Capítulo 19

3.7K 270 5
                                    

~Andy a narrar~

Acordo com o som de pancadas na porta, pela maneira rude e as horas que são não fico surpreendido por ver Chris quando a abro:

- A rapariga morreu, vai tratar do que é necessário.

- O quê? Que rapariga? - pergunto confuso

- A que tentou fugir - olho para ele espantado com a sua frieza - Não olhes para mim assim como se isto nunca tivesse acontecido, vai despacha-te

Ele não espera por mim, simplesmente encosta a porta e vai embora, ele está errado, isto nunca tinha acontecido, todas as raparigas que tentaram fugir foram castigadas e vendidas para clientes que querem apenas uma noite de diversão, nenhuma tinha morrido por minha causa, ou pelo menos diretamente.
Visto-me sem dar qualquer importância ao que é, e tento fazer o mínimo barulho possível para não acordar Ruby.
Sinto-me zonzo, as minhas ações parecem ser automáticas e isso incomoda-me, decido ignorar o facto de ter acordado à menos de 10 minutos e acendo um cigarro, caminho rápido e saio do edifício por uma porta disfarçada na parte de trás, sou das poucas pessoas que tenho acesso a ela, passo a chapa do meu colar pelo scan e desço as escadas.
É o segundo cigarro :
- Estavas perdido?? Toma conta do resto vou tirar o dia para mim - recebo uma palmada de Chris nas costas que ignoro.
Tem um corpo enrolado num plástico no chão, apenas Dave fica comigo, o outro rapaz segue Chris e eu quase riu-o do desespero de Dave ao olhar para o chão, é bom para  o cargo contudo ainda lhe falta sangue frio:
- Pega no corpo e segue-me
Não preciso repetir ele nem hesita, evito pensar que fui eu que causei a morte da rapariga, provavelmente fiz-lhe um favor, contudo não posso dizer que me sinta orgulho na verdade, imaginar a reação da Ruby ao saber envergonha-me.
  Vou até um anexo que praticamente não é usado, o chão é de pedra escura com uma estrela satânica no meio onde eu deito gasolina:
- Tira-lhe o plástico, não queremos que faça fumo
  As mãos dele tremem à medida que desenrola o corpo, a pele está escura, coberta de hematomas, os lábios ainda tem sangue assim como o peito que tem pequenos fios que deslizaram pela garganta, óbvio que isso não importa mas o certo é ter morrido com uma hemorragia interior:
- Deita-a na estrela
- Tem a certeza?- franzo a sobrancelha
Terceiro cigarro. Acendo-o enquanto pego nos fósforos que tinha trazido no bolso:
- E agora? - oiço-o perguntar assim que volta para perto de mim
- Agora... - acendo os fósforos e atiro- Deixa arder
É hipnotizante ver o fogo cobrir o símbolo no chão enquanto as chamas envolvem o corpo
A parede de rede vai permitir que o fumo se espalhe sem que seja visto.
Sinto-me estranho, como se tivesse um peso nas costas, desta vez, o motivo foi eu. Causei a sua morte, contudo agora não vale apena lamentar isso.
  Volto para dentro com Dave, nenhum de nós deseja ver ou cheirar o que se segue.
Quarto cigarro.

TORTURADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora