PARTE XVI

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CORAÇÃO DE VIAJANTE FICA SEMPRE QUE TEM CARINHO.

Entramos em casa num silêncio intimidante. Apenas ouvi o barulho das chaves do carro batento na mesinha de centro da sala. Fui em direção do meu quarto.

- Ana?! - não sei, mas queria entender pra que ele grita.

- Sim? - dei meia volta e apareci na porta da sala.

- Não quero nunca mais ter que ver você com ele!

- Tá doido?

- É isso ai, chega Ana! Ele é um pivete, só quer enganar você!

- Ele não é assim! Tá falando das roupas dele? Ele é daquele jeito, você não pode julgar alguém pelo o que veste.

- Eu não tô nem aí pro que você pensa, Ana! Vai dormir e não me perturbe mais.

- Fala sério, você é um babaca! - eu dei dedo e ele ameaçou levantar.

Corri pro quarto, tranquei a porta, sentei no chão e chorava até a alma sair do corpo e ir embora sozinha. Arrastei o corpo até a cama, me sentei na beira, abri a gaveta de baixo da cama e tirei uma mala, sem noção alguma comecei a arrumar minhas roupas lá dentro.

Na boa? Outro cofrinho se esvaziaria.

Coloquei um pouco dos meu sapatos, o uniforme, enfim, as coisas que eu mais usava. Esperei a casa entrar em silêncio pra descer, passei pela sala e vi minha mãe sentada na poltrona.

- Oi...

- Pra onde você vai? - ela se levantou arregalando os olhos e vindo na minha direção.

- Não aguento mais, mãe. - chorei.

- Ai Ana, calma... Não faz isso.

- Só preciso de um dinheiro, depois eu te pago.

- Claro... - ela dizia nervosa, abriu a gaveta da sala pegando uma dinheirada. Deu na minha uns 450 conto. - Vai atrás da sua felicidade, se precisar vou estar aqui. - e o sorriso dela tomou conta do espaço triste.

Virei-me para a porta mas antes recebi um beijo molhado na testa, sai de lá com a consciência tranquila. Eu fiquei em paz. Adivinha pra onde eu fui? Pra casa da Clara, bati lá era umas meia noite, tadinha da Clara... Já tem problemas o suficiente com meu pai...

- Calma ai, Ana. Não adianta ficar nervosa. Entra aqui, vamos pro quarto.

Entrei pro quarto dela, choramingando, sentei na beira da cama enquanto ela encostava minha mala no canto da parede.

- Pô cara, sou uma ótima filha, meu... Não sei por que ele é assim...

- Calma, mana... Tô contigo, não se preocupa, dorme que amanhã é outro dia.

Deitei num lado da cama e ela do outro, dormi tranquila, mas com o pensamento no Daniel. Sonhos e sonhos me fizeram pensar em como eu gostava dele e de todas as formas que eu o queria.
Na manhã seguinte tomei café da manhã com a Clara e a mãe dela, o pai dela era marinheiro e raramente estava em casa.

- Ai mãe, a Ana quer colar com os caras bambas pra esquecer o que é amor... Tá sofrendo por causa de um lek!

- Ah Clara, não é bem assim... Não quero esquecer o Daniel.

- Melhor vocês saírem hoje, se os pais da Ana vierem aqui pelo menos vocês não vão estar em casa.

- Tem razão, mãe. De noite a gente sai.

E depois do café, partimos pra praia, justamente em Itaquatiara, eu ainda tinha esperanças em ver o Daniel me procurando.
Sentamos de baixo do guarda-sol e ficamos conversando, a Clara era ligadona num baseado, ela acendeu lá mesmo.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora