PARTE XX

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É um vaso de cristal com flores mortas, um drink forte numa boate qualquer!

E vê-lo deitado na minha cama diante de mim foi a melhor sensação. Tô contigo, tudo o que for preciso, quero ver teu sorriso ao lado. Liguei o som no MPB, acordei ele devagar, com uns beijinhos no pescoço.

Ele se ergueu, bocejou e sentou-se.

- Essa hora meus pais estão trabalhando... - sorri sem fim.

Ele levantou da cama, vestiu a cueca, catou a bermuda, tirou do bolso um baseado. Ouvindo MPB fumando um sem regras.

- Linda, louca e mimada... Sabe do poder que tem e não tem medo de usá-lo. - eu sorri e ele também, a fumaça que ficava entre nós me fazia querer desvendar o que mais ele escondia. - Quem te odeia tem que te conhecer de perto.

Senti meu rosto corar.

- Não importa onde estamos, nossa mente é nosso lar. - meu coração bateu forte, senti as borboletas voarem.

- Daniel... - me aproximei - Eu amo você. - prendi os lábios um no outro.

Nossos dedos se entrelaçaram e o beijo foi sensual e calmo.

E o meu sorriso entre o beijo disse tudo. Ouvi a porta da sala bater forte, me assustei e soltei ele.

- Acho que alguém estragou esse momento. - fiz careta e sorri.

Ele apagou o baseado e jogou pela janela. Beijou-me a testa e desceu pela mesma.

Abri a porta do quarto e desci pra tomar café.

Ao passar pela sala vi meu pai mexendo na bolsa da minha mãe.

- O que você tá fazendo?! - gritei.

- Não se mete!

- É a minha mãe! - me aproximei e segurei a mão dele. Ele me empurrou, bati com a cabeça na geladeira. Na hora meu olho se encheu de lágrimas. - Você não merece minha mãe. Seu babaca!

- Ana, desculpa. Não quis fazer isso.

- Você tá perdendo a linha, tá virando um filho da puta! Nem acredito que você é meu pai. Alcoólatra de merda! - choraminguei - Vai se cuidar, já que não foi um bom pai podia ser um bom marido!

Subi correndo pro quarto, com muita raiva e bastante dor no coração, eu disse coisas horríveis, mas acho que ele precisava ouvir.

Eu tinha que me concentrar nas outras coisas, mas era impossível viver na mesma casa que meu pai.

Até hoje ele odiava o Daniel e a Clara, e provavelmente qualquer outra pessoa que se aproximasse de mim. Fato.

Se passaram meses e quase já era Dezembro, eu e Daniel nos víamos quando era possível, sempre pela janela, no quarto dele ou no meu.

ESCRITA POR DANIEL

É foda, se pá eu vou me adiantar. Toda vez que ela passa o bonde ficar de olho, passa na pista o show dela é de graça. Linda, se valoriza e tem critério, na rua é só certeza, por dentro é só mistério. Foda que ela é linda e sabe que eu não sei dizer não. 

Toda vez que nos encontramos nas boates ela passa e não me olha, mas meu estilo é vagabundo nato e eu encaro cada parte dela. Eu não me limito a nada!

Todo sábado eu buscava ela de frente do cursinho e sempre bolava quando ela tava usando shortinho!

Lembro dela adormecendo no meus braços em pleno verão, mó calor e a gente grudado, o som do jazz se juntava ao som do ventilador. Mas espero o tempo rolar, o mesmo tempo que esperei pra gente se embolar.

Eu queria explicar pra ela que eu queria ela por inteira. E assim, tudo o que é escondido é mais gostoso, mas eu queria sair por ai com ela de mãos dadas e quando ela diz que me ama eu vejo o brilho no olhar.

Mas não vou destruir o futuro com problemas do passado!
Ainda ta escrito maktub.

Essa é uma carta de amor, quem escreveu foi coração.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora