Capítulo 7

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Apesar das poucas palavras trocadas durante o jantar eu sinto que ele está novamente diferente, como se estivesse arrependido de me ter trazido:

-Desculpa senão fui a companhia que querias- digo num tom mais baixo do que gostaria e vejo virar-se para mim

Antes que dissesse alguma palavra, um homem alto surge com um copo na mão e faz com que a sua postura se torne ainda mais rígida que o habitual:

-Quem é a vagabunda?- pergunta com desprezo ao apontar para mim e eu franzo a sobrancelha surpreendida, Vagabunda?!- Sabes que mais eu nem quero saber, põem-na a circular agora que eu não quero prejuizos

Eu esperava que o Andy respondesse à letra ou o agredisse como é típico de seu feitio mas ao invés disso ele assente cabisbaixo e leva-me de novo para o quarto sem que eu consiga entender a sua versão obediente e submissa.

A porta é fechada com um estrondo e logo de seguida a máscara desaparece e dá lugar a feições irritadas, sento-me na beira da cama e tento aguardar que a tempestade de raiva passe.

- Quem era?- pergunto assim que ele se senta ao meu lado passando as mãos no cabelo inúmeras vezes

-Porque?- a voz dele soa-me estrangulada como se estivesse a fugir de mais perguntas

- Porque ele parece ser importante o suficiente para teres que lhe obedecer

Rapidamente ele levanta-se como se eu lhe tivesse batido e por momentos o seu olhar de dor e tristeza e quase insuportável. 

Sinto-me desconfortável, não sou por estar a ver uma vulnerabilidade que jamais imaginei ver nele, como por não saber como agir e por isso fico quase agradecida quando ele se tranca na casa de banho.

Retiro os saltos assim como o vestido que não me permitia movimentos livres e levanto-me para procurar a minha roupa mas acabo por perceber que não existe ali nada meu tirando as minhas coisas higiénicas e então deito um olhar hesitante a uma camisola preta de alças que esta cuidadosamente dobrada em cima da cómoda. 

Não faço a mínima ideia do que irá acontecer nesta noite contudo a última coisa que desejo é dormir na mesma cama que ele sem roupa e por isso visto a camisola que cobre as pernas apenas um palmo acima do joelho.

Mesmo quando estava prestes a deitar-me oiço um estrondo na casa de banho que faz o meu coração acelerar de imediato

-Andy?

Não obtenho nenhuma resposta e por isso corro para a porta batendo-lhe várias vezes seguidas

-Andy?

Ponho a mão na maçaneta que para meu espanto se mexe, afinal, não estava trancada. Abro devagar e dou de caras com um cenário que me deixa sem chão

O espelho está completamente partido e espalhado pelo espaço enquanto ele está encolhido junto à banheira com a cabeça nos joelhos e num choro compulsivo

Ajoelho-me ao seu lado e abraço-o sem eu própria ter noção do que estava a fazer, não havia nada que eu pudesse dizer porque eu simplesmente não compreendo o que está a acontecer e por isso limito-me a ficar em silêncio.



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