Capítulo 11

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   Já passou quase um dia desde que vi o Andy assim, creio que nunca irei esquecer o que vi e no entanto deitei-me ao lado dele na mesma, não dormi  nem comi praticamente, ontem continuou a agir como senão tivesse acontecido nada e eu continuo sem conseguir travar o que sinto por ele.

 Sei que ele já acordou e que se está a vestir mas eu permaneço de olhos fechados e finjo estar a dormir profundamente até este sair do quarto.

Ainda sinto os braços dele à volta do meu corpo, o calor, a respiração.

Levanto-me e dirijo-me à casa de banho, tem um novo espelho que eu faço questão de evitar, é desnecessário ver o meu estado degradante. Deixo que a água quente deslize pelo meu corpo por vários minutos até eu me encontrar completamente relaxada e limpa.

Enrolo-me na toalha preta com bordados dourados e ao sair fico imóvel ao ver que na beira da cama está o pai do Andy que de imediato desenha um sorriso nos lábios ao ver-me:

- Demoras-te tanto tempo que já estava a pensar juntar-me a ti- diz alargando ainda mais o sorriso, sinto todo o meu interior a ser revirado

- O..- calo-me ao perceber que ia dizer o nome - Ele não está

Aperto a toalha ainda mais contra mim mas não me atrevo a avançar, quero a maior distância possível:

- Ora eu sei que não, foi por ti que vim- ele levanta-se e o seu olhar analisa-me de cima abaixo- Diz-me querida, não me queres mostrar o que tens por debaixo dessa toalha?

Estou paralisada, de nada me adianta gritar nem tentar fugir:

-Não não quero -  respondo enquanto tento que a voz soe o mais firme possível

- Acontece que o que tu queres não me interessa porque sou eu que mando e tu vais me obedecer

A sua mão coberta por tatuagens tenta tocar na parte de cima da toalha e eu afasto-me dando-lhe um estalo sem pensar. Toda eu tremo ao ver a sua expressão de choque  e raiva.

Sem ter força suficiente para impedir ele arranca-me a toalha sem desviar o olhar e dá-me um estalo que me faz perder o equilíbrio. Estou nua e com o lado esquerdo da cara a arder.

Ele puxa-me pelo cabelo e levanta-me e toca-me com a outra mão, sinto repulsa e no entanto por mais que tento me afastar parece impossível

Não o oiço chegar mas vejo Andy completamente fora de si a empurrar aquele homem nojento para longe de mim, enrolo de novo a toalha à minha volta e dou a mim mesma dois segundos para tentar perceber o que estava a acontecer.

O Andy está ao murros ao pai que está estendido no chão, não o quero impedir porque é merecido mas é perigoso fazer esta afronta e por isso tento com bastantes dificuldades impedi-lo.

Acabo por conseguir que ele pare percebendo depois que estava a sangrar da cara apesar de não saber bem porque, provavelmente um dos seus golpes acertou-me e eu não reparei, todavia isso era irrelevante:

-Ruby, ruby- ele diz com a respiração desregulada - Estás bem? O que é que ele te fez? Desculpa a culpa é minha, a culpa é minha

Estou sem palavras, aconteceu tudo muito rápido  e nós os dois estavamos metidos em sarilhos dos grandes:

-E agora?- digo ao olhar para o aquele ser humano nojento estendido no chão com o rosto desfigurado

-Agora eu vou fazer aquilo que devia ter feito à muito tempo- o seu tom conseguia ser ainda mais sombrio que o azul dos seus olhos - Veste-te e espera que eu já volto

- Então e se ele acordar??

-Não te preocupes eu vou ser rápido

Recebo um rápido beijo na testa e sou deixada ali com mil e um sentimentos ao mesmo tempo e uma toalha no corpo





TORTURADAWhere stories live. Discover now