|Late Night Theories|

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|Collins|

"Obrigada por me receber, Liam. Não queria dar trabalho." Digo ao sentar na cama, após colocar o celular para carregar.

Não sei se é uma boa ideia checar as redes sociais antes de dormir, especialmente depois de tanto tempo longe delas, mas gosto de manter como opção a uma eventual insônia.

"Não seja boba, garota, não é incômodo algum." Ele senta-se na beirada da cama com uma expressão compreensível. "Ainda acho que você ficaria mais confortável na casa dos meus pais, mas..."

"Eu realmente preciso de um tempo pra pensar." Complemento. "Sei que tive um longo período enjaulada, mas eu não sabia o que sei agora. Preciso absorver tudo o que aconteceu, e não posso fazer isso ao lado da minha avó." E mesmo assim não deixo de querer estar junto a ela.

"Você não acha que seria bom enfrentarem essas dores juntas?"

"Era o que eu imaginava, mas uma conversa com ela foi suficiente para entender que são dores diferentes. Ela sempre soube que o filho havia sido assassinado, só não sabia por quem. E agora sabe. Mas sou eu quem tem uma ligação com o assassino, com a testemunha e com o Exército. Para minha vó esse é um desfecho. Pra mim é como a abertura de uma ferida que nunca havia cicatrizado, mas que machucava cada vez menos. Não tô dizendo que minha dor é maior, só que tem um significado diferente, e não quero contagiá-la com o amargor da minha. Preciso entender o que estou sentindo antes de pegar sua mão para enfrentarmos isso juntas. Você entende?"

"Entendo, e acho que tem razão. Não há por que apressar as coisas. Ela está sendo bem cuidada na casa dos meus pais e os dois a amaram, e você pode visitá-la usando quiser."

"Não há motivos para pressa a não ser o fato de que estou sendo deportada, né?" Recordo com desânimo.

"Eu quis dizer que você tem alguns dias, provavelmente semanas. Digo, o advogado não te orientou a permanecer na cidade?"

"É, mas só para alguns procedimentos de prosseguimento do julgamento e para tratar do pedido de retratação sobre meu pai. Depois eu volto para o Arizona com um prazo para deixar o país."

"Talvez haja uma saída prática, uma brecha na determinação do juíz." Liam diz esperançoso, mas sem tanta convicção.

"É, talvez." Suspiro. "Mas não estou com cabeça para pensar nisso agora. Por enquanto só quero desfrutar um pouco mais de uma cama de verdade."

"Mais que justo". Ele sorri. "Vou te deixar descansar. Qualquer coisa, pode me chamar. Seja pra pegar algo pra você ou pra dormir de conchinha."

"Você não presta, garoto."

"Como sabe se nunca experimentou?" Um sorriso travesso cruza seu rosto.

"Ah, cala a boca." Sorrio enquanto arremesso uma almofada contra ele, que fecha a porta rapidamente para se proteger.

"Bons sonhos, Vale." Ele grita do lado de fora.

*

Infelizmente sonhos foram tudo o que não tive. O relógio na escrivaninha do quarto de hóspedes de Liam indica que não se passaram mais do que vinte minutos desde que peguei no sono, mas a sensação é de que estive por uma eternidade presa nos pesadelos dos quais acabei de acordar.

Mesmo acordada, algumas das imagens continuam a me atormentar. Estive revivendo a noite em que meu pai foi assassinado, mas desta vez eu e Zayn éramos adultos. No pesadelo ele me afastava da casa em chamas, mas quando estávamos longe o suficiente, Tanner surgia bem à minha frente, exigindo que me curvasse diante dele.

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