu não sei com quem me casei, Peyton — interrompi-a. — Kevin mentiu desde que me conheceu. Ele não disse que havia mudado de nome e casou comigo escondendo esse fato, além de tantos outros — neguei com a cabeça. — E quando quis se redimir pelas merdas que fez, mentiu de novo usando o nome do irmão — falei um pouco mais alto, indignada. — Então... Quem é aquele homem que está na minha casa? — Encarei as duas em completo desespero. As minhas mãos estavam trêmulas. — É o Kevin? O Jimin? O Jisung? — Pus as mãos na cabeça, apertando-a fortemente. — Por que ele escondeu o verdadeiro nome de mim por duas vezes? Isso é um absurdo! Eu não posso continuar dessa forma!

— É... Eu acho que o casamento de vocês não existiu de verdade — Claire disse baixo. — Só da sua parte.

— Eu... Eu o amei tanto — murmurei antes de finalmente me render ao choro. Peyton me abraçou mais forte e Claire se aproximou para me dar o seu apoio em forma de abraço também. — Esses últimos meses foram tão incríveis, parecia um sonho. Não consigo acreditar que foi apenas um esforço dele pra que eu não desconfiasse de suas mentiras.

Impostor | Park JiminOù les histoires vivent. Découvrez maintenant