thirty two

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Ele me puxou contra si.

Estávamos nus, suados e ofegantes.

Nos encaramos e de repente, começamos a rir.

– Essa merda deveria durar apenas uma noite, certo?

– Certo. Era para ser uma noite. – Ri contra seu peito e ele me beijou na testa.

– Você acha que seus pais estão acordados? – Assenti. – Eu acho que um dia seu pai ainda vai me matar.

– Não vai. Ele só não está acostumado. Vai passar. – Suspirei.

– Nós precisamos conversar, você não acha? – Ele acariciou minhas costas e eu concordei, suspirando.

Eu não me sinto confortável.

– Você não se sente confortável em falar diretamente, hum? – Concordei novamente. Realmente, ele me conhece. – Então nós podemos fazer de outro jeito. – Ele levantou, vestiu uma cueca e caminhou até a minha cômoda. E então, pegou um caderninho que eu sempre levava comigo. – Lembra que eu te disse que sempre que sentisse algo, você podia escrever e colocar tudo no papel? – Assenti. – Faça isso. Não precisa me contar. Eu não falarei nada. Escreverei de volta e então queimaremos os papéis, se você quiser. Apenas liberte isso de você e o mate.

Sorri e respirei fundo. Faria isso.

– Então venha, vamos subir no seu telhado como nos velhos tempos. Venha. – Ele caçou sua camisa e me entregou. A vesti junto com minha calcinha e então, ele pegou em minha mão e nos guiou para a minha janela.

Em poucos segundos, estávamos sentados debaixo do céu limpo e estrelado. Ele me entregou o bloco de notas.

Primeiramente, eu não sabia o que escrever. Eu o contaria sobre Austin? Eu sei que essa seria uma bela oportunidade, mas, não agora. Eu não posso fazer isso agora. Eu não posso acabar com a viajem.

"Foi o meu ex namorado. De uma hora para outra, todas as suas palavras sujas vieram a minha cabeça. De repente, eu senti seus toques podres e brutos sobre mim. De repente, eu ouvi todas as suas palavras sujas e seus xingamentos. Lembrei das suas palavras "Vadia, eu vou matar você, sem pena." De repente, eu lembrei que nunca poderia ser amada por ninguém além dele. Ele me fez acreditar nisso. Na real, eu acho que é verdade. Eu não sei se alguém poderia me amar. Eu não sei se alguém poderia amar todos os meus defeitos, todas as minhas falhas. Eu não sei se alguém poderia me amar além de qualquer situação. Eu me sinto fraca. Impotente. Insuficiente. Eu sou isso tudo. Ele me fez acreditar que eu sou dependente das migalhas dele. Eu acho que, uma hora ou outra, as pessoas vão embora e vão me deixar sozinha. Esse é o meu maior medo de todos. Ficar sozinha, sem ninguém, completamente abandonada. Eu tenho medo de não ter alguém para me acalmar em dias de tempestades. Eu tenho medo de não ter ninguém para me acolher enquanto estou no escuro. Eu tenho medo de não ter alguém para me aquecer nos dias frios ou para cuidar de mim enquanto eu estiver doente. Eu tenho medo, medo de tudo, o tempo todo. Por isso, Peter. Por isso eu quero apenas sua amizade.

Eu não quero te arrastar para o meu caos."

O entreguei o caderno. Como ele prometeu, ficou em silêncio, lendo o texto atento. Confesso, eu estou com medo.

Então, ele virou as páginas e começou a escrever. Fiquei em silêncio o tempo todo, olhando o céu estrelado e sentindo a brisa bater contra minha pele e bagunçar meus cabelos lisos e compridos.

Em algum tempo, ele me devolveu o pequeno caderno, e eu respirei fundo antes de começar a ler.

"Queria te dizer que esse cara é um idiota.

Particular Taste • HIATUSDove le storie prendono vita. Scoprilo ora