Capítulo 29

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"Tenho de ser paciente. O meu propósito é servir e satisfazer. Nunca recusar um jogo. Responder sempre, com humildade. Sou obediente e não minto"

-Repete.

-Eu entrego-me e tu recebeste - murmuro

-Ótimo, tens roupa em cima da cama que vais usar, põem-te apresentável e desce para jantares, tens vinte minutos

-Sim meu senhor

Subo as longas escadas com um nó na garganta, tenho de ser forte, este dia está a parecer-me interminável, pertenço por completo a uma pessoa que nem sequer conheço. Levo a mão ao pescoço e toco na gargantilha que me foi posta. Entro no quarto, é praticamente igual ao que eu tive apesar de ser mais moderno. Visto uma peça em látex preto que é nada mais nada menos do que uma espécie de sutiã e cuecas interligados, ainda tenho a pele com feridas e com alguns chupões, há volta dos pulsos ainda se nota uma risca avermelhada. A corrente de Andy continua no bolso das minhas calças, mudo-a para debaixo da almofada, percebo agora que é o que me resta,isso, as minhas lembranças e a música que ele cantou. Tenho medo. Tanto medo que me angustia e dificulta a minha respiração. Volto a descer.

Ele já está sentado na ponta da mesa e dirige-me um breve olhar que se desvia para as minhas pernas:

-Então foi por isso que foste tão barata, diz-me, qual foi o motivo do castigo?- ele saíu da mesa

O seu corpo assusta-me, apesar de não ser tão alto como Andy, é mais musculado e largo, o olhar consegue ser muito mais frio do que os dele o que contrasta com a pele morena:

-Responde. - ordena impaciente

-Descontrolei-me e bati num cliente importante- digo depois de clarear a voz

-Devia ser um cliente VIP presumo, também sou um, sabes o que é isso?- sinto-o aproximar-se por detrás de mim

-Não- reprimo a vontade de me afastar. Sou obediente, repito para mim mesma

-Significa que tenho como principal privilégio a liberdade de fazer tudo o que quiser contigo sem haver nenhuma consequência- a boca encosta-se ao meu ouvido e a mão desce pela minha barriga, sou virada contra ele- Ou seja, se me atreveres a fazer o mesmo acabo contigo. Senta-te.

Engulo em seco, tremo por completo e sento-me, a comida é-me servida assim que o faço:

-Posso saber o teu nome?

-Ethan, mas prefiro que me trates de senhor

Aceno ao de leve com a cabeça, não existe mais diálogo entre o jantar, apesar de o desconforto ir diminuindo, não deixo de me sentir intimidada, quando este acaba fico sem saber o que fazer:

-Qual é o teu nível de experiência?- a pergunta apanha-me desprevenida e eu sinto-me ficar com as bochechas vermelhas- Quero respostas rápidas e sinceras, és submissa, e portanto desabitua-te a essas vergonhas

-Baixo- ele franze a sobrancelha e espera por mais- Faz pouco tempo que eu..ahum..

-Já percebi. Estou seriamente tentado em fazermos waxplay contudo com a pele nesse estado é impossível

-Waxplay?

-Um jogo com velas. Deixo cair várias pingas de cera pelo teu corpo de maneira a torturar-te, não faz queimaduras graves se é isso que estás a pensar- diz enquanto veste o casaco- Vou sair. Parece-me desnecessário dizer mas de qualquer modo lembro que por enquanto não podes sair, muito menos sem ser acompanhada.

Fico sozinha nesta casa enorme, ou pelo menos, tenho a ilusão que estou sozinha, são escassos os retratos, estou cansada demais para explorar cada canto. Tenho direito a ver televisão, algo que antes não tinha todavia também me aborreço e acabo por subir para o "meu quarto".

Mil e um cenários passam pela minha cabeça, Andy.. não consigo parar de pensar nele, eu sei que é errado afinal de contas era tudo uma fachada,uma mentira, provavelmente Ellie está no meu lugar. Aperto a corrente dentro da palma da minha mão, parece-me estranho estar sem ele.

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Obrigada por comentarem e votaram isso deixa-me com muita vontade de escrever mais, queria também dizer que se em alguma semana eu não publicar será por falta de tempo ou msm imaginação minha, no entanto isso não deverá acontecer❤

TORTURADAWhere stories live. Discover now