PARTE XXVIII 2

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Deixa eu sentir o seu sabor, me beija flor, me beija.

Estacionei na rua de trás, catei a bolsa e logo de cara encontrei a Clara encostada no muro falando no celular. Catuquei ela, ela se virou sorriu, apontou pro bar e fomos andando. Eu fui na frente, escolhi um lugar, longe do som e perto da área dos fumantes.

Ela desligou o cel.

- Meu, o Júlio quer vir pra cá!

- O que que tem?

- Eu disse que era saída entre amigas, ele não pode vir, você vai segurar vela? - eu ri.

- Tá doida? Chama ele...daqui a pouco tenho que ir embora. - foi o que ela fez, mandou a SMS que eles esperava.

- Pronto. Mas e aí, desce gelo?

- Só um pouquinho... - sorri e acendi meu primeiro cigarro da noite.

Bebemos e conversamos o suficiente. Falamos "super bem" de todos os ex namorados e de como eram "amáveis". Até que o Júlio chegou.

- Oi meu amor. - beijou a Clara - Fala ai minha parceira! - esticou a mão pra mim e eu apertei rindo. Ele se sentou. - Fiquei sabendo de uma parada... Pode falar?

- Claro né, amor. - a Clara era apaixonada na dele, só não sabia ainda.

- Fiquei sabendo que o Daniel voltou, e aí Ana... Como tá o coração? - eu gargalhei e engasguei ao mesmo tempo.

- Deixa de irritante, Júlio. Não tem essa de "como tá o coração?". - bati nele.

De repente, um falatório enorme tomou conta do bar, uns caras chegaram falando mais alto do que o som que estava ligado. Eu olhei e nada me encheu os olhos.

- É o seguinte, Ana... Aquela pessoa que você passou a odiar ta fazendo parte do noso ambiente! - ela balançava a cabeça apontando e eu não entendia nada.

- Que?

- Olha pra trás! - e me tacou um saquinho de sal. Eu olhei.

Tomei um susto quando dei de cara com o Daniel, solucei e tudo. Desviei o olhar rapidamente, fingindo procurar outra coisa, outra pessoa. Mas o pior você não sabe, ele me olhou e teve a coragem de mostrar as canjicas, que ódio.

Ele e os amigos dele, tomaram conta do bar, juntaram 5 mesas pra encher o saco de quem queria uma noite tranquila. Papo vai, papo vem, já se passava de uma hora da manhã, me despedi dos dois e fui em direção ao carro.

Tirei a chave da bolsa, enfiei na fechadura e abri a porta. Escutei uma tosse forçada e me virei pra trás.

- COF COF.

- Odeio sua cara de pau.

- Qual é, Ana...

- Qual é nada, Daniel. Não vem com essa. Eu não quero mais te ver nem pintado de ouro!

- Eu amo quando você faz charme, - ele riu - Eu sei que faz parte de tudo isso que vocês habilitam como "idiotice masculina". - e riu de novo.

- Nem todo mundo é idiota...

- Queria que você entendesse que já passou, deixa eu conhecer sua casa, bora ouvir um reggae no som, beber um drink...

- As coisas mudaram, moro sozinha, trabalho e tenho minhas responsabilidades.

- Você sempre teve suas responsabilidades, se passar uma noite comigo vai ser melhor do que passar sozinha.

- Se você inventar de dormir lá em casa vai ser no sofá. - entrei no carro e abri a porta do carona.

Ele entrou e foi um silêncio total mas eu pude notar cada risinho dele, ele mexeu em tudo, no meu porta-luvas, catucou meu som, ajeitou o banco até achar uma posição ideial, - que demorou pra caralho - paramos de frente em casa, deixei o carro na garagem.

Saímos do carro e ele ficou encantado com o Bob, enquanto brincava com ele eu abri a porta e entrei, tirei os sapatos e joguei a bolsa no canto da mesinha da sala. Daniel entrou, a presença dele me deixava nervosa e impaciente.

Fui até a cozinha, tirei um hambúrguer pronto da geladeira e esquentei no microondas, fiz o mesmo pra ele.

Peguei a garrafa de coca e levei pra sala, ele estava mexendo nas minhas fotos, coloquei a coca em cima da mesinha e ne sentei no sofá.

- Realmente... - ele me olhou - Muita coisa mudou. Você tá mais bonita ainda!

- Blá blá, fica quieto. Antes que eu mude de ideia.

- Você não vai mudar de ideia, Ana. - ele riu, sentou do meu lado, liguei a TV e começamos a comer, dividimos a coca cola juntos, bebendo pelo gargalo mesmo.

- Como tem tanta certeza?

- Eu amo você. Como tem certeza de que não me ama mais? - meu coração deu aquela acelerada de novo.

- Daniel... Não faz isso. - prendi os lábios um no outro.

- Ana... - ele se aproximou, encostou a mão na lateral do meu rosto - Eu fiquei com tanta saudades de você. - meu estômago sentiu um frescor, as borboletas voaram.

- Eu entendo você... - sussurrei, com a boca colada na dele, mas acordei, empurrei ele de novo - Sei que tudo isso faz parte pra me iludir de novo.

- Não é isso.

- E... Eu odeio quando funciona!

- Posso te beijar? - eu nem respondi, voei pra cima dele como se ele fosse o último pedaço de lasanha da bandeja.

Ai que saudade desse beijo quente, molhado e gostoso!

Voltei no tempo, voltei pros meus 16 anos, e quer saber? Foi maravilhoso! Fiquei por cima dele de quatro, beijando o seu pescoço e sua boca, ele alisa minha bunda e as minhas costas incansavelmente! Eu sentia arrepios toda vez que ele tocava minha nuca, ele me puxava contra o corpo dele e eu ia sem resistir.

Aquele aperto na bunda junto com aquela sensação "fiz merda" foi tudo de bom, eu queria mas não queria, mas eu fui. Cada sensação foi única, novamente, com ele.

Empurrei ele, sai de cima dele, respirei fundo, fiquei parada perto da janela.

- Desculpa.

- Quê? Foi maravilhoso. - ele disse rindo e se sentando no sofá. Eu devo ter ficado vermelha sem fim.

- Acho mais divertido você ir pra casa e parar de me procurar.

- E porque eu faria isso?

- Eu não posso mais ficar sofrendo por você.

- Mas eu tô aqui, cara. Tô com você, voltei.

- Eu não consigo! Ninguém mandou me machucar, você sumiu! Não atendia as minhas ligações, não respondia minhas sms's, queria que eu fizesse o que? Fosse te buscar? - dei dedo. - Vai pra merda.

Fui até a porta, abri e fiquei esperando ele sair.

- Tudo bem... Desculpa. Eu não queria atrapalhar, sei que errei mas adoraria me desculpar.

Ele saiu, eu me senti uma bosta mas ta OK. Ia passar. Fui dormir na merda, foi maior solidão, abracei o travesseiro e chorei de raiva dele e não de saudades.

Querendo te encontrar pra falar de amo, preciso te mostrar que não sabe quem sou.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα