Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]

Capítulo Vinte e Dois

Kaleb segurou o punho da princesa, seus olhos ariscos e sem vida fitaram-na, com repleto menosprezo.

– Isso me soa como um elogio vindo de uma vadia que seduziu dois irmãos, ficando grávida de um e fingindo ter sofrido um estupro de um homem inocente, tudo para acabar sendo enxotada do Norte. Felizmente sua natureza suja afastou-a de mim, não trocaria a rainha Adelaide por você nem mesmo em mil anos.

As palavras de Amélia pareceram pela primeira vez ter surtido efeito na sua mãe, que deixou os lábios entreabertos, mas nada mais disse. Mia balançou a cabeça, e lhe deu uma ombreada ao sair do âmbito. Voou para o exterior da casa subterrânea, ali a chuva desabava, mais encorpada e furiosa.

Eklissi nem mesmo viu seus passos rígidos sobre a lama, quando menos esperava estava de retorno a cabana de Berbatov. Ele a esperava na porta, e sem dizer mais nenhuma palavra, sentiu seu punho enterrar-se na bochecha do ladrão, que cambaleou para trás.

– Elliot foi sequestrado – ela arfou, chorosa.

Lucky se endireitou, ofegante.

Something That Can Be Fixed (The Originals score) [1x08]

– Mia, eu sinto muito – antes que pudesse pronunciar o resto das palavras, ele foi atingido com um segundo soco, desta vez, ao lado direito. Com mais força e com mais mira que o primeiro.

O sangue dentro dela borbulhava como um caldeirão de água fervente, fazendo com que não fosse capaz nem mesmo de sentir os ferimentos do resto do corpo doerem. O sangue escorreu do nariz de Berbatov, entretanto ele não reagiu, unicamente abaixou os olhos.

Mia esmurrou seu peito, e ele continuou sem reagir.

– Lute de volta! – ela berrou. Empurrou para trás, contra a parede e Lucky balançou a cabeça em negativa. – LUTE DE VOLTA! – vociferou.

Após levar com mais três violentos murros potentes, o arqueiro não reagiu, não revidou.

Subitamente ela ouviu a aproximação de alguém, era Kaleb.

– Mia, chega...

– Não se envolva nisso – o ladrão pediu, limpando o sangue que escorria dos lábios. Os olhos dele pareciam demonstrar remorso e culpa, mas aquelas expressões eram incapazes de serem lidas por ela naquele momento.

Chorando, sem dar atenção para as palavras alheias, ela empurrou o corpo do arqueiro contra a parede e tornou a bater na sua face, repetidamente, cada vez com mais força, com mais intensidade. O rosto do ladrão tornou-se vermelho, machado pelo sangue que escapavam da boca, do nariz.

– O que está acontecendo aqui? – A voz demorou a ser reconhecida, mas Mia viu a sombra do príncipe de Wanderwell surgir pelo canto do olho. – Amélia o que está fazendo?

– Afaste-se – o ladrão ordenou erguendo o braço, sem tirar os olhos cravados nela. Estava disposto a arcar com todas consequências, mesmo sem ter a certeza que a princesa pararia antes de sua morte.

Com outro murro, Amélia atirou o arqueiro ao chão, que pareceu segundos engasgar-se com o rubro que saía de sua boca. Sentiu duas mãos envolverem-se no seu ombro e sem mesmo saber quem era, ela simplesmente empurrou-as para longe, gemendo com dor. O arqueiro fazia sinal para que a pessoa mantivesse distância.

Arfante, e com as mãos em carne viva, ela arfava olhando para Berbatov ajoelhado aos seus pés, com o rosto coberto por sangue. Domada por sua fúria, e gritando, Mia ergueu o braço e atingiu o arqueiro pela última vez com o cotovelo fazendo-o cair contra o chão, sobre a própria poça de sangue.

– Preferiria que nunca tivesse me encontrado, do que me dar vã esperanças de que você poderia ter sido diferente – ela murmurou, com a voz oscilante devido a falta de ar. – Você está morto para mim, Berbatov.