— Você está estranha desde a conversa que teve com o Samuel — Jisung comentou, analisando-me indiscretamente enquanto comia o seu jantar. Eu estava sem fome e havia terminado a refeição primeiro. — Mal tocou na comida — suspirou. — O médico disse algo sério? Eu tenho alguma sequela?
— Não, você não tem nada — me esforcei para rir fraco. — Está tudo bem contigo.
— Você... — Ainda me analisava. — Você vai ficar comigo em Denver?
— Vou, mas precisarei me dividir entre as duas cidades por causa da minha mãe.
— Compreensível — sorriu largo. — A minha sogra está mais tranquila?
— Está.
— Quer que eu fique calado pra você dormir um pouco? — Nos entreolhamos em silêncio enquanto ele esperava por uma resposta. — Acho que estou sendo inconveniente.
— Não se preocupe com isso — ri de verdade agora, aproximando-me para segurar o seu rosto e beijá-lo brevemente. — Eu vou querer dormir, sim, mas não é porque você está me incomodando. Só estou cansada.
— Perfeito — bebeu alguns goles do seu suco. — Se precisar de algo, estou aqui do seu lado. Descansa, amor.
Direcionei um breve sorriso para o mais velho, que estava mais loiro do que nunca depois de retocar a cor de seus fios, e cobri os meus olhos com uma máscara de dormir. Eu precisava de tranquilidade para relaxar e o ambiente relativamente silencioso me permitia isso, porém os pensamentos envolvendo Jimin não me deram sossego. A curiosidade de saber como estava sendo a vida dele em Portland me consumia, assim como o desejo de encontrá-lo e de ouvir as novidades animadoras saindo da sua própria boca carnuda. O que acontecia comigo? Por que eu quero estar perto ao mesmo tempo em que desejo me distanciar do Park? Me sinto altamente dividida, angustiada e com medo do que pode acontecer daqui para frente. E estou tão confusa e indecisa que sequer consigo organizar as sequências do que penso, avaliar a coerência dos meus desejos e nem descobrir a ação que mais me satisfará neste momento de tamanha instabilidade.
— Estados Unidos! — Jisung disse alto, sorrindo largo ao sair do carro com o apoio de Samuel. — Eu voltei! — Olhou para o céu claro daquela manhã.
— É um prazer recebê-lo, senhor Park! — Noah nos esperava no portão da casa que haviam alugado para que Kevin ficasse confortavelmente hospedado durante os meses de tratamento. — Seja bem-vindo de volta!
— Obrigado, Noah! — Continuou falando alto, feliz. — Podemos entrar? Eu estou ansioso pra conhecer o quarto que vai me abrigar por alguns meses — riu. — Já não aguento mais o clima de hospital.
— Claro! — O rapaz respondeu sorridente. — Fiquem à vontade.
— Vem, amor — segurou a minha mão e eu assumi o controle da cadeira de rodas, guiando-o para dentro da residência. — Que casa linda! — Olhou ao redor. — Não é? — Esticou-se para me encarar.
— Sim, é.
— Quer?
— Como?
— Os investidores estão me devendo alguns favores e eu posso pedir a casa em troca — gargalhou ao ganhar o olhar impaciente de Johannes. — Vocês usaram e abusaram do meu nome! — Voltou a falar alto, divertindo-se. — Eu nem estava aqui pra me defender, pra negar algo, pra aceitar... Fizeram o que quiseram! — Manteve o tom brincalhão e todos nós, os demais que o cercavam, nos entreolhamos. Que situação horrível... Formávamos um grupo corrupto. — Mas devo ser justo e dizer que vocês fizeram bem — riu fraco. — Gostei das decisões que tomaram porque todo o meu esforço não foi perdido. A inauguração foi um sucesso e as torres, o primeiro grande lançamento da minha gestão, continuam com todos os andares ocupados.
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Impostor | Park Jimin
ספרות חובבים「 𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐝𝐚 」 Eu estava frustrada, infeliz. Nem nos meus piores pesadelos imaginava que passaria por um momento como esse. Fiz inúmeros planos que não se cumpriram ao longo de dois anos completos de casamento e o pontapé inicial para os p...