46. A pessoa certa

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— Bom... Eu... Eu estou recebendo um bônus por estar viajando tanto e cuidando de projetos importantes em cidades vizinhas — Jamie comentou. — E já posso dizer que o dono da empresa me conhece porque ele foi até a minha sala só pra elogiar o meu trabalho.

— Hoje?

— Sim — confirmou, movendo a cabeça também. — E ele contou que o cliente fez questão de falar sobre mim.

— Caramba! — Espantei-me. — Parabéns, amor! — Segurei a sua mão, que repousava sobre a mesa, e a apertei. Estávamos sentados frente a frente, jantando no restaurante da minha mãe. — Você merece isso e muito mais!

— O meu objetivo é conquistar um dos cargos de liderança, já que oferecem uma remuneração melhor — entrelaçou os nossos dedos. — Coordenador, quem sabe... — Respirou fundo. — O salário é de tirar o fôlego — nós rimos. — E com todo esse dinheiro vindo pra mim mensalmente, nós dois conseguiríamos nos organizar mais rápido pra comprar uma casa. A minha intenção é somente essa.

— Já temos uma boa quantia guardada — recordei. Havíamos começado a reservar uma parte do nosso dinheiro para o projeto de morar juntos e tudo começou quando voltamos da viagem que fizemos para comemorar o nosso primeiro ano de namoro, há oito meses. Santorini nos inspirou e nos fez ter uma vontade imensa de compartilhar uma casa, então passamos a nos dedicar a isso. — E seria ainda melhor se eu finalmente recebesse aquela promoção na Moser — suspirei. — Barry quer fazer uma reunião com o pessoal do financeiro pra ter certeza de que a empresa consegue suportar todas as promoções dos funcionários que foram destaques em seus setores — observei as nossas mãos unidas e sorri. — Se isso acontecer, nós poderemos começar a procurar um lugar — ergui o olhar para Jimin, que exibia um sorriso tão grande quanto o meu. — Pequeno, tudo bem?

— Pequeno — encolheu os ombros. — É o que a nossa condição financeira permite.

— Aos poucos iremos crescendo, expandindo... — Pisquei o olho e o moreno riu. — Vontade nós temos.

— De sobra — beijou a minha mão. — Iremos construir algo grande juntos.

— Vai fazer a analogia do bloco de concreto de novo? — Pressionei os lábios e o sul-coreano liberou uma breve risada. — Claro... — Suspirei novamente, dessa vez para fingir cansaço. — Devemos posicionar um bloco de cada vez até formar o nosso castelo.

— Exatamente! — Continuou rindo. — Quer um pouco mais de vinho? — Apontou para a minha taça vazia. — Você está com sede hoje.

— Muito trabalho — balancei a cabeça em afirmação assim que Jimin ergueu a garrafa. — Grandes conquistas exigem grandes esforços — repeti a frase dita por ele há algumas semanas. — E eu estou me esforçando bastante.

— Só não se esgote — terminou de me servir. — Não vale a pena e você tem com quem contar — me encarou. — Somos uma dupla, esqueceu? — Voltou a sorrir. — Quando você cansa, eu cubro a sua parte.

— E vice-versa.

— Totalmente — o seu sorriso bem aberto motivou o meu e as minhas bochechas já doíam de tanto sorrir na sua companhia. Jimin aliviava a minha tensão, trazia leveza para a minha vida, era o meu amor. — Ah, a comida está vindo! — Ajeitou o corpo na cadeira e respirou fundo outra vez. — Que fome!

Os nossos pedidos chegaram e nós dois não demoramos nadinha para atacar os pratos, ambos famintos depois de um dia cheio de trabalho. Jimin estava tranquilo, falante e sorridente, porém notei que isso mudou quando nos aproximamos do fim da refeição. De repente Park ficou calado, me observava muito, mexia nos cabelos mais do que o normal, engolia em seco e olhava ao nosso redor repetidas vezes. Até conferi a movimentação do restaurante para tentar localizar algo que justificasse a sua inquietação, mas não percebi nada. Preocupada, perguntei se havia acontecido alguma coisa e escutei uma negação pouco convincente como resposta.

Impostor | Park JiminWhere stories live. Discover now