Capítulo 17

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Custa-me a acreditar que estou a ver o meu próprio reflexo no espelho, a maquilhagem favorece-me os traços da cara e os olhos verdes, tenho vestido um top rendilhado branco que contrasta com os pequenos calções pretos com imensos detalhes nos bolsos.

Andy já não está no quarto e por isso só me vai ver na sala, estou nervosa, é a minha oportunidade de conhecer mais pessoas e talvez, conseguir descobrir alguma maneira de sair daqui.

Vou junto a Ellie para lá sem haver muita conversa pelo caminho, não simpatizei com ela, o sorriso parece demasiado forçado e o ambiente entre nós é desconfortável, é possível ouvir música antes de chegarmos, desta vez não entro pela porta principal mas sim pelos fundos. Ninguém repara em mim, todas as raparigas sabem os seus papeis menos eu.

Ellie que me havia abandonado por minutos, reaparece e dá-me rapidamente uma bandeja com bebidas:

- Se algum homem pedir para ficar contigo recusas e continuas, não fiques à conversa...ah, se te tocarem não dês importância agora vai - ela empurra-me ao de leve pelas costas e eu avanço em direção à sala

Tento que o meu nervosismo não se note no meu andar, a sala está cheia, homens de diversas idades, a maioria com ternos impecáveis, que colaboram para a existência deste lugar, dou por mim a procurar por Andy, todavia não o vejo.

A bandeja é despejada rapidamente, sou olhada de uma forma bastante nojenta várias vezes mas faço-me de despercebida assim como me desvio de mãos indesejadas, volto a repor as bebidas uma vez após outra, até ser chamada para recolher os pratos às mesas, e foi aí depois de ter desistido de eu procurar, que o vi na mesa seguinte.

A sua expressão é uma mistura de surpresa e agrado ao me ver aproximar, contudo o meu sorriso desaparece ao ver o pai dele do lado oposto da mesa, começo a pegar nos pratos quando sinto a mão de Andy na minha perna, sinto-me corar, e acabo por entornar um copo sem querer, vejo pelo canto do olho o pai dele franzir a sobrancelha e murmuro um pedido de desculpas:

-Como te está a correr?

-Bem - digo encolhendo os ombros, Andy pisa o meu pé e eu corrigo- Bem senhor biersack

-Ótimo, da próxima vez quero ver-te a dançar.

Pego nos pratos e regresso à cozinha, continuando o trabalho, doem-me as pernas mas não me atrevo a queixar, já mal noto na música ou nas várias vozes que se ouvem, estranhamente, habituei-me.

A sala já está vazia, pelo que me apercebi, pelo menos duas raparigas saíram daqui, desliguei a música como me havia sido pedido e foi apenas por isso que consegui ouvir um riso irritante de Ellie que me fez olhar para cima, o braço de Andy está por cima dos ombros dela, estam ambos sorridentes, e pelo que me havia sido dito por uma das raparigas que me ajudou a orientar aqui, o sitio de onde eles vem, vai dar aos quartos onde alguns compradores passam a noite.

No mesmo instante que aqueles olhos azuis se encontram com os meus, o seu sorriso diminui e ele retira o braço, mas não vem ter comigo, desvia o olhar e saí, ao passo que Ellie se dirige a mim ajeitando o cabelo:

-Fizes-te um bom trabalho podes ir, não te desvies do caminho- como é que ela pode dizer isso se nunca esteve comigo?

Aquilo mexeu comigo, não quero voltar ao quarto, não me apetece ver Andy...

TORTURADAWhere stories live. Discover now