- Ana. - falei brevemente.

- Bonito... - ele riu e me reparou - Tatuagens legais.

- É, cada uma tem um significado importante. Por exemplo, essa daqui do rosto, - apontei pro coração no canto da bochecha - fiz quando comecei a gostar de um cara, ele reparava bastante nos meus olhos, aí fiz uma coisa que ele pudesse reparar no meus olhos e no meu coração.

- Isso foi profundo. Até me comoveu, juro. - ele sorriu - Achei que fosse uma pinta. - sorri também - Mas assim, eu gostei dessa no peito.

Eu olhei pro peito, nem sabia o que tinha tatuado ali, eram tantas que era difícil gravar.

- Ah, e um pouco agressiva! - ri - "Ovelha negra da familia". - ele riu. Olhou pra trás, no horizonte, e volto a olhar pra frente.

- Show! Quer pegar uma onda? - acabou tocando no que eu gosto e me fez lembrar do que realmente fui fazer naquela praia.

- Claro... Vai na frente. - e ele foi remando e em seguida ia eu.

Do nada, uma onda absurdamente grande estava vindo, me assustei e comecei a remar com força, esperando o momento certo pra ficar em pé.
Vi o Júlio ficar de pé e logo fiquei também, minhas habilidades estavam um pouco enferrujadas mas até que saiu alguma coisa.
Sai da água com a prancha debaixo dos braços. Joguei o corpo ensopado na areia, os cabelos molhados se encheram de areia. Júlio sentou do meu lado e mostrou aquelas canjicas branquinhas.
O tempo nublado, porém com menos raios e chuvas me acalmava naquele dia. O horizonte estava bonito de olhar, já que as ondas aumentavam em tempos como o desse dia, o que fazia todos os surfistas sairem de casa.

- Vai fazer o que mais tarde? - novamente me tirou do transe.

- Tenho compromisso. - disse rápido sem pena.

- Eis a questão, fazer o que? - eu sorri.

- Balada... Na certa. - minha balada era o Daniel!

- Eu fecho contigo...

- Então vamos, poxa. - sorri de leve. Talvez pudesse dar merda, mas que se foda. Era só um amigo. Colega.

Deu tchau pro Júlio com um beijo na bochecha e um abraço apertado. 10% do meu coração ele levou, ele era fofinho e eu tentei ser arrogante, como sempre, pena que em vez de afastar ele grudou mais ainda.
Fui pra casa no busão de novo, dessa vez mais apertado. Consegui sentar num banco por causa da tia que me deu lugar, a prancha pesada ajudou.
Desci do mesmo e fui andando devagar, ao virar minha esquina vi o Daniel.
Meu coração acelerou.

- Dani...

- Fiquei te esperando a tarde inteira. - disse meio cabisbaixo.

- Desculpa... - ele tirou a prancha dos meus braços e segurou - Estava na praia... - completei.

- É, percebi. - analisou a prancha de perto e pôde ver seus defeitos.
- Vim pra conhecer seus pais.

- Quê? - abri a boca - Não era hoje, ia marcar algo melhor, Daniel. - tirei a prancha da mão dele, encostei no muro, empurrei ele em direção da rua pelas costas.

- O que você tá fazendo? - ele se virou e segurou minha mão.

- Hoje não, Dani. - ele fez biquinho.
- Quer entrar? - sorri e ele também
- Mas pela janela, claro.

Quando fui ver, ele estava sentado na minha cama e eu encostada na mesa do PC, o chão completamente coberto de areia.
Aproximei do seu corpo, respirei fundo no canto do pescoço dele e lembrei das noites passadas.

- "Vou guardar seu cheiro!" - fiz o sinal das aspas com as mãos e ele riu suavemente, senti suas mãos suaves na minhas costas, subiam e desciam alisando minhas curvas.

- Eu guardei bem o seu... - fui puxada pelo queixo em direção a boca dele, o calor corporal se misturou, meu e dele.

- Eu também guardei o seu... - respirei fundo, sentei de pernas abertas virada pra ele.

Afundei meus lábios nos dele, apertei sua nuca contra mim, suas mãos subiram pelas minhas laterais arrancando minha blusa.
Empurrei ele na cama, vi meu travesseiro abraçar a cabeça dele.

- Você fica uma gracinha na minha cama... - sorri maliciosamente.

Meus beijos se manifestaram, invadiram cada pedaço do corpo ele, desde a nuca até as pontas dos dedos. Os beijos molhados dele me excitavam fácil. Levantei e o puxei pro banheiro. Entramos debaixo da ducha morna e fizemos tudo por ali.

- Você me completa, Ana. - me arrepiei totalmente, nenhum fio de cabelo ficou abaixado.

- Na pista é mãozinha dada, na cama é homem e mulher.

E assim seguimos nosso dia, beijos concentrados, amassos, entre batidas e silêncios.
Logo eu que aprendi a lhe dar com os fatos, conheci esse sonho.
A tarde se fechou com a noite sombria. Talvez, algo pudesse dar errado.
Desci as escadas e deixei Daniel no meu quarto dormindo.

- Pai? - sussurrei na porta do quarto.

- Sim? - ele se sentou na cama com cara de sono.

- Você precisa conhecer um amigo.... - desviei os olhos - Uma pessoa muito importante pra mim. Quer jantar fora hoje?

- É o seu novo namorado?

- Não namoramos ainda. - respirei fundo.

- Espero que seja uma boa pessoa pra cuidar de você.

- Ele é. - sorri de leve e sai de lá.

Voltando pro quarto, encontrei minha mãe parada na porta, olhando lá pra dentro.

- Oi... - falei calmamente.

- Então esse é o homem? - ironizou, mas não de forma grosseira.

- É ele, e se não for... Pelo menos valeu a pena. - sorri.

- Tudo bem. Pelo menos você o conheceu.

- É. Daniel...

- Vou lembrar disso.

Ela foi andando pelo corredor.

- Mãe? - ela se virou - Vou jantar hoje com meu pai e Daniel, a senhora pode ir também.

Ela sorriu e continuou andando pela casa.

linda, louca & mimada [1]  - Caroline RaiccoWhere stories live. Discover now