Ceres - O Retorno Da Escuridão [LIVRO 3 - COMPLETO]

Capítulo Nove

A jovem se aproximou para ajudá-la e mesmo que não tivesse feito um movimento brusco para perto da mulher, ela se encolheu e prensou os olhos, como se esperasse uma agressão.

– Não vou machucá-la – Oksanna sussurrou, com os olhos arregalados. Ela ajoelhou-se no chão e a observou. A mulher não a respondeu, somente agachou-se com dificuldade.

– Sente dores na perna?

A aia continuou sem dizer uma palavra.

– Ela é muda – Maymuna revelou quando retornou para o âmbito.

Oksanna observou Oumou recolhendo os frutos do chão, ainda evitava seu contato visual.

– Nasceu assim?

– Não. Mas já é há tanto tempo que não saberia dizer quando se tornou.

A princesa recolheu alguns frutos do chão e os colocou na cesta, ainda olhando a aia que parecia constantemente assustada.

Maymuna se aproximou dela e a ajudou levantar do chão, ignorando a aia que apresentava mais problemas de equilíbrio.

– Precisamos prepará-la para o jantar, minha princesa.

Maymuna a levou para a sala de banho, onde Oksanna encontrou uma banheira imensa. A criada se apressou para tirar suas roupas e a princesa privou-se de pedir por mais privacidade. A menina analisou de baixo a cima seu corpo, não foi discreta em fazê-lo.

Oksanna subiu nas escadas e adentrou a banheira que tinha a água mais quente do que o previsto.

– Preferiria óleo de girassol ou de rosa mosqueta, Vossa Majestade?

Talvez a aia a achasse arrogante por corrigi-la, mas majestades eram apenas para reis.

– Por favor, apenas Oksanna – pediu gentilmente, abaixando-se na água fervente. – Qual você aconselharia?

– Rosa mosqueta.

Ela assentiu e observou a aia jogar pétalas na água acrescentando aos poucos o óleo.

– O óleo em si não tem um cheiro agradável, mas traz benefícios a pele, por isso das pétalas. Poderia esfregar seus braços?

Oksanna assentiu, acostumando-se com a água.

– Serve este castelo há muito tempo?

A garota arqueou os olhos, parecia ter sido pega de surpresa pela pergunta. Deixou um sorriso neutro estampar os lábios e respondeu:

– Nasci escrava.

Oksanna tornou a balançar a cabeça, sem saber o que mais poderia dizer. E para sua sorte, a aia decidiu puxar assunto enquanto esfregava suas costas.

– Você vem de Helsker, certo? Gostaria de conhecer o reino.

– É meu lugar favorito no mundo.

– Já viajou por outros lugares? – Ela sentiu a animação na voz escapar.

– Não – a princesa admitiu, envergonhada. – Mas tenho certeza que nunca gostaria de nenhum outro lugar, Helsker é minha casa.

– Ouvi dizer que você tem muitos irmãos...

Foi a deixa para Oksanna deixar o tempo passar falando de sua família, especialmente de Ekos. Seu adorado irmão que nunca esqueceria.

Depois do banho, trajaram a menina com roupas limpas e preparam seu cabelo e maquiagem. Em seguida pôs o vestido, Oksanna notou rapidamente como o traje escondia todo o seu corpo, não deixava nem mesmo os braços de fora, nem o pescoço. Era um tecido colorido e com um aspecto alegre, não muito tempo mais tarde, Earleen apareceu nos aposentos para levar a princesa ao jantar.