Espreguiço-me lentamente, tenho uma dor demasiado familiar nas costas, quando abro os olhos vejo-o perto da porta e no mesmo segundo eu encolho-me assustada não por ele estar ali mas pela sua expressão indesvendável.
-Parabéns- diz com um sorriso quase adoravél
-Obrigada....- pergunto ou não pergunto?
-O que foi? Estás a pensar no quê?-Ele franze a sobrancelha e aproxima-se impaciente por saber e passa a mão pelo cabelo tão escuro como as penas de um corvo
-Como assim esta vai ser a minha última noite aqui? Vou ser vendida?
-Não.- Ele responde frustrado e solta um suspiro- Apenas vais mudar de quarto é a tua prenda de anos, anda - estende-me a mão e eu fico a olhar para ela, acabo por me levantar sozinha
Caminho em silêncio e espreito por entre os fios de cabelo que me tapam o rosto para vê-lo. Está ao meu lado numa postura que não admitia perguntas, o casaco de cabedal, as roupas pretas e as tatuagens tornam-o intimidativo, não importa as vezes que eu o veja.
Numa parte do corredor, a parede é feita de vidro e eu paro por instantes para observar o instante, o quintal é enorme e eu consigo me lembrar da sensação da erva nos meus pés, é muito raro eu ir lá fora, só quando o tempo soalheiro e era-me permitido ter aula particular no exterior, não são bem aulas pois desconfio que a mulher que me as dá não tem essa profissão todavia são o suficiente para eu ter conhecimentos que devia ter apreendido senão tivesse vindo aqui parar.
-Vamos, se eu tiver tempo deixo-te ir lá fora hoje
Subi umas escadas e quando o fiz fiquei boquiaberta e ele ri-se, aqui o espaço não era simplesmente de cimento, o chão tinha um pavimento castanho-escuro perfeitamente limpo assim como as paredes brancas e decoradas com diversos quadros modernos.
Ele pára em frente a uma porta abrindo-a e fazendo-me um gesto para entrar.
O quarto tem o triplo do tamanho do meu e está preenchido com vários pertences masculinos, e é ai que eu percebo
- Bem-vinda ao meu quarto Ruby...
O meu coração dispara e eu cambaleio para trás sem conseguir me manter em pé... Isto não pode estar a acontecer não pode
Ele puxa-me de modo a que eu fique colada ao seu corpo e passa-me a mão pelo rosto enquanto me fita de um modo tão intenso que eu tenho a certeza que se o braço dele não me estivesse a rodear a cintura eu não conseguia estar em pé. Antes de eu me perder naqueles olhos azuis os lábios dele beijam os meus e eu perco qualquer tipo de raciocínio.
Demasiado cedo ele solta-me:
-Fica à vontade, assim que puder eu volto.
Saí e eu fico ali, sem me conseguir mover ou entender o que tinha acabado de acontecer
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TORTURADA
FanfictionNão escolhi esta vida, sou obrigada a sobreviver num bordel que também é um ponto para tráfico de mulheres. Andy Dennis Biersack. Se por um lado o tratamento especial que ele me dá permite-me ter um canto só para mim e estar algum tempo com ele, o...