— Como é? — A minha pergunta saiu em um sussurro e o rapaz me olhou por cima dos óculos de grau.
— O valor de cada bem passará por reajuste em breve porque as suas posses serão reavaliadas — continuou. — Isso acontece periodicamente e, dependendo do faturamento dos estabelecimentos e da valorização do local das residências, pode aumentar — sorriu. — As casas são localizadas em Seattle, a choperia em Los Angeles e a chocolataria está em Orlando — conferiu com atenção. — Lugares incríveis — elogiou. — Por que tanto susto? Não sabia que o carro era seu? — Riu fraco. — Surpresa do senhor Park?
— Hm... — Engoli em seco, tensa. O meu corpo inteiro tremia. A minha suspeita se confirmava e não poderia ser mais decepcionante e triste. — Há quanto tempo? — Pigarreei para disfarçar a voz falha. — Há quanto tempo tenho todos esses bens?
— A senhora não sabia?
— O meu marido não deu detalhes, quis fazer surpresa sobre... Sobre tudo isso... — Me esforcei para rir fraco, atordoada. O funcionário estava muito confuso agora. — Há quanto tempo?
— Bom... — Remexeu-se na cadeira e olhou para a tela do computador. — Os estabelecimentos e as duas casas foram adquiridos há cerca de um ano e meio — abri a minha boca em espanto, porém logo me recompus. — Todos no mesmo mês — acrescentou e me encarou ainda sorrindo. — O senhor Park fez um grande investimento pra senhora.
— Sim... É verdade... — Sussurrei atônita. — Bem, eu... Preciso ir... — Levantei da cadeira e rapidamente percebi que as minhas pernas estavam bambas. Droga. — Obrigada pelo serviço — sorri fechado e virei as costas para ele. — Tenha um bom dia.
Fechei os olhos, respirei fundo e me dediquei para dar passos firmes até a saída do cartório. E já dentro do carro mais uma vez, entreguei-me ao choro incontrolável. Eu fui completamente usada. Além de tudo, Jisung utilizou o meu nome para lavar dinheiro. É... Lavagem de dinheiro, não havia outra explicação para aquele cenário. O meu nome estava sendo usado como escudo para encobrir um esquema milionário. Meu Deus... Eu nunca tive tantos zeros na minha conta! E não saber de onde veio, como veio e o porquê veio era angustiante. Depois de me acalmar, decidi voltar para casa e compartilhei a notícia constrangedora com a minha mãe. Após uma explosão de fúria, a mais velha finalmente percebeu as minhas lágrimas e me deu o abraço que eu tanto precisava desde que fui ao banco e descobri a pontinha desse problema gigantesco.
— Como está se sentindo agora? — Ela questionou quando nos encontramos na sala. Era noite e eu havia tomado uma decisão importante. — Por que está vestida assim? Vai sair?
— Vou até a casa do Jisung — anunciei. — Preciso falar desse assunto logo. Tenho pressa, principalmente porque o meu nome está sendo usado em um crime — suspirei alto, angustiada. — E se a polícia descobre? Eu serei presa!
— E você não teria como se defender das acusações?
— Não tenho ideia! — Neguei com a cabeça. — Talvez eu possa provar que nunca administrei esses bens e as contas, mas... Enfim... Não quero pensar nisso agora.
— Kevin vai retirar o seu nome dessa sujeirada ou eu vou até lá e juro que serei capaz de agredir um homem debilitado! — Ameaçou com seriedade. — Não estou brincando.
— Eu vou resolver isso, mãe — me aproximei para beijar a sua bochecha. — Fica tranquila e toma o seu remédio daqui a dez minutos, está bom?
— Você está bem pra reencontrar aquele indigesto? — Não pude deixar de rir. — Falo sério, filha.
— Não se preocupe — pisquei o olho e caminhei até a porta. — Eu dou conta.
E enquanto dirigia até a residência, me peguei pensando em como enfrentaria o Kevin novamente. Céus... Era a terceira vez em pouco mais de uma semana. Confesso que apesar de desejar encontrar todos os segredos que me cercam para só então conseguir seguir em frente depressa, o que estou vivendo está sendo muito pesado. Descobri que o meu marido me destratou por meses porque achava que eu era a culpada por perder o meu filho, que ele nunca me respeitou, que já não me amava, que não tinha interesse real em consertar a nossa situação – algo que, sendo sincera, também não me interessava mais e eu não percebi –, que o desgraçado me traiu durante o meu período de luto, que engravidou outra e, agora, que usava o meu nome para desviar dinheiro da empresa que trabalhava. Sim... A teoria de que todos aqueles milhões pertenciam à PLC era a mais forte e coerente. Mas o que fazer diante de tudo isso? Como proceder?
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Impostor | Park Jimin
Fanfiction「 𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐚 」 Eu estava frustrada, infeliz. Nem nos meus piores pesadelos imaginava que passaria por um momento como esse. Fiz inúmeros planos que não se cumpriram ao longo de dois anos completos de casamento e o pontapé inicial para os p...