|Over and out!|

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{Nunca mais pedi pra comentarem, mas um incentivozinho até que cairia bem... #deixeinoar}


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|Styles|

Não foi difícil entrar no hotel. Se levantei quaisquer suspeitas, os funcionários não demonstraram, mas duvido que seja o caso, visto que realmente dei o meu melhor.

Mesmo conhecendo o básico do básico do dialeto local, fiz o máximo para parecer um turista completamente perdido que só está aqui por ossos do ofício. Fiquei com um pouco de dó dos funcionários que tentavam entender o que eu queria, mas foi um mal necessário. Além disso, a dificuldade de comunicação fez com que eles fizessem menos perguntas e fossem direto ao que interessa: mostrar que posso arcar financeiramente com a hospedagem, que, diga-se de passagem, tem taxas não muito econômicas.

O quarto em que fui alocado é espaçoso, bem mobiliado e possui na porta uma insígnia que descubro com auxílio da internet se tratar de uma identificação para estrangeiros. Clico em um link para entender quais as diferenças entre os apartamentos para estrangeiros e aqueles para os locais, mas a página é basicamente uma passagem direta para um mural de propagandas, que provavelmente só foi criada com essa finalidade, deduzindo que o assunto atrairia certa atenção.

Deixo a curiosidade de lado e caminho pelo quarto tentando achar lugares onde poderei esconder as armas que trouxe nos fundos falsos de minha mala. Encontro espaço debaixo da cama e sobre o painel. Abro uma gaveta e noto que não está vazia como imaginei: há preservativos. Parece que encontrei uma diferença existente nos quartos para estrangeiros. Dou uma checada na data de fabricação e é recente, imagino que talvez a minha chegada tenha criado expectativas que não serei capaz de atender, e quase sorrio com o pensamento, mas analisando mais um pouco, enxergo nisso algo a mais.

Os grupos terroristas não costumam apoiar a contracepção. Talvez seja um indício - um tanto quanto inusitado, eu confesso - de que a administração do hotel não seja comandada em todo por terroristas. E se isso for verdade, é bem provável que o fato de estarem utilizando as dependências do empreendimento seja reflexo de ameaças. Mesmo sem ter uma confirmação, preciso tomar um pouco mais de cuidado com as pessoas que trabalham aqui. Adiciono isso à lista de coisas com as quais preciso me preocupar duplamente.

Assim que tudo está devidamente guardado, pego meu celular e confiro se há algum SMS da equipe, uma decisão que tomamos por não sabermos se teríamos sinal de internet por aqui. A última que recebi possui em anexo uma foto do filho de Khadja, que foi enviada por Collins para todos os envolvidos na missão para que saibamos quem devemos nos esforçar para salvar. Ao notar a hora, deduzo que Collins e Malik devem estar perto de chegar, portanto preciso estar próximo à recepção, onde também poderei dar uma checada no movimento.

Acomodo-me em uma das poltronas do lobby ao lado da recepção e começo a ler o livro que trouxe comigo para não parecer um tolo tentando ler o jornal local. Obviamente não consigo me concentrar na leitura, mas faço o possível para demonstrar o inverso para os funcionários. Agora consigo notar melhor como eles parecem agitados e um tanto inseguros, com mãos e olhos inquietos. E não conseguem esconder quando engolem em seco assim que um homem chega para fazer o check-in. A conversa que se sucede é baixa, mas não é tão difícil deduzir que aquele é um dos homens recrutados, ele não olha diretamente para as pessoas à sua frente, movimenta-se pouco e parece falar menos ainda. A expressão do recepcionista também não é das mais discretas. Não consigo saber a numeração, mas vejo que ele lhe dá uma das primeiras chaves, diferentemente do que fez comigo, que fui acomodado no segundo andar. Deve ser uma medida para evitar que estrangeiros e locais se cruzem pelo corredor.

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