Capítulo 27

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Os gritos da rapariga ecoam na minha cabeça de maneira ensurdecedora e eu ajoelho-me completamente agoniada e meto as mãos nos ouvidos numa tentativa de diminuir o som, todavia não resulta, está dentro de mim e expande-se com todas as dores que eu sinto como procurasse mais espaço no meu corpo para preencher. Agora sou eu que grito, utilizo todo o ar que tenho nos pulmões para o fazer, cravo as unhas na pele em volta das orelhas e a garganta fica seca.

Acordo. 

A respiração está mais acelerada que nunca e o ar parece-me insuficiente, repito para mim mesma que foi apenas um pesadelo contudo, sinto um ardor nas pernas e puxo o lençol para trás, vejo feridas que se iniciam ligeiramente abaixo da barriga e acabam acima do joelho onde a pele se encontra a poucos milímetros de sangrar e as lembranças tiram a minha vontade de me levantar. Como a comida do tabuleiro que tinha recusado e passo toalhas molhadas com água fria pelo corpo para aliviar o ardor, ao puxar as calças da cadeira para vestir vejo que a corrente de Andy caí e algo no meu peito aperta ao de leve, como se fosse uma má sensação, apesar de hesitar, meto-a no meu bolso, ainda não o vi hoje e por isso a preocupação que sinto desvanece ao ouvir a porta abrir. Contudo não é ele.... Senhor Biersack Nojento é quem acabou de entrar:

-Trata desta vadia. -  um homem alto entra, antes que eu consiga reagir, o seu punho atinge-me no queixo

Acordo novamente.

Estou numa sala pequena, contudo tem muita luminosidade que me dificulta a visão, está outro homem junto de Chris:

-Até que és bonitinha..- ele aproxima-se dirigindo-se a mim- Disseram-me que és rebelde mas isso não vai ser problema eu tenho um bom remédio para isso- a sua mão pega-me no rosto e fico a centímetros dos seus olhos de um castanho tão escuro que me sinto num abismo de escuridão- Eu vou usar-te da maneira que quiser e tu obedecer se quiseres continuar viva não é?

Ele afasta-se  a sorrir e aperta a mão de Chris para quem olho sem entender nada:

-Parabéns! Acabas-te de ser vendida!- os lábios contorcem-se num sorriso totalmente perverso e maldoso e eu encontro-me novamente assustada

-Vendida?- murmuro sem acreditar

- Exatamente. Não faças essa cara eu até me dei ao trabalho de tratar da venda pessoalmente, fiz questão de escolher o meu cliente VIP favorito -  ele acende um cigarro sem desviar o olhar do meu

- Eu não posso ser..eu..- as palavras atropelam-se e sou interrompida

-Tu o quê? Achas-te realmente que eu ia aceitar tudo isto? Enganas-te. Apenas estive à espera da oportunidade certa para me ver livre de ti

- O que é que o Dennis disse disso?

- Vou te dar outra novidade, ele não quer saber- desvio o olhar, sem conseguir acreditar no que me está a acontecer- Ohhh, ficou triste a menina? Não passavas de um divertimento dele, uma "puta de estimação", tenho a certeza que ele irá arranjar outra rapidamente, e quanto a ti, vais parar à casa de quem te irá ensinar maneiras

- Vocês metem-me nojo- digo num tom arrastado e quase inaudível

-Eu sei querida, o sentimento é mutuo- ele vai até à porta e mais uma vez vejo o rosto que me havia deixado inconsciente

É me posto uma venda nos olhos assim como uma tira de pano na boca que me impede de gritar, mesmo que pudesse, acho que não conseguiria, sinto-me partida mais uma vez em demasiado pouco tempo.

Ando durante vários minutos, uns braços pegam-me e eu sou atirada para dentro de algo, tremo de medo e por mais que tente evitar, as lágrimas escorrem-me pela cara. Não consigo acreditar que Andy permitiu que isto me fosse feito, eu queria sair dali, contudo não era assim.

Sinto que o que me espera é muito pior do que o que tive de enfrentar até agora, estou aterrorizada e por mais magoada que eu esteja, só quero puder encostar a minha cara no seu peito enquanto os seus braços me envolvem e trazem alguma sensação de segurança.








TORTURADAWhere stories live. Discover now