Mais uma bomba. A terceira em meia hora. Nenhuma de grande periculosidade, mas ainda assim, destrutivas. Minha audição já apresenta um certo dano momentâneo, mas ao menos cumprimos nossa missão. Aparentemente conseguimos evacuar o pequeno vilarejo a tempo, ainda que nada esteja confirmado. De fato, nada nunca está. Assim como não está tudo bem até termos certeza de que todos estão vivos, e pelo que percebi, raramente saem todos ilesos.
Estamos no século XXI, quando não há a nomeação de nenhuma grande guerra, mas o fato de algo não ser divulgado, não quer dizer que não exista. Todos os dias há centenas de conflitos acontecendo em diferentes partes do mundo, onde soldados, crianças e muitas outras pessoas morrem. E apenas me resta torcer para não ser a próxima.
Caminho entre as pessoas, que estão encolhidas em seus cantos, recebendo alimentação adequada, ainda que estejam assustadas demais para ter êxito em qualquer que seja a ação. Apresso meus passos após olhar as horas em um velho relógio no canto do enorme galpão onde estamos. Partirei ainda hoje de volta aos Estados Unidos. Dizem que eu e meu pelotão estaremos voltando para mais um treinamento. De fato, eles parecem nunca cessarem. Apenas me pergunto se algum treinamento físico me tornará mais forte e preparada do que ver as expressões de pavor no rosto de todas essas crianças enquanto bombas destroem o que elas conheciam como casa. Não creio que seja possível.
"Hey! Você é uma menina!" Ouço alguém dizer, e olho para baixo, encontrando uma menininha olhando para mim. Seus traços não negam que ela é uma nativa da região. Agacho-me para ficar na mesma altura que ela.
"Sim. Foi o que me disseram." Sorrio-lhe, e ela retribui.
"Mas, como você tá no Exército? Eles sabem que você é menina?" Ela sussurra a última parte, como se não quisesse que descobrissem meu segredo.
"Ah, eles sabem, sim. Não é o mais comum, mas não é impossível uma garota entrar para o Exército."
"E quantos anos você tem?" ela pergunta com um brilho nos olhos.
"Dezenove. E você?"
"Sete. Meu nome é Ivvie. E o seu?"
"Valerie. Mas, faz algum tempo que não me chamam de nada além de Soldado Collins."
"Eu não gostaria. Quer dizer, Valerie é um nome muito bonito, não deveria ser ignorado."
"É, pode ser. Eu tenho que ir agora, Ivvie. Mas, muitos de nós ficarão aqui e cuidarão de você e dos outros do vilarejo. Ficará tudo bem." Digo, levantando-me.
"Eu sei que ficará, Valerie." Ela sorri. "Para onde você vai?"
"Para um treinamento nos Estados Unidos."
"Você é tão nova. Por que treinar no Exército ao invés de se divertir?"
"Às vezes nós só temos uma saída, Ivvie."
"Você sabe como vai ser nesse treinamento e depois dele?"
"Não. Eu não faço a mínima ideia, pequena." E isso me apavora.
***AVISO: A história contém representações gráficas de violência, sexualidade, linguagem forte, e/ou outros temas adultos.
Apesar de muitos fatos em relação à rotina, hierarquia e mais alguns detalhes do Exército Americano, serem fundamentados na verdade, como resultado de pesquisa, os eventos não devem ser associados à realidade. Esta é uma história fictícia.
ESTÁ A LER
|SOLDIERS|
FanfictionMais do que a única mulher em seu pelotão, a soldada Collins carrega alguns segredos consigo; e mistérios sempre chamaram a atenção do sargento Styles. O amor nunca é fácil, especialmente quando seu cenário é um mundo de violência.