08. Um novo marido

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Abri os olhos lentamente e encarei o rosto de (s/n) assim que me acostumei com a penumbra da madrugada. Seu rosto ainda estava inchado, mas ela parecia dormir com tranquilidade. Beijei a sua testa e, lentamente, me levantei da cama. Caminhei pelo quarto um pouco às cegas e alcancei o meu celular para digitar uma mensagem para o meu pai, informando que precisávamos conversar no próximo fim de semana. Era madrugada do domingo e eu tinha uma missão bem importante nos próximos dias.

— Espero que o assunto seja muito sério pra você me ligar às quatro da manhã de um domingo — a voz desconhecida por mim ecoou grossa do outro lado da linha.

— Namjoon, sou eu — falei enquanto colocava a camiseta. Não tive tempo de maquiar a tatuagem. — O Kevin.

— Isso eu já sei, Park. O que você quer?

— Como você tem uma imobiliária e eu estou precisando de uma empresa especializada em mudanças, acho que você pode me indicar uma que faça o serviço agora.

— Agora? — Praticamente gritou. — De madrugada?

— Tem que ser agora.

— Por quê?

— Assunto pessoal — falei com seriedade e ele riu. — O que foi?

— Vocês finalmente se separaram?

— Como assim "finalmente"?

— (s/n) percebeu que você é um merda e te deu um pé na bunda? — Riu. — Nossa! Se ela fez isso, eu vou aplaudi-la pelo resto da vida.

— Está falando isso porque tem interesse nela — falei rápido enquanto apertava o aparelho na mão. Mantenha a calma, Jimin. — Eu nunca falei nada, mas sei disso perfeitamente porque não sou burro.

— Uau! Resolveu encarar os fatos?

— Você já sabe que o que aconteceu com a sua namorada foi um mal-entendido e não tem motivos pra continuar com essa merda — falei mais alto. — Eu amo muito a minha mulher e jamais a trairia — ele riu soprado. — Agora seja um homem de verdade e pare de se insinuar pra ela. (s/n) não tem interesse em você e não pode ser desrespeitada dessa forma. Se eu vir você a encarando de maneira ofensiva, garanto que acabo contigo. Não importa onde estejamos.

— Kevin, Kevin... — ele pareceu surpreso. O silêncio preencheu a ligação. — Eu tenho um amigo que possui uma empresa que faz mudança o dia inteiro. Vou falar com ele — mudou de assunto e eu sorri vitorioso. É assim que Park Jimin resolve os problemas com os adversários.

— Quero o pessoal dessa empresa aqui em casa até as quatro e meia — falei antes de desligar a ligação.

Saí do meu escritório sorridente, sem conseguir esconder a felicidade por ter defendido a (s/n) de alguém sórdido. Eu já podia imaginar que ela conseguia se esquivar bem de suas investidas, mas agora isso iria cessar de vez. Nenhuma mulher merece um idiota a cercando. Fui até a cozinha e, completamente à vontade, peguei uma garrafa de vinho pela metade. Me servi com uma taça e sentei em uma das cadeiras da mesa de jantar, aproveitando o tempo sozinho para mandar uma mensagem para Samuel. Queria informações sobre o Jisung.

— Olá, eu sou Kevin Park — apertei a mão do funcionário da empresa de mudanças. Assim que ouvi o barulho do caminhão se aproximando, corri até a porta principal da casa após liberar a entrada deles pelo portão. — Quero que retirem tudo o que estiver naquele quarto. Não deixem nem um quadrinho sequer.

Antes de tomar essa decisão, eu havia entrado naquele quarto infantil já quase descaracterizado e chorei como um bebê. Era para o meu sobrinho estar dormindo ali agora. Se estar ali era doloroso para mim, não quero nem imaginar o que (s/a) sentia sempre que apenas passava pela porta. Eu liguei para a "minha sogra" assim que a mais nova adormeceu e tive a autorização para esvaziar o quarto, além de descobrir que (s/n) também queria se desfazer de tudo. Eu sabia que o ideal era que ela participasse desse processo, mas (s/a) já sofreu demais. Já chega. É a minha hora de agir.

Impostor | Park JiminWhere stories live. Discover now