thirty eight

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Camila Cabello P.O.V

– Precisava disso tudo, caralho? – Gritei com o moreno a minha frente. Ele tinha uma expressão de confusão no rosto, e as mãos completamente ensanguentadas. – Você não pensa nas merdas que você faz?

Gritei com as mãos na cabeça. Ele pode ter se metido numa merda muito grande. Se ele acha que é tudo tão fácil assim, que estamos em um filme clichê de romance, onde os mocinhos sempre salvam as mocinhas, ele está errado. Aqui é vida real. Aqui é a América Latina.

– Como assim? Eu só estava tentando... tentando te proteger! – Ele franziu o cenho, conseguindo apoio para se levantar.

Ele realmente deve achar que ele é um príncipe em cima de um cavalo branco. Soltei uma risada debochada.

– Eu sei me defender sozinha, porra!

– Eu sei, eu sei, Camila! Mas a idéia de ver aquele babaca machucando você me irritou, okay? – Ele cerrou o maxilar, parecendo estar perdendo a paciência.

Eu entendo, eu realmente entendo que ele só quer me proteger, que só quer me ver bem e blá blá blá, porém, porra, ele já deve me conhecer tempo o suficiente para saber que eu não sou nenhuma mocinha indefesa.

– Peter, você pode ter se envolvido com gente errada, você está entendo? Nem tudo é igual ao seu mundinho americano de contos de fadas, caralho! Você tem noção que provavelmente já estão cavando nossa cova? Aqui tem gente perigosa, e eu digo perigosa de verdade, ainda mais nesse tipo de lugar que a gente está. – Suspirei alto, tentando me acalmar um pouco, diante do moreno, que tinha as bochechas avermelhadas e os olhos arregalados, talvez de surpresa. – Eu te trouxe aqui para a gente se divertir e aproveitarmos nosso último dia de viagem, mas você tinha que ir e estragar tudo!

Ele suspirou, massageando as têmporas.

– Okay, okay, eu errei, tá? Você está certa. Eu sei. – Ele pareceu ceder, não querendo discutir. Ele sabe que não importa a situação, que no final eu sempre vou estar certa  – Não fica brava comigo, eu só... – Ele respira fundo e se aproxima, tentando me tocar. Desviei das suas mãos ensanguentadas, e então, ele suspira. – Você tá com fome?

Franzi o cenho, juntando meus braços em volta do meu corpo, os mantendo cruzados. Ele acha que vai me acalmar me dando comida?

– E isso é hora de perguntar se eu estou com fome, Ryan? - Por uma fração de segundos, consegui captar a expressão de confusão se estampar em seu rosto, e logo foi desfeita, e seus lábios repuxaram em um sorriso ladino.

Estranhei um pouco, mais resolvi ignorar.

– A gente ainda pode salvar a noite, Karla. – Seu sorriso se abre por completo, mostrando seu sorriso branco e seus dentes perfeitamente alinhados. – Olha, me diz um restaurante que você gosta, que tenha sei lá, karaokê ou algo que a gente possa se divertir, e eu prometo que salvo a noite, okay?

Pois ele está certíssimo. Ele realmente sabe como acalmar meus nervos.

– Tá, tá bom. – Suspiro sem paciência, sentindo minha barriga roncar de fome. Não jantei, e nesse momento, só havia raiva e tequila no meu estômago. Procuro com os olhos o táxi, que não estava em lugar nenhum. – Merda... O senhor Carlos não está mais aqui, e agora? Como vamos voltar? – Passei as mãos pelos meus cabelos levemente bagunçados e deixei o ar sair dos meus pulmões quando senti meu couro cabeludo dolorido.

Observei o rosto de Peter se curvar em uma expressão maliciosa.

– Bem, já que ele não está mais aqui, isso quer dizer que a gente pode ir pra onde a gente quiser, não é? – Revirei os olhos, vendo ele apoiar as mãos na cintura. Segurei em seu braço e comecei a puxar ele, para sairmos daquele local.

Particular Taste • HIATUSWhere stories live. Discover now