PARTE XXI

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A roleta macabra sorteou nosso número.

Eu e Daniel estávamos mais afastados do que nunca, estavam chegando as férias de Dezembro. A Ana aqui passou sem fazer recuperação.
Eu não cobrava nada dele, nem eramos namorados, aliás, nunca foi nada pedido e nem confirmado.
Eu não quero me incomodar, só quero ser feliz. Dispensei vários moleques por causa dele, então, nada mais justo do que ele sentar e conversar. Precisava voltar a minha rotina de férias e foi o que eu fiz.

Eu ia sair todos os dias, com ou sem dinheiro, isso ai nós resolve na pista.

Comecei a colar com o Júlio, era meu melhor amigo depois da Clara. Tanto que, ele e a Clara estavam se pegando.

Esperei a noite cair pra partir pra roda de rima da praça do Méier.

E pronto, Ana se arrumou todinha e partiu pra noitada. Tava calor demais nesse dia então, eu estava com pouquíssima roupa, um short curto e uma blusa curta e meu tênis velho da Redley.

O Júlio e a Clara foram me buscar em casa, meu pai odiou a idéia, mas a gente nem tava se falando mais. E eu fui mesmo assim.
Paramos na praça, compramos bebidas, copos, cigarro e a Clara comprou bastante erva.
Eu bebi e fumei sem limites e nem regras.
Senti o cheiro do Daniel e me veio boas lembranças no coração e na mente.

- Meu amor... - era o Daniel sussurrando no pé do meu ouvido.

- Me diz o que tá acontecendo... - empurrei ele.

- Você tá bêbada? - ele me puxou pra um canto e eu não largava o copo.

- Quê? Não. Só quero saber por que está me evitando esses meses todos, depois que você foi lá em casa no dia em que eu, supostamente, agredi o Jean nada ficou tranquilo.

- Desculpa...

- É só isso que você consegue dizer! Fala outra coisa Daniel.

- Aqui não dá. Precisamos conversar.

- Hoje eu não tô afim. Hoje eu quero curtir, cara.

- Tá legal, você tem razão. Vamos curtir.

Me afastei e enchi a cara de whisky, bebi tanto que acordei sem saber onde eu estava.

- Bom dia, dorminhoca. - abri os olhos meio embaçados, esfreguei-os.

- Tô fazendo o que aqui?

- Desculpa. Não podia deixar você chegar em casa bêbada, você nem ia chegar em casa. - ele riu.

- Para, Daniel. Sabe muito bem que eu chego onde eu quero.

- Ui, perigosa. - dei dedo e ri - Preciso te falar uma parada.

- É, realmente.

- Eu sei que você já namorou o Jean... E....

- E ele é um idiota. Não seja um idiota, você está sendo. Para. Ele me traiu com uma tal de Malu, Daniel. Eu odeio traição. Sou vítima fatal disso.

- Malu? - ele me olhou desesperado - Então foi por isso...

- Quê? De repente eu não sei mais do que estamos falando.

- Eu namorei a Malu anos da minha vida! Ela me deu um pé na bunda por causa do Jean, agora tudo faz sentido.

- Olha, segunda coisa que temos em comum. Traídos por amigos.

- Então, Ana. Bora, vem morar comigo. Vive comigo.

- Daniel... As coisas não são fáceis. Eu tenho minha mãe. Vivemos fases diferentes.

- Tá... Isso foi uma péssima idéia. Surtei. Tô surtado sem você.

- A gente tá junto, cara. Não como queríamos mas estamos...

- De coração? - ele sorriu.

- E de alma... - completei sorrindo.

E o abraço quente dele me envolveu. E, novamente, eu me senti em "casa", no lugar que eu sempre devia estar... Nos braços dele.

Mas que se foda a porra toda. Malu, vai tomar no cu. Jean, vai tomar no cu e qualquer outro vai tomar no cu. Eu queria ter um amor, ser um amor e viver um amor. Eu só podia ter certeza de que valesse a pena se eu fosse até o final. E cá entre nós? Eu queria muito ir até o final.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora