Capítulo 26

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 Foi me posto umas algemas, nos pulsos e nas pernas. Levo novamente com a vareta no meio das pernas e eu contorço-me agoniada com a dor que se espalha por todo o meu corpo. Não é Andy que me está a fazer isto, é o loiro.

Chris e o outro homem saíram, com um sorriso nos lábios assim que  Andy começou a amarrar-me com várias cordas  extremamente apertadas,  não me olhou nos olhos uma única vez,deu uma vara ao loiro e encostou-se à parede coberta de espelhos.

Manter os olhos abertos tornou-se impossível, algumas lágrimas ainda escorrem pelas bochechas, choro por raiva, nojo e dor.  Estou deitada de barriga para cima numa mesa que tinha alguns objetos que eu nem consigo imaginar para que são usados.

As algemas estão ligadas por um ferro que me impede de fechar as pernas e por isso eu estou totalmente vulnerável, do mesmo modo que as cordas limitam a minha mobilidade a praticamente nenhuma, falta-me o ar, a minha respiração acelera ainda mais que a pulsação

Antes que a vara estale de novo no interior das minhas pernas oiço finalmente a sua voz:

-Chega. A minha submissa já teve o seu castigo.

Sinto a pressão em torno do meu corpo aliviar. Abro os olhos, a visão está turva mas eu consigo distinguir o vulto do loiro a sair da sala, o esforço de manter os olhos abertos parece-me demasiado:

-Ruby?- a voz está perto de mim,  contudo quando eu tento sentar-me na mesa a altura desta ao chão parece aumentar mais que o suposto e roda fazendo-me desequilibrar

Os seus braços seguram-me e o choro que eu pensava já se ter esgotado retorna com muito mais intensidade:

-Dave leva-a para o quarto

Continua tudo desfocado, sou pegada pelos braços dali para fora e levada para o quarto, sinto a pele dos meus pés arrastar pelo cimento contudo é apenas mais uma dor comparada às outras que tenho.

Sou atirada para aquilo que reconheço pelo toque como sendo a cama, e arrasto-me para o chão. Não quero estar naquela cama. As memórias que ela me traz são insuportáveis neste momento.

Encolho-me sobre o tapete numa tentativa de diminuir o frio, o meu corpo treme de uma maneira incontrolável ao mesmo tempo que arde dolorosamente em vários locais, mesmo sabendo que estou no chão sinto tonturas.

Ele não hesitou em entregar-me para o controlo de outro, não impediu, nem sequer teve a coragem de olhar nos meus olhos ou de me dirigir a palavra. Perco a noção dos minutos, de tudo, os meus pensamentos tornam-se meros borrões na consciência e eu acabo por permanecer no chão, sem roupa, magoada tanto fisicamente como psicologicamente, entregue à minha própria insanidade.

Quando  consigo abrir os olhos,  vejo que o quarto ainda está praticamente escuro, a noite ainda não acabou , junto as minhas últimas forças e tento puxar para mim a colcha sem sucesso. Oiço a porta abrir, afinal ele veio:

-Porra Ruby o que fizeste?!!? Ruby? Olha para mim -  o tom é de preocupação e ordem contudo é-me impossível obedecer

Sou posta em cima da cama mais uma vez, a água começa a correr na casa de banho e eu volto a sentir  a mão dele a tocar-me na cara, apenas me saí murmúrios impercetíveis, minutos depois ele metem-me cuidadosamente na banheira enchida agua quente, apenas aí me dou conta que o meu corpo gelado. De um modo lento, começo a conseguir sentir outra vez. Ele dá-me banho e veste-me sem que uma única palavra seja trocada entre nós. 

Tem um tabuleiro de comida em cima da cama, que ele mete no meu colo:

-Não mereces mas estás fraca e precisas de comer -  eu riu-me quase em desespero

-Então e a rapariga? Merecia ser maltratada e humilhada?- digo sem me importar se vou sofrer mais

-Tens de párar com isso de uma vez por todas, não ganhas nada em lutares contra nós, aceita de uma vez por outra como este sítio funciona, é o melhor para ti- ele leva o talher junto aos meus lábios e eu nego

-Não. Como é que me consegues pedir sequer isso? 

-Entende que eu não te vou conseguir proteger das tuas ações Ruby.

-Tu nem sequer me proteges de ti próprio-  o choque espalha-se pelo seu rosto e por segundos eu vejo dor nos seus olhos

Sem dizer nada, levanta-se e saí do quarto. Ponho o tabuleiro na cómoda sem tocar na comida e deito-me, não demoro muito a afundar-me nos meus pesadelos.



TORTURADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora