30. Segredo

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— Você... Você me perdoou? — Envergonhado, Jimin perguntou ainda enquanto se afastava de mim.

— Bom... — Respirei fundo, tentando me recompor. Porém, o ato apenas serviu para me deixar mais desconcertada, pois o cheiro delicioso do seu perfume invadiu as minhas narinas. — É complicado... — Ele assentiu. — Não posso mentir e dizer que está cem por cento tudo bem. Você me magoou muito.

— Sim — ocupou o seu lugar mais uma vez. — Magoei demais.

— Mas também entendo o seu lado, sei que você é tão solícito quanto eu — ri fraco. — Nós não conseguimos negar ajuda com facilidade.

— Ainda mais quando se trata de alguém que amo.

— Eu compreendo totalmente e acho muito bonito, inclusive.

— Só que eu te prejudiquei com isso e te juro que me odeio por não ter sido firme na ideia de te contar a verdade — inspirou uma grande quantidade de ar e o soltou com agressividade. Eu via com clareza toda a sua revolta. — Deveria ter enfrentado o Samuel e os outros.

— Não adianta ficar pensando nisso, Jimin — acenei negativamente com a cabeça. — Já aconteceu e você só se fere mais pensando assim — busquei falar baixo, com calma. Queria tranquilizá-lo. — Não precisamos de mais culpa — exibindo um meio sorriso, o loiro concordou com um murmúrio. — Falo sério.

— Eu sei, eu sei... — Riu fraco. Depois, ficamos em silêncio por algum tempo. — Então eu não tenho o seu perdão, certo?

— Tem, claro que tem — respondi com pressa. — Eu perdoei os investidores, então não há motivos pra não te perdoar também. Todos erraram, mas o arrependimento que vejo em vocês conta muito pra mim.

— Não... — Park chacoalhou a cabeça em negação. — Não quero que seja assim.

— Como é?

— Você não pode me perdoar simplesmente porque perdoou os outros — o seu cenho franzido me alertava para a sua chateação. — Nós tivemos algo, compartilhamos uma cama, vivemos momentos lindos juntos, colecionamos memórias, dissemos coisas importantes um para o outro... — Pausou, respirando fundo logo após. — Não é assim que funciona comigo, (s/n). Não pode ser assim! — Eu não sabia o que dizer, então permaneci em silêncio e mantive a nossa troca de olhares. — Não vou considerar que estou perdoado porque isso não é nem um pouco válido pra nós dois — disse com seriedade. — A nossa situação é diferente. Ela tem um peso maior, que é o nosso sentimento.

— Jimin...

— Não quero voltar a um assunto que eu sei que está terminado, mas...

— Terminado?

— É — a sua expressão de obviedade me fez bufar. — Você escolheu continuar com o meu irmão, então acabou pra nós dois — foquei no aparador à minha frente. Não queria entregar com o olhar a insatisfação de ouvir aquilo. — Ou não é isso?

— Sim.

— Pois bem — suspirou. — Mas eu vou esperar o seu perdão verdadeiro, direcionado a mim. Não quero esta coisa generalizada.

Nós dois... Escutar aquelas duas palavras me deixou inquieta de um modo agradável, entretanto, ao perceber o contexto em que elas estavam inseridas, a inquietação logo foi transformada em angústia. Não mais nos chamaríamos de formas carinhosas, não trocaríamos confissões que transbordavam amor, não nos beijaríamos mais, sequer nos tocaríamos. Nada seria igual. Para sempre. E era realmente isso o que eu queria? Mesmo? Olhando para Jimin bem ali na minha frente, eu não conseguia ter nenhuma certeza. Como era possível estar diante de duas pessoas fisicamente idênticas e ter sensações completamente diferentes? Eu não estava tão confusa na presença de Kevin em Londres.

Impostor | Park JiminWhere stories live. Discover now