fifteen

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Era uma segunda feira e bem, eu tinha uma faculdade para ir.
Toda aquela situação do fim de semana me deixou meio doente. Eu geralmente sou bem sensível a essas coisas, então qualquer estresse já pode me deixar de cama.

E dessa vez não foi diferente.
Eu tive até febre!
Mais não tem jeito, eu realmente tenho que ir, eu vou entrar em semana de avaliações e eu não posso perder aulas, minhas notas já não são lá aquelas coisas, e eu não posso reprovar, Deus que me livre.

Levantei da minha cama me rastejando e me assustei quando vi alguém sentado na minha poltrona. Peguei meu celular em cima da cabeceira e acendi a lanterna levantando com a intenção de caminhar até o indivíduo sem tropeçar, pois o quarto estava completamente escuro, pelas janelas fechadas.

Assim que eu apontei a lanterna apara a poltrona, eu dei um pulo de susto.
O que caralhos ele estava fazendo aqui e como ele conseguiu entrar?

Eu, ainda assustada, observei ele levantar e caminhar até mim. Ele estava vestido todo de preto e sua feição não parecia nada boa. Ele ficou colado a mim apenas me olhando. Era tão bom estar perto dele, sentir ele na minha presença. Eu toquei eu seu peito e o olhei, abrindo um sorriso.

Ele também sorriu, levou a mão até o meu pescoço com os dedos por dentro dos meus cabelos e acariciou o meu rosto com o seu polegar. Eu sentia todo o amor que ele transmitia, todo o carinho. Ele parecia realmente me amar, e isso estava grudando em mim.

Eu sentia, meu coração, agarrando, agarrando o coração dele. E essa sensação era a melhor que eu já havia sentido.

Porém, de repente, seus olhos ficaram vermelhos.
Seus olhos, de carinhosos e aconchegantes passaram a parecer agoniantes, cheios de dor.

Assim que ele abriu a boca, saiu um som macabro dela. Eu sentia meus ouvidos doerem, eles doíam tanto que era impossível ouvir algo.
Ele parecia estar falando algo para mim e eu não conseguia entender, sua voz estava me fazendo sentir dores. Pareciam várias pessoas gritando ao mesmo tempo.
Várias emoções, várias situações, várias dores, vários sentimentos, vários pensamentos... Tudo em um grito. Eu sentia diversas dores, principalmente nas costas e no peito, eu sentia queimar.

Mais do nada, ele parou e eu vi seus olhos voltarem ao normal.
Eu também vi ele cair no chão, começar a chorar, parecia um choro de bebê e carregado de dor. Eu sentia tudo. todo o sofrimento, toda a dor que ele sentia. a sensação era de que meu coração estava sendo esmagado.

Eu caí no chão, pois não aguentava ficar em pé por tamanha dor. Eu comecei a chorar na mesma intensidade que ele. Eu sentia tudo e qualquer tipo de confusão. Eu sentia confusões, tristezas. Eu me sentia sozinha, abandonada, triste, decepcionada...
Eu comecei a sufocar, a sensação era tão agoniante, tão desesperadora, tão... eu não sabia decifrar. E o pior, era o sentimento de...

Culpa.

A culpa era tão grande, e minha cabeça nem ao menos conseguia formular o o que estava acontecendo.

E nossas lágrimas alagaram o meu quarto e eu fiquei desesperada, eu não sabia nadar e a água estava no meu pescoço.

Eu estava agoniada e me debatendo, fiquei com mais medo ainda quando ele se aproximou de mim e afundou a minha cabeça em nossas lágrimas.

°°°°
Me acordei num sobressalto tossindo muito e a sensação era que eu havia voltado a respirar.
Eu estava muito assustada, olhando de um lado pro outro, eu não conseguia parar de tossir e muito menos de chorar.

Porque eu havia sonhado com ele? E logo desse jeito?

- O que aconteceu, Camz? - Ouvi a voz sonolenta de Diana me questionar após entrar no meu quarto. Provavelmente ela me ouviu gritar. Hoje era domingo, já havia se passado uma semana do ocorrido. E minha semana foi repleta de sonhos estranhos e indecifráveis.

Particular Taste • HIATUSWhere stories live. Discover now