Fico imóvel com aquela ordem, quando o vejo franzir a sobrancelha com impaciência, tiro com as mão a tremer a roupa interior sob o seu olhar:
-Aproxima-te eu não mordo- responde com um sorriso malicioso
Apesar do desconforto e repulsa avanço com dois passos firmes para junto dele, sou analisada por segundos breves de cima a baixo.
Este levanta-se e observa as minhas costas, sem pronunciar uma única palavra, e puxa-me até à casa de banho, de seguida liga a água fria:
-Entra na banheira.
Obedeço sem ter outra escolha e fico imóvel à medida que ele me lava. A água começa a ganhar uma tonalidade avermelhada à medida que ele passa a esponja pelas costas e eu sinto ainda mais vontade de sair dali. As lágrimas escorriam silenciosamente pela minha cara quando ele me perguntou:
-Doí?
Quase solto uma gargalhada, ele é louco, primeiro bate-me e depois fica preocupado com o facto de me doer, como se fosse a primeira vez que ele o fizesse.
-Ficas-te surda Ruby?- pergunta num tom baixo junto ao meu ouvido
Engulo em seco e obrigo-me a responder que sim de modo a que a voz não me falhe ou trema. A sua expressão continua serena mas ao mesmo tempo intimidante e portanto tudo indica que a minha resposta não o incomodou, provavelmente até está satisfeito.
Assim que ele acaba de aplicar pomada nas feridas, entrega-me dois comprimidos que eu tomo, já está a a tornar-se rotina, ele bate-me por eu desobedecer, de seguida ele trata de mim e tudo volta a repetir-se.
Deito-me de barriga para baixo de maneira a que as costas não me doam tanto:
-Aproveita bem a tua última noite neste quarto- diz ao sair
- ESPERA!- Saío da cama correndo em direção à porta no entanto ele já a tinha fechado e trancado
Resmungo e volto a deitar-me na cama irritada.
Desde o dia em que me raptaram e me puseram aqui, com apenas 5 anos, que estou neste quarto, a minha vida resume-se a isto, a um quarto de tamanho médio, sem cor nas paredes e com a decoração mais básica possível. No inicio ainda tinha uns bonecos mas à medida que eu cresci, apenas fiquei com uma secretária, um armário e uma cama de ferro.
Passo os dias à espera de que algo mude, tenho consciência de que estou a ser privilegiada em relação a outras raparigas que são imediatamente vendidas contudo não sei até que ponto isso torna a minha vida melhor que a delas.
No meio de tudo isto lembrei-me que apenas um dia é especial: o meu aniversário. E para ele ter dito aquilo é porque devo fazer amanhã 17 anos, 12 deles aqui trancada.
Apesar de as feridas já não me doerem tanto, o meu estômago implora por comida e eu aguardo sonolenta que ele me a venha trazer como sempre.
Finjo que estou a dormir e aguardo até a porta ser trancada novamente.
Devido aos castigos, à dois dias que não como e por isso devoro-a, acabando por adormecer mais reconfortada.
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TORTURADA
FanfictionNão escolhi esta vida, sou obrigada a sobreviver num bordel que também é um ponto para tráfico de mulheres. Andy Dennis Biersack. Se por um lado o tratamento especial que ele me dá permite-me ter um canto só para mim e estar algum tempo com ele, o...