Capítulo 30

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~Andy a narrar~

Já passaram sete dias e tudo tem piorado, sobretudo o meu humor. Todavia não posso ignorar mais a minha única solução, todas as outras estão esgotadas, as regras que eu mesmo havia implementado em relação às vendas estão demasiado bem feitas pois não consigo encontrar algo que me dê uma pista a quem Ruby tenha sido vendida. Preciso de fazê-lo.

Ignoro as tarefas que a chegada de novas mulheres implicam e meto-me dentro do carro, música no máximo para abafar os meus próprios pensamentos e um cigarro sempre acesso na mão direita.

Uns quantos pedidos cobrados junto de alguns clientes dão-me a direção até ela. A casa encontra-se num dos bairros rurais e eu bato sem hesitar. A porta abre e eu deparo-me com uma mulher de estatura muito mais pequena que a minha, com o rosto envelhecido e uns olhos de formato semelhantes aos meus mas de tonalidade verde, sem vida, com um cabelo loiro ondulado que poisam em cima dos ombros, as memórias dela invadem a minha mente e por segundos eu penso que a voz me iria falhar:

-Precisamos falar.

A sua aparência frágil engana e parece ser suficiente para a comunidade acreditar na identidade que ela criou:

- O que queres?

-A tua ajuda. - a sua sobrancelha franze-se, sinto que estou a lidar com a minha própria personalidade

- Explica- sento-me no sofá à sua frente

-Preciso de descobrir o comprador da minha submissa, eu sei que consegues isso

-Talvez, mas porque que eu haveria de te ajudar?- a sua voz está carregada de dor- Porque que eu haveria de ajudar um assassino

A palavra espalha-se pela sala e dentro de mim também, sem obter de mim uma resposta, levanta-se e deixa-me num silencio infernal , quando volta, manda para cima do sofá um envelope, ao tentar abrir percebo que as minhas mãos tremem mais que o habitual.

Diane... as fotos são dela, com o corpo coberto de feridas abertas e hematomas, é-me impossível esquece-la, fui eu que a espanquei, o responsável por lhe ter causado a morte:

-Como soubeste disto?- as palavras saem-me com mais culpa e sentimento do que eu gostaria, apesar de a relação entre mãe e filho não existir, o olhar de desilusão incomoda-me

-Da mesma maneira que sei sobre tudo o resto, inclusive da relação que tinhas com a rapariga, eu tenho olhos dentro daquele lugar Andy e sabes perfeitamente que eu estou cada vez mais perto de conseguir o meu objectivo

-E contas-me isso?

- Não és nenhuma ameaça, com a raiva que tens neste momento do teu pai dúvido que lhe vás dizer algo, se assim fosse ele sabia que aqui estavas, e ele não sabe pois não?

- Não.- corto o assunto para o que realmente me importa - Vais ou não ajudar-me?

-Se eu o fizer vais escolher fazer o correto?

De novo, o silencio acentua-se entre nós:

-Eu tive a minha oportunidade sair da vida que estava a levar e tu ainda tens a tua- rio-me sem conseguir evitar a ironia 

- Chamas ao que fizeste de oportunidade?

-Fiz o que era melhor!

- MELHOR PARA QUEM?! Deixaste-me com um monstro que me ensinou o oposto do que eu deveria ser, o assassino que me chamaste ainda à pouco, apenas existe porque me deixaste e só pensaste em ti mesma

A expressão dela é de mágoa e eu passo a mão no cabelo, era justamente este desenterro de problemas do passado que eu queria evitar, passo a mão pelo cabelo e levanto-me para sair daqui:

-Ela está viva.

Algo muda em questão de segundos e eu viro-me para trás:

- Escusas de me encher de perguntas, quando tiver mais informações dou.

TORTURADAWhere stories live. Discover now