TORTURADA

Capítulo 10

~Andy a narrar~

Perdi completamente o controlo sobre os meus atos em poucos segundos.

Vejo um corpo no chão, está todo coberto de pequenos fios de sangue e hematomas, fui eu que fiz aquilo contudo não à tempo para contemplar pois não estava sozinho, isso também era algo que eu havia perdido a noção.

-Ruby...- chamo, mas ela parece estar ainda mais inconsciente que a mulher deitada à minha frente.

Largo o bastão de pregos e dirigo-me a ela, tenho a mão salpicada de sangue mas isso não me impede de tentar toca-la, continuo sem reação e cresce dentro de mim um arrependimento, talvez tenha sido um erro te-la trazido, talvez ela nunca seja capaz de esquecer no entanto eu  precisava que ela vi-se com os seus próprios olhos.

Pego nela ao colo sem que esta ofereça qualquer tipo de resistência e saio da sala dando ordem ao segurança de serviço tratar do corpo, não faço a mínima ideia se a mulher irá sobreviver aos ferimentos que lhe causei mas honestamente isso não me importa.

Levo Ruby até ao quarto, sentando-a na beira da minha cama:

-Ruby.. diz qualquer coisa por favor, o que se está a passar nessa cabeça?- ajoelho-me à sua frente para que esta não possa desviar o olhar- O que estás a pensar neste momento?

-Podia ser eu ali- ela sussurra quase inaudívelmente 

- Mas não foste, e eu espero sinceramente que nunca sejas- passo a mão pelo cabelo enquanto me levanto- Ouve eu sei que não foi fácil para ti ver-me daquela maneira contudo eu precisava que visses

Ela acena levemente com a cabeça e levanta-se, inesperadamente, os seus braços envolvem-me  e o meu coração dispara enquanto respondo ao abraço.

Apesar dela se afastar de mim demasiado rápido não consigo evitar um sorriso que cresce nos meus lábios, apesar de tudo ela não se afasta de mim, não me rejeita e é por isso que ela é tão diferente, eu estou muito longe de ser boa pessoa, e contudo ela fica ao meu lado, sei que não tem muita alternativa mas esse gesto não deixa de ser importante.

Tomo um banho demorado e depois caminho pelos corredores a fim de encontrar Chris para saber mais sobre a tentativa de fuga da mulher que eu havia castigado.

Acabo encontra-lo no bar com uma das prostitutas a roçar-se nele e aproximo-me pedindo uma bebida para mim:

-Finalmente apareceste por onde andaste?- fito os olhos do mesmo tom azul que o meu- Quero saber a tua opinião sobre o produto que tentou fugir

-Produto?- franzo a sobrancelha surpreendido, a cada dia que passa a frieza do meu próprio pai aumenta

-Produto,mulher, rapariga, o que isso importa- ele revira os olhos e esvazia o copo pousando-o no balcão- A minha ideia seria vende-la rapidamente contudo duvido que alguém a queira com o corpo  naquele estado, fizeste um bom trabalho as outras jamais tentaram fazer o mesmo

Mexo o indicador pelo copo que seguro desviando o olhar:

-Obrigada, acho eu - clareio a voz- Sei de um comprador que não se vai importar com isso, se aparecer eu próprio falo com ele.

-Sê rápido que eu não quero prejuízos, e sobre a ruiva?

-Ruby?- pergunto ignorando um arrepio que me percorre pelo corpo

- Achas que eu sei se é Ruby ou não, é a ruiva que disses-te ter levado para o quarto- ele encolhe os ombros e espera uma resposta minha

- Nada a dizer sobre isso- respondo imitando o seu gesto

- Certo, bem vou aproveitar que não tenho nada de importante a tratar e aproveitar o dia - vira-se para a mulher que ainda antes se estava a roçar nele e chama-a fazendo um gesto com a mão

Vejo-o ir acompanhado e de seguida levanto-me indo na direção do meu quarto