PARTE VIII

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Afinal, toda dama se amarra num vagabundo!

- Você tem que parar de fazer isso... - sussurrei perto de seu ouvido e pude ver bem de perto ele sorrir. - E esse seu sorriso que todo dia explode minha mente... Adoro! - sorri também.

- Você me dropa e ainda reclama... - riu em seguida.

- Olha, eu não sei como você consegue. - ergui uma das sobrancelhas e o encarei.

- Você que deixa. - colocou total culpa em mim e o silêncio se fez presente.
- Do que você mais gosta? - perguntou, mudando de assunto.

- Ahhhhhh, para. - reclamei. Tudo o que eu gosto se defini em comida.
- De açaí. - mexi os ombros.

- Não, perguntei errado. - fez um grunhido.
- De que frase você mais gosta? O que te define?

Lá estávamos nós, com poucas roupas e definitivamente despidos de alma também.

- "Não importa onde estamos, nossa mente é nosso lar." - olhei pra ele - Essa frase me faz refletir bastante.

- Nossa, me fez refletir também. - colocou-se a pensar e ficamos mais alguns segundos em repleto silencio.
- Arrumei uma nova...

- Hum, solta aí!

- Na pista discreta e ponto, flutua como uma dama mas se solta na hora certa quando deita na minha cama... Nessas horas que eu afirmo...

- Afirma? - demonstrei ansiedade.

- Nessas horas que eu afirmo, vagabundo também ama. - os olhos dele brilharam tanto que pareciam estrelas cadentes.
- Deixa o relógio correr, daqui a pouco o sol vai nascer... Foda-se o mundo lá fora! Eu, você e o colchão. - eu agarrei o rosto dele e o beijei novamente, atrapalhando e cortando todo o assunto. Cobrindo com um beijo carimbado!

Deviam ser 4 da manhã.
E eu comecei tudo de novo, acendeu um fogo que não me acalmou. Eu não sabia nada sobre ele e nem ele nada sobre mim, mas parecíamos ter uma conexão sem fim. Eu terminei de tirar a roupa dele e transformei a noite num cabaré.
Dancei e fiz stripper pra ele, tornei tudo um espetáculo, até que meu celular tocou. Eu não podia deixar de atender.

- Alô? - fiz "xiu" pro Daniel.

- Ana? Cadê você filha? Seu quarto esta aberto e você não tá aqui. - olhei a hora e pensei "qual desculpa inventar?"

- Não cheguei em casa ainda. Diz que tô na Clara, beijos... Amo você. - e desliguei imediatamente.

Daniel me olhou. Pareceu me analisar e queria entender o motivo daquela desculpa.

- Eu queria conhecer seus pais. - cruzou as mãos por trás da cabeça.

- Mas... Sério? - olhei espantada.

- Claro. Ou você prefere que não? - pensei seriamente no assunto mas teria que responder de forma imediata.

- Imagina, acho legal... Bom. - ajoelhei na cama, ainda estava de calcinha e sutiã.

- Mas então, pensa nisso depois. - ele aumentou o som, tocava uma sequência épica de Cartel MCs e eu me apaixonava por ele fácil fácil.

Fique de pé na cama e voltei a dançar como antes. Tomei conta do corpo dele intensamente, analisando as curvas, o volume e as tatuagens.
Beijei sua barriga, descia e subia, fazia provocações mas no final eu que pedia pra parar. Ele me tinha na palma da mão, pela primeira vez.
E o Sol nasceu, fiz amor, no segundo andar, admirando toda aquela visão magnífica de tudo ao mesmo tempo.
Passamos bastante tempo nas cenas censuradas depois de 00:00, imaginem... Posições, gemidos, puxões de cabelo, mordidas, chupões e tapas. Lembro-me de tudo, exatamente tudo, todo detalhe minucioso.

Depois de dormir nos braços dele (de novo) acordei por volta de dez da manhã. Do nada, o tempo ficou chuvoso e nublado.
Levantei devagar, vesti uma camisa larga e branca do Daniel, sentei na poltrona ao lado da enorme janela, abraçada comigo mesma observava o tempo lá fora. Um frio gostoso que eu não queria nunca sair dos braços do Daniel, me senti na necessidade de passar o dia com ele.
Trovões caiam na Terra e cada flash de luz eu voltava no tempo. Ao mesmo tempo que admirava a natureza, observava Daniel deitado, de um jeito espetacular e meigo.
E aí, Ana. Ele é um mistério... Tá disposta a desvendar?

- Ana? - ouvi ronronar vagarosamente.

- Sim...? - aconchegada na poltrona, apenas virei a cabeça pra ele.

- Feliz aniversário. - ele sorriu lindamente e eu também. - Eu gosto muito de você, tomara que seus sonhos deem certo.

Fiz um biquinho de carência, ele se levantou devagar, vestido apenas de samba-canção e se sentou do meu lado, me espremendo no cantinho da poltrona.

- Achei que já tivesse me deixado... Gostei de ver o seu rosto pela primeira vez ao acordar e espero que seja assim daqui pra frente.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora