Capitulo 11

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Nicolas POV

A cena que vi em minha frente me deixou muito decepcionado.

Como se tivessem dado um murro em minha barriga, eu sentia um misto de sentimentos e a raiva era o maior deles.

Juliana estava lá, com as pernas entrelaçadas na cintura de um cara enquanto eles faziam sexo.

Sim, eles estavam transando.

Ela parecia um pouco desnorteada, enquanto o homem se mexia de uma forma frenética, segurando em ambas as suas coxas.

Me senti horrível por que EU, EU quem deveria a estar segurando daquele jeito e praticando um ato tão íntimo com a mesma.

Por mais que eu não tivesse direito, me senti traído, mas logo afastei esse sentimento do meu peito.

Por fim, minha presença foi percebida e Juliana olhou para o lado, para mim, foi quando nossos olhares se encontraram.

- Nicolas? - ela sussurrou com a voz embolada. Estava visivelmente chapada, empurrou o cara para longe e abaixou o seu vestido. O indivíduo caiu no chão  parecendo muito bêbado.

Eu sò queria morrer vendo tudo aquilo, toda a situação. Queria enfiar a minha cara em algum buraco. Decepção me resumia.

- Nicolas. - Juliana ignorou o cara caído no chão e chegou perto de mim, ela estava deplorável, de dar pena, com o semblante confuso. - O que você veio fazer aqui? Não era pra você estar aqui! Era pra você estar na sua casa com a sua família maravilhosa! Eu sou um ser humano horrível. - disse tudo sem me olhar nos olhos e passou as mãos nos cabelos, mais em seguida me olhou. - Eu não estou me sentindo bem.

Eu não tinha coragem de dizer nada, eu estava com pena dela e com raiva também. Que nem a minha mãe dissera: ela estava perdida na vida.

- Vamos, vou te levar pra casa.- ao falar isso virei as costas e sai andando em sua frente. Enxuguei as lágrimas e destravei as portas do carro, olhei para trás e ela estava cambaleando e o filho da puta que estava com ela permanecia no chão. Que se dane, estou pouco me fodendo para ele.

Abri a porta do carro e Juliana entrou com dificuldade, bati a porta com raiva e fui para o lado do motorista, entrei e dei partida arrancado com o carro daquele lugar.

- Me perdoa. - ela falou como uma criança e começou a chorar. - Eu sou um lixo. - gritou e começou a estapear o próprio corpo. Parei o carro em uma esquina e segurei seus braços para que ela parasse com aquilo.

- JULIANA, PARA COM ISSO. - gritei.

- EU SOU UM LIXO! EU SOU A PORRA DE UM LIXO! - gritou de volta e começou a se debater para que eu a soltasse. - ME SOLTA, NICOLAS.

- CALA A BOCA. - a segurei mais forte. - Eu te amo. - as palavras saíram sem que eu percebesse ou tivesse controle sobre elas, mas não deixavam de ser a mais pura verdade.

- Me...me o que? - ela enfim parou e olhou no fundo dos meus olhos.

- Eu. Te. Amo. - digo pausadamente. - Eu não sei como, eu só sinto! E estou com muita raiva, você estragou tudo.

A larguei e dei partida no carro novamente. Não era para eu me declarar com Juliana daquela maneira, porém, eu não consegui ver outra maneira de fazer ela se acalmar.

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No caminho para a minha casa Juliana dormiu no banco do passageiro, estava mais calma e serena.

Em trinta minutos chegamos, estacionei, saí do carro e a peguei no colo. Foi difícil abrir o portão e subir escada acima com Juliana em meus braços, mais consegui. Abri a porta de casa e entrei com dificuldade. Na sala estava apenas a minha mãe.

- Meu Deus. - ela levantou do sofá e veio em nossa direção. - O que essa menina fez?

- Merda, muita merda. - meus olhos se encheram de lágrimas, de raiva e mágoa. - É só isso que ela faz; merda!

- O que ela fez? - minha mãe franziu o cenho. - E por que está chorando? - ela me analisou enquanto eu olhava para Juliana adormecida em meus braços. - Você a ama?

Por que as mães são assim?

Sempre sabem de tudo.

- Eu descobri hoje, que sim.

Minha mãe assentiu e enxugou as minhas lágrimas.

Fomos para o meu quarto, eu a coloquei na cama, tirei seus sapatos, a enrolei no cobertor e sentei ao seu lado na cama. Juliana respirava calmamente, como se o mundo não estivesse desabando em cima de nois. Peguei no meu armário um travesseiro e um cobertor, então fui para a sala. Deitei no sofá e coloquei as mãos atrás da cabeça.

- Meu filho. - dona Giselle apareceu na sala. - Eu sei que aconteceu algo que provavelmente você não vai me contar! Mais tenha paciência, ela não está bem. - minha mãe era uma pessoa maravilhosa. Assenti, sem querer dizer mais nada ela deu um beijo em minha cabeça, apagou as luzes e foi para o seu quado.

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Eu não dormi nada durante a noite.

Aonde eu fui amarrar meu bode?

Levantei sentindo meu corpo doer e fui para o meu quarto ver como ela estava. Abri a porta e Juliana dormia serenamente, olhei para o relógio em minha parede e eram sete e vinte da manhã, meus pais já iriam acordar.

Sentei ao seu lado na cama e comecei a acariciar seus cabelos macios e escuros como os meus.

- Por que você tem que ser assim? - revirei os olhos. - Por que tão louca? Me diz? - Juliana se mexeu um pouco e abriu os olhos. Me encarou sonolenta  com aquelas íris castanho claro.

- Nicolas. - sussurrou se espreguiçando. - O que você está fazendo aqui? - perguntou confusa e se sentou na cama, encostando às costas na cabeceira.

- Você está na minha casa. - arqueei a sombrancelha. - Você não se lembra de nada?

- Só uma parte. - colocou as mãos na cabeça.

- Qual?

- Eu estava em casa bebendo e decidi ir em algum lugar me divertir, eu estava muito triste. Estava sentindo a sua falta. - me fitou.

- Continua. - pedi.

- Aí eu fui para uma casa de prostituição que eu conheço, é também uma boate, não tem só putaria. - riu fraco. - Aí minha cabeça! - fez uma careta. - Então, conheci um cara que me ofereceu maconha. - parou e me olhou como se esperasse a bronca.

- Continua. - dei de ombros.

- Começamos a beber, fumar e dançar, depois não me lembro mais. - coçou a cabeça. - Eu fiz alguma merda? Eu não deveria estar aqui.

- Você transou com ele. - eu revelei e abaixei a cabeça, me sentindo um corno.

- Meu Deus. - ela segurou o meu rosto com as duas mãos me fazendo a encarar. - Como você sabe?

- Eu vi, Juliana. - meus olhos marejaram.

- Me perdoa? - ela sussurrou manhosa, os olhos cheios de arrependimento e lágrimas. - Eu não sirvo para você! Eu sou louca, desequilibrada!

- É verdade! Mais o que eu faço com esse amor que sinto por você?

- Você me ama?. - franziu o cenho.

- Amo! Acho que te amei desde o dia que te coloquei na cama, na noite em que fugimos da sua festa. - eu ri sem humor. - Eu te amo Juliana, eu nunca amei ninguém assim! - segurei também o seu rosto. - Você entrou em minha vida como um furacão! Desequilibrada, louca, mais também minha. Quando não estou contigo, não paro de pensar em você por um segundo do meu dia, não sei o que fazer! Te ver com aquele homem me deixou péssimo, mais não consigo ficar com raiva, aquela não era você, aquela não era a minha Juliana. Você pode ser melhor, já vi a sua melhor versão e foi por aquela Juliana que eu me apaixonei. A aventureira, a que gosta de assistir filme agarrada comigo, a que tem um sorriso bobo quando está feliz, a que fugiu da sua própria festa. - ela sorri. - Eu quero essa Juliana, aceito as suas outras versões, mais a que eu me apaixonei não tem nada haver com a que vi ontem naquele lugar.

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Acasos do Destino (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora