Capítulo Quatorze

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Abro meus olhos e fito o teto acima de mim. Viro para a direita e a escuridão da noite banha meu quarto, exceto por uma luminária acessa em meu criado mudo. Meus olhos correm por todo o ambiente e paro de repente ao ver Joseph todo torto jogado em uma poltrona que tem enfrente a minha cama. O que ele faz ali? Minhas memórias são recapituladas e eu relembro tudo. Ele me trouxe para casa mesmo pelo visto. Joseph estava sem o blazer apenas com sua calça social e com a blusa aberta. Aproveito a oportunidade para avaliá-lo. Quem, realmente, é você Joseph Ferrari? O jeito como ele me defendeu, o modo como me respeitou e me deu escolhas a todo momento não é típico do garanhão "sem coração" que ele passa ser. Isso sem falar com a preocupação clara que ele apresenta com o filho. Eu olho para Joseph e esqueço esses pensamentos. Esse é um caminho muito perigoso, um caminho que eu não estou disposta a percorrer.

Reparo em minha roupa e vejo que estou com um pijama confortável. Obviamente Joseph trocou minha roupa. Um calor cresce dentro de mim ao pensar em suas mãos me tocando. Puta que pariu! Parece que minha teoria estava errada! Só poderia estar... eu jurava que se ficasse com ele essa última vez toda essa excitação que sinto por ele passaria rapidamente, mas não, pelo visto eu estava errada.

Lembro-me que amanhã é segunda feira e que possivelmente Joseph iria trabalhar. Vê-lo daquela forma na poltrona me incomoda e resolvo que não posso deixá-lo assim. Eu levanto de minha cama, arrumo os travesseiros ao meu lado e puxo o lençol. Caminho em direção a Joseph. Eu toco seu rosto suavemente enquanto chamo por ele.

— Joseph. — insisto — Joss.

Resmungos sem sentido vem da boca de Joseph. Ele abraça meu braço esticado me fazendo quase cair em cima dele. Eu o chamo novamente:

— Joss, por favor, acorde. Vem para a cama.

Ele parece estar meio acordado e meio dormindo. Eu sorrio porque isso é engraçado e novo para mim. Nunca podia imaginar que ele era assim.

— Oi? Kat — sua voz é um resmungo — Ir o que?

Eu o puxo devagar e ele se levanta cambaleando. Eu o levo para a cama e ele se joga em cima da mesma. Eu sorrio ao olhá-lo apagado como se nada tivesse acontecido. Me deito ao lado dele, no outro lado da cama, me ajeito e nos cubro. Isso não é nada demais Katherine, você só está preocupada dele acordar com dor, e esse é o único motivo dele estar na sua cama agora. Nada demais!

Eu me aconchego na cama e fecho meus olhos, em poucos instantes Joseph se arruma na cama e joga sua perna e seu braço para cima me mim, me deixando quase presa embaixo dele. O peso e o calor de seu corpo são bem vindos. Confesso que nunca gostei de dormir sozinha. Então eu fecho os olhos e inspiro o cheiro dele. Sua respiração em meu pescoço me trás a sensação de aconchego, de intimidade, e isso me dá medo.

Um grito ensurdecedor soa me fazendo despertar

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Um grito ensurdecedor soa me fazendo despertar. Eu literalmente pulo da cama e corro em direção ao som. O que está acontecendo? Chego às pressas na cozinha e ao me deparar com a cena eu não sei se morro de rir ou se choro. Suzana, a jovem brasileira que trabalha aqui em casa, está com a boca aberta e com olhos arregalados em direção ao fogão, e no fogão está Joseph apenas de toalha enrolada na cintura. Entre as opções disponíveis eu apenas gargalho levando a atenção dos dois a mim.

— Senhorita Katherine, eu juro que não sabia que tinha alguém aqui, me desculpe eu...

Eu interrompo a menina que parece estar prestes a ter um infarto. Não sei se por causa de mim ou pelo homem que está semi nu na cozinha.

— Calma Suzana, está tudo bem...

— Bom dia, Kat querida! — Joseph se vira com a frigideira na mão — E bom dia, Suzana? Me desculpe pelo susto.

A menina está vermelha como um pimentão e eu noto seu olhar passar pelo corpo de Joseph. Ela se vira e diz para mim:

— Novamente, me desculpe senhorita Katherine. Eu começarei com a lavanderia hoje, se me permite.

Eu aceno a cabeça dando permissão para ela ir e me viro para Joseph que sorri como um gato.

— Mas hora essa! Qual a necessidade de você estar assim na cozinha Joseph?

— Na realidade Kat, eu tomei a liberdade de tomar um banho e eu não queria colocar a mesma roupa, então fiquei apenas com a toalha enquanto espero alguém trazer uma roupa para mim...

Eu o encaro de cima a baixo, completamente descrente do nível de sem-vergonhice desse cidadão. Eu não acredito na praticidade de Joseph de resolver as coisas.

— Ah sim! Ok então Joseph, fique a vontade. E ah, obrigada por ontem, eu sinceramente não sei o que aconteceria se você não tivesse chegado...

Joseph passa pelo balcão e vem até mim. O cheiro de limpeza me enche as narinas e seu cheiro estava bem ali. Eu poderia estar em qualquer lugar do mundo e saberia que ele estava num ambiente antes mesmo de vê-lo. Ele ergue meu queixo, que eu nem sabia que estava abaixado, e me fita com seus olhos azuis. Novamente a sensação de que ele poderia enxergar por dentro de mim vem, e eu não sei o que fazer.

— Nem pense nisso! Nada te aconteceria, porque eu te acharia de qualquer maneira. Ele nunca mais vai te incomodar. Você nunca mais vai vê-lo se não quiser. Tem a minha palavra.

E eu acreditei nas palavras de Joseph. Eu não sabia o porque e nem como, mas eu confiava nele e sabia que de alguma forma ele estava certo e estaria comigo quando eu precisasse.

— Obrigada! Por tudo. — consigo dizer.

— Bem Kat, por mais que eu goste muito de te ver babando pelo meu corpo a essa hora da manhã, eu preciso ir trabalhar... mas antes — ele aponta para o balcão — preparei nosso café da manhã.

Eu olho para o local que ate então não tinha percebido e vejo que realmente há um café da manhã pronto. Ovos mexidos, frutas cortadas, cereais, sucos, chá e café. Mas quem poderia esperar por essa? Eu nunca imaginaria Joseph tendo esse trabalho.

— Na realidade Kat, você leva muito pouca fé em mim, e isso é bom, na verdade... assim será difícil eu te decepcionar...

Droga. Droga. Eu falei alto de novo? Mas que merda! Eu já estou cansada de ser assim. Nunca me serviu para nada de bom!

— Desculpa Joseph, mas é isso que você quer que eu pense, não? Que você é completamente esse cafajeste egoísta que aparenta ser?

Antes que eu pudesse pensar as palavras escapam de minha boca. Eu já estava preparada para ele ser frio, ou entrar no personagem de garanhão malandro dele, mas então ele sorri e diz:

— E o que você acha que eu sou Katherine?

Joseph me instiga e intriga, ele me faz pensar em quantas máscaras as pessoas ao meu redor podem ter e eu não perceber. Com certeza eu não achava que ele era um cruel sem coração. Eu sabia que ele claramente aproveitava a vida e que aventura e prazer poderiam estar tatuados em sua testa, mas eu também sabia que pelo que já vi dele existia um outro lado que valia a pena ser conhecido, o lado de um homem protetor, que quando amasse alguma mulher daria o
mundo a ela, mas eu também sabia que se eu viesse a conhecer esse homem eu corria o risco de gostar demais. Então pondero antes de falar em minha resposta. Eu tenho a alternativa de fazê-lo acreditar que eu acredito em seu personagem, ou mostrá-lo o que eu realmente acho. Então eu decido por ser eu mesma.

— Eu acredito, que você é um super cara, que é bom, que ama sua família, que tem o extinto de proteger quem você gosta e que tem medo de amar. E que tem medo de sair desse personagem e ser ferido. É mais fácil fingir que não tem um coração do que ser machucado tendo um.

Joseph apenas me olha dos pés à cabeça e fala mais Lara ele mesmo do que para mim.

— Que Deus me ajude com isso, mas você é perigosa demais para seu próprio bem Kat.

KATHERINE - Livro Dois - Trilogia Russell's CompanyWhere stories live. Discover now