Capítulo Dezoito

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Assim o silêncio ponderou, intensos segundos.

– Eu o criei – o imperador sussurrou. – Pensei em cada um de seu centímetro, cada canto, cada espécie que aqui viveria. Tudo porque minha irmã não apreciava o fato de o nome desse antigo reino fosse de uma flor e o jardim que cercava esse castelo fosse privado de vida.

Marcus tinha as palavras saudosistas como suas memórias.

– Ela não pudera viver para ver a criação. Morrera antes disso.

Ela ingeriu as palavras, sem entender ao certo a natureza delas. Sobretudo, remarcara que era a primeira vez em anos que ouvia uma referência a algum familiar já vivido ao lado dele.

– Como ela morreu? – Ela perguntou, neutralmente.

– Pelas mãos de meu inimigo, marcando-me por toda a eternidade a solidão – ele fez a revelação, ainda com os olhos fixados na Boca da Pantera.

Ela engoliu em seco, receando a simples ideia que poderia surgir junto da família.

– Então, acho que você deve imaginar o que significa para mim ter as estrelas, minha família, ao meu lado. Sobretudo, você Nádia – Marcus enfim arqueou seu profundo olhar para sua direção.

Ela pronunciou um quase inaudível sim.

– Entretanto, algo ainda me diz para não tornar a confiar na sua lealdade.

– Se minha lucidez não fosse realista, teria feito proveito de muitas oportunidades de fuga.

Marcus deixou um sorriso charmoso aparecer nos lábios, em seguida de uma risada duvidosa.

– Quer saber o que me deixou completamente intrigado com você? – Ele lançou o desafio, aproximando-se num passo lento dela, com as mãos formalmente escondidas as costas. A pergunta parecia ter sido retorica. – Sua inteligência. É uma visionária, Alnilan. Não foi as cegas que a deixei como Dominadora uma vez, e torno a fazê-lo. Mesmo após uma quebra de confiança drástica. Mas, você faz parte de minha família.

– Tenho consciência disso – tentou dizer numa voz límpida.

– Eu sei que você sabe – a pronuncia viera acompanhada de um manto desconfiado, e de um olhar pesaroso. – Por isso, como um novo gesto de confiança, desejo que siga casa de Blackridge. Suspeito da nova liderança do senhor, por isso peço-lhe que seja meus olhos e meus ouvidos.

II

Lucky Berbatov movia as pernas com cuidado face a um breu vertiginoso. Via suaves silhuetas naquela imensa escuridão, o que lhe permitia de saber se estava afastado ou não das estruturas rochosas daquela caverna. Estava andando a horas, e começava a se incomodar com a falta de luz.

Foi quando vislumbrou um efêmero ponto bruxulear no fundo do infinito corredor. Apertou o passo, andando com mais pressa. Assim, deparou-se com uma gigantesca sala onde largas colunas de base circular estavam enfileiradas, retratadas com um bronze encardido, vinham da porta principal até onde se encontrava o que parecia ser uma mesa de pedras, deviam ser por volta de dez de cada lado. Mais acima, grandes archotes bruxuleavam. Grandes blocos de rocha lisa desgastada repousavam sobre o chão, e as paredes eram feitas da mesma estrutura.

A medida que o arqueiro se aproximava, percebeu incomodamente que as grandes colunas tinham misteriosos arranhões. Berbatov preferiu ignorá-los, porém tornou-se mais vigilante. Avistou ao fundo uma espécie de santuário, onde atrás surgia desenhos de silhuetas de corposde muitas pessoas com seus braços atirados ao alto. Em seguida ele viu o que poderia ser um bebê, sendo erguido aos céus.

Pelo canto do olho, o ladrão percebeu um movimento. Algo a beira de uma das colunas, como uma cobra de fogo mover-se pelo chão. Deveria admitir que estava em alerta e por isso não pensou duas vezes em armar-se com uma flecha e atirar sobre ela.

Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora