PARTE V

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E foi só observar um idiota pra ter certeza de que todos são.

E foi foda. Showzin bom demais. Encontrava-me na pista, descabelada, dançando sem fim. Enquanto tocava uma eletrônica no fundo.
Clara aproveitou que era Open bar e bebeu todas e, além disso, beijou todos!
Ouvi alguém chamar meu nome bem de perto, então me virei e não tinha ninguém. Achei que já estava bêbada ou talvez minha imaginação tinha ido longe demais.
Uma mão quente encostou na minha.

- Oi... - me virei e era um carinha loiro, fortinho e alto.

- Fala aí! - e dei meu sorriso estratégico de guerra, mas foi desanimador. Talvez eu esperasse outra pessoa!

- Você é linda... Dançando aqui sozinha, impossível. - definitivamente ele estava dando em cima de mim.

- Pior que tô, meu. E assim, não me leve a mal, mas hoje tô sem compromisso. - e vi a sobrancelha dele se curvar.

- Tá, me desculpa. - e o cara logo sumiu.

Continuei na minha, ouvindo as músicas que me lembraram daquele pôr do Sol. Queria acreditar que não foi um toco e sim alguma coisa que tinha dado de errado mas assim... As coisas estavam boas demais pra continuarem certas. Mas mesmo assim, a agonia insistia em me deixar pensativa. Pelo visto, eu estava mirabolando uma desculpa pra ele.

- Ana! - me virei e era Clara. - Um cara mandou eu te dar o número dele e pediu pra você mandar uma SMS urgente pra ele.

- O que? Quem é? - fiz uma careta idiota.

- Ah, eu não sei. Ele só pediu pra fazer isso. - balancei a cabeça confirmando e peguei o celular.

Digitei o número e apareceu automaticamente o nome do Daniel. Curvei as sobrancelhas.

- Clara... Preciso ir embora!

Fiz cara de cachorro carente e ela me deixou ir e continuou lá.
Saí tão desatenta no celular, nem reparando na rua.

- Psiu! - me virei devagar. Era o Daniel!

- O que? Me deixou lá te esperando? - dei um soco em seu ombro.

- Mas te encontrei! - já era, aquele sorriso me fazia acreditar em qualquer coisa.

- Não, parece que você me perseguiu! Méier é bem grande pra você me achar logo aqui. - deixei um beliscão em seu ombro, novamente uma agressão.

- Ai! - ele empurrou minha mão - Não me belisca, Ana. Desculpa. Posso me explicar?!

- Não! Você tá doido? Não precisa. - sorri - Só tô zoando com você. Você não é meu, não me deve satisfações. - mas na minha cabeça eu queria saber TUDO o que aconteceu.

- Ham... Passei a noite inteira me preparando pra você, sei que me atrasei mas posso recompensar. - ele sorriu e aquele bigode dele, junto com aquela barba, olha...ficou um escândalo.

- Então, vamos lá. - prendi os lábios.

Ele se virou e foi andando em direção ao oposto da minha casa.

- Na minha casa tem um lugar da hora.

- Na sua casa? Aham. Sei. - logo ironizei pra maldade e ri.

Ele não falou nada, só sorriu.
Paramos na frente de uma casa de dois andares, eu olhei pra cima e admirei a casa, que era muito bonita por fora.

- Eu costumo entrar pela janela...

- Já temos algo em comum então. - sorri brevemente.

- Eita! Aventurada, ein... Mas hoje, vou te fazer entrar pela porta. - ele sorriu empurrando o portão e me puxando pra dentro.

- Não, sei não! - travei no meio do portão. - Quem me garante que você não é só mais um doido?

- Achei que eu estivesse sendo louco, do jeito que você gosta. - eu quis dizer maníaco, Daniel!

- Não gosto de loucos... - disse rindo.

- Poxa, que chato! - entramos no quintal grande e azulejado.

Subimos pro quarto dele, era tudo bagunçado e eu ri de maldade. Ele abriu a janela enorme e o telhado do andar de baixo ficava bem na janela. Ele olhou pela janela, enquanto eu fiquei alí parada, mexendo os dedos. Ele fez impulso e pulou pra fora da janela.

- Ei?! - gritei assustada e levei as mãos até a boca.

De repente ele apareceu sorrindo.

- Vem... - esticou uma das mãos pra mim, eu ameacei ir umas cinco vezes mas na sexta eu juro que fui. Pisei no telhado úmido e escorreguei, caindo direto com a bunda na telha, comecei a gargalhar alto, ele também riu alto.

- Ana! - ainda rindo - Levanta, cara...

- Ai! - reclamei de dor e peguei na mão dele, fui levantando devagar.

Pressionei a mão onde doía, ele acompanhou meu ritmo lento.
Fomos andando pelo canto da telha, tinha uma árvore do lado, escondendo metade da telha, tinha um pano vermelho estendido com uma garrafa de vinho, algumas coisas de comer que eu nem sei o que era.
Eu sorri.

- Então... - ele sentou no pano, me olhou com aqueles olhos castanhos e profundos. - Surpreendida?

- Poxa, - respirei fundo - com certeza! Até me arrepiei...
Sentei do lado dele, ele pegou dois copos e serviu o vinho pra nós.

- Espero que não tenha problema se você beber um pouco...

- Só não deixa a polícia te achar e nem saber que sou de menor. - sorri e ele também. Por alguns segundos ele olhou sério pra mim e eu o olhava também.

- Você... Sempre fica mais bonita do que ontem. - senti meu rosto aquecer.

- Espero que minhas bochechas não estejam vermelhas. - sorri novamente.

Passamos a noite inteira rindo, bebendo e curtindo as estrelas. E a cada estrela no céu eu me sentia em casa.

- Fecha os olhos?

- Pra que Daniel? Não chega de surpresas? - a essa altura do campeonato eu ja podia estar apaixonada.

- Ah não, não vai ser surpresa... Isso você já conhece. - e eu fechei os olhos.

Senti uma mão tomar conta do meu pescoço, um hálito suave se aproximando, suave cheiro de vinho tinto. Meu corpo se arrepiou novamente e meu coração quis acelerar, respirei fundo ao tentar controlar. Lábios macios tocaram o meu, tentei pensar em outras coisas que não pudessem me entregar e nem mostrar o quanto eu estava derretida por ele.
Nossos beijos se entrelaçaram e cada investida foi única, me sentia num conto de fadas, o beijo dele foi uma delícia! Ele me deitou com cuidado na telha, segurando minha cabeça com cuidado, o corpo ele encostou no meu e eu o abracei com as pernas. Ele sussurava algumas coisas no meu ouvido, beijava meu pescoço e mordia minha orelha, eu me arrepiava e puxava o cabelo da nuca dele.

- Vamos fazer de hoje, um dia inesquecível, Ana. - ele sorriu entre o beijo e eu apertei a bochecha dele. Ele se levantou, pegou na minha mão, me puxou e me colocou no colo dele. Já estávamos tontos o suficiente, achei que fossemos cair dali mesmo!
Sentei na janela e pulei pra dentro do quarto, abracei meu corpo ao sentir um pequeno arrepio.

- Aqui dentro está melhor... - sussurrei.

Logo depois ele entrou no quarto, me abraçou e voltou a beijar pescoço. Eu não queria nunca que aquela noite acabasse. Se enroscamos na cama dele (embaixo dos lençóis). meus gemidos tomaram conta do quarto e todos os arrepios foram necessários.
Os beijos quentes e molhados censuraram o lugar, as mãos bobas e as chupadas me fizeram delirar. Meus peitos tinham marcas de chupões e as costas dele de arranhões. A noite se passou delicada e memorável. Adormeci nos braços dele, enrolados de tal forma, estranhamente decifrável.
Ele era quente e aconchegante, e o cafuné que ele fazia me deixou bastante acomodada, dormi sem pensar no dia de amanhã e acho que ele também.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora