PARTE XVIII

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Atividade, whisky, grama no pescoço.

Acordei no domingo, tava meio sol meio nublado, levantei abrindo as cortinas do quarto.

Provavelmente não visitaria meus pais, já era de tarde e essa hora eles já teriam almoçado.

Calcei o chinelo e desci pra cozinha, abri a geladeira e fritei ovos. De novo, café da manhã às três da tarde, só pra não perder o costume. Se minha mãe tivesse aqui provavelmente reclamaria, rs.

Depois tomei um banho geladinho, ouvindo um rap, coloquei um short e uma camisa larga. Hoje eu me sinto tão bem, acordei com o Sol me dando bom dia e fazendo a sua presença.

Vou pra Itaquatiara, praiana lá sempre tem.

Peguei o carro e levei o Bob comigo.

Liguei o som num rap do Oriente, bem alto, o Bob colocava a cabeça pra fora e chamávamos atenção onde passavamos. Que dia!

Estacionei o carro, o Bob era ensinado não precisava de coleira, me obedecia sempre.

Atravessamos a rua juntos, ele viu a areia e ficou doido, pulava e corria pra todo lado. Eu tirei o boné, passei a mão no cabelo, sorri e abri os braços, sentindo a brisa. Pisei na areia que me trazia lembranças, deletei na hora.

Fui andando mais pra frente, aluguei uma cadeira e me sentei, fiquei fritando no sol enquanto o Bob se molhava na beirada do mar junto com algumas crianças. Tinha um guarda-sol pro Bob, caso ele quisesse deitar na areia.

Fechei os olhos e adormeci devagarzin.

- Essa mina é um crime, olhar sublime, ela quer que eu rime, modelo de vitrini, essa noite tu define... - abri os olhos devagar, como era sol não vi quem era, a sombra era de um magro com as mãos no bolso.

Eu levantei a cabeça, olhei de cima a baixo, tirei os óculos. Filmei de perto e não reconheci, sendo assim não respondi.

- Nem me reconhece mais.

- Se eu não te reconheço é por que você nunca fez parte da minha história. - sorri ironicamente.

- Que pena... Me lembro cada detalhe de você. - me levantei da cadeira.

- Como que vai ser? Vai continuar me enchendo o saco? - me aproximei com as mãos na cintura, atitude total.

- Até você enjoar... - e foi quando eu vi aqueles olhos brilhosos que me fizeram sorrir nos meus 16 anos.

Eu nem consegui respirar direito, me veio uma tosse ardida sem fim.

- O que você tá fazendo aqui? - falei brava, claro. Pela situação dele ter sumido e quando aparece vem com cantadas baratas.

- Eu voltei. - e sorriu.

- Babaca! - soquei o peito dele. Assoviei pro Bob, peguei minhas roupas, embolando tudo no braço e fui andando igual uma maluca pro carro.

- Ana? Ana? - ele vinha atrás de mim, mantendo-se sereno, como sempre.

Bob vinha atrás de mim, correndo no mesmo ritmo que eu, atravessei a rua correndo, num desespero sem fim. Daniel segurou meu braço e me puxou.

- Me larga. Você ainda tem coragem de aparecer? Se eu fosse você tinha ficado onde estava. - dei dedo do meio, abri a porta e o Bob entrou.

Daniel não disse nada, apenas me deixou partir, mal sabe ele que o que eu mais queria era que ele me fizesse ficar.

Fui pra casa em alta velocidade, quanto mais rápido melhor.

Estacionei na garagem e fiquei parada no tempo, por bastante tempo, só me dei conta que eu ainda estava viva quando Bob latiu tão alto que me despertou.

Abri a porta ele saiu e eu também. Ainda de biquíni e meio molhada, fui entrando em casa mesmo assim, joguei a roupa embolada no cesto.

Sentei no sofá e afundei a cabeça na almofada. E só conseguia xingá-lo nos meus pensamentos.

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Dormi ali mesmo, totalmente jogada no sofá, acordei num susto, ouvindo alguém bater no portão. Olhei pela janela, era a Clara. Fui abrir.

- Mana...hoje ainda é dia de glória! - ele disse rindo e entrando.

- Dia de glória? Você vai ver o que eu tenho pra te contar. - eu disse passando o trinco no portão e entrando atrás dela.

- Me conta... - ela se jogou no meu sofá e reclamou de estar molhado. Aliás, eu ainda estava de biquíni.

- Você não sabe quem eu vi hoje.

- Quem? - ela foi pra cozinha encheu um copo de água e deu um gole.

- Daniel. - ela começou a engasgar com a água e eu comecei a rir. - Clara, levanta as mãos pro céu! - e fui ajudar ela a desengasgar.

- Tá de sacanagem? - falou com a voz mais seca do mundo.

- Antes fosse...

- Puta que pariu. Eu não acredito que ele teve a coragem de te procurar!

- Olha... Eu não sei o que fazer, me sinto uma idiota agora.

- Quer saber? Se arruma e vamos botecar cara... Hoje é domingão, não deixa nada estragar seu dia.

- Minha noite... Né? - eu ri e concordei em sair.

- Vou te esperar lá às onze em ponto ein, safada. - concordei e gargalhei.

Ela saiu e eu só pude ouvir o barulho da moto acelerando.

- Preciso dormir... - sussurrei.

Sai pro quintal e dei comida ao Bob e água, deixei ele solto, entrei pro banheiro e tomei um banho daqueles. Fiz prancha no cabelo, me perfumei e me maquiei, escolhi um short jeans, minha botinha e uma camisa preta tomara que caia.

Mandei uma SMS pra Clara.

Lembrando, não posso madrugar. Amanhã pego às sete no trampo, tchau! to ai. BJ

Ela não respondeu, mas sem problemas, esperei dar onze horas pra sair de casa.

Peguei as chaves, dinheiro e o celular.

Tirei o carro da garagem e fui em direção do mesmo bar de sexta.

Nota: terá a PARTE XVIII 2.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora