Capítulo Oito

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Ele estava bem ali. Parado atrás de mim. E eu fiquei alguns segundos tentando entender o motivo.

— Mia bella, que feliz coincidência, não?

A verdade era que eu não sabia. Um lado do meu coração se alegrava em vê-lo novamente, já outra parte não, a outra parte lembrava das coisas que Joseph me fazia sentir e tinha medo. Mas eu resolvo não dar ouvido a lado nenhum. Agirei com cordialidade e amizade, que era o máximo que ele teria de mim.

— Realmente, surpreendente! — sorrio.

Joseph caminha em minha direção e se aproxima da cadeira ao meu lado, ele olha para a cadeira e para mim fazendo um gesto silencioso com a cabeça, como se me pedisse permissão para sentar. Eu apenas aceno positivamente e o vejo sentar ao meu lado.

— Ah, obrigada pelas flores! Achei um exagero, para ser sincera, mas lindas.

Vejo Joseph me medindo e rindo para mim. Acho que ele parece satisfeito por eu ter gostado. Com certeza se ele pudesse ver meu rosto no momento em que li o cartão ele saberia que eu não simplesmente gostei, eu amei, mas eu não daria essa satisfação a ele, amigo ou não.

— Que isso, Kat... como disse, sou seu escravo, em todos os sentidos... — ele enfatiza.

— Pelo amor de Deus, Joseph. — eu gargalho — Você é apenas meu amigo, e simplesmente isso. E esqueça aquela aposta, por favor...

O meu senso diz que eu fui certa e madura em finalizar essa aposta. Mas por outro lado eu sabia que sentiria falta dos flertes com Joseph.

— Por que Kat... — ele diz se aproximando de meus ouvidos — Acha que vai perder? Ou já perdeu...?

Ele está insinuando que já estou apaixonada? Só em sonho! Joseph conseguiu mexer com um lado competitivo meu. Se ele acha que será assim fácil e acabou está muito enganado.

— Eu? Perder? Essa palavra não existe no meu vocabulário. Mas então vamos lá Joseph... tá na hora de você traçar estratégias melhores do que inflar seu ego e marcar território...

Joseph sorri como um gatuno e se aconchega na mesa. Vejo ele me medindo e sua boca se abre e diz:

— Bem, mia bella, acho que vou ter que me empenhar mais... Contudo... — ele enfatiza — Prometa que não vai me sabotar... Terá que realmente estar disponível para mim, afinal não posso ganhar estando ausente...

O que ele fala tem sentido. Mas será que eu estava disposta a correr o risco de ficar com Joseph algum tempo? Será que eu poderia me permitir isso? Será que... Foda-se! Sim, eu já havia decidido que ia viver intensamente e se uma aventura com Joseph não for intenso eu não sei mais o que é.

— Concordo! — digo rapidamente.

Joseph me encara com um sorriso bobo. Ele pega uma mecha de cabelo que estava solta e mexia com a mesma, sem tirar seus olhos profundos dos meus. Involuntariamente, minha mente traidora me lembra desses olhos sobre mim enquanto transávamos. Isso não vai voltar a se repetir Katherine.

Excelente! Então podemos começar hoje? Mais tarde será o coquetel da inauguração da nova Ferrari Londres, imagino que tenha recebido meu convite, mas agora é pessoal, gostaria de ser minha acompanhante?

Na mesma hora a minha vontade era de negar avidamente, mas não posso sabota-lo desse jeito. Preciso que ele pense que ele tem alguma chance. Depois de tudo que eu passei, me apaixonar agora seria impossível.

— Bom, eu poderia ir...

Joseph ja estava com uma super cara de convencido antes de eu terminar de falar.

— Mas... — continuo — Sinceramente não acho uma boa ideia, afinal somos pessoas conhecidas, você mais do que eu inclusive, nossa ida juntos pode levantar algum tipo de questionamento... — concluo.

— E isso não seria romântico? Já posso ler as noticias: "Joseph Ferrari e Katherine Russell são vistos juntos — Pela primeira vez na história, Joseph Ferrari vai acompanhado sem ser por familiares a algum evento, e a eleita não é nada mais, nada menos do que Katherine Russell."

Eu gargalho com a imitação de Joseph, suas mãos estavam levantadas como se realmente imaginasse ali o jornal com aquela notícia. Sério mesmo que eu seria a primeira mulher não família a ir com ele em algum evento público? Novamente, aquele cantinho do meu coração se agita e minha alto estima se alegra em pensar nessa consideração.

— Bem, então só me resta te prestar esse favor.

O homem ao meu lado sorri perante minha insinuação. Era claro, para mim e para ele que Joseph só não foi acompanhado por que não quis, se a beleza dele não fosse levada em consideração, com toda certeza a conta do banco seria. Não que isso significasse algo para mim, afinal, eu não preciso, e nem quero, de uma libra ou real dele.

Meu noodle chega e o de Joseph também, nem havia reparado que ele havia pedido um, provavelmente foi antes de falar comigo. Nosso almoço foi tranquilo. Conversamos sobre a economia, sobre nossas empresas e nossos trabalhos. Nossa conversa foi sóbria por 98% do tempo, mas nos outros 2% Joseph flertava e insinuava diversos tipos de coisa, algumas até que me faziam corar.

Ao final do almoço, Joseph disse que fazia questão de me levar em casa. Eu gostava de sua companhia, ele era agradável, inteligente, bonito e não exigia nada de mim. E isso era o que eu precisava agora. Então por todos esses motivos, eu aceito que ele me leve em casa e vamos andando tranquilamente em direção ao meu prédio.

— Bem, Kat, agora uma pergunta importante: você voltaria no tempo e mudaria algo da sua vida?

Essa pergunta me faz pensar. Será que existe alguma coisa que eu mudaria? Será que deixaria de conhecer Mason? Será que voltaria ao dia de morte do meu pai? Será que eu mudaria a minha reação na primeira briga com Mason? Será que eu voltaria a minha infância? Não sei.

— Na verdade — respondo depois de pensar — Acho que não voltaria a nenhuma data. Tudo que me aconteceu, sendo bom ou ruim, construíu quem eu sou e quem me tornei. Inclusive as dores e amores.

Meu coração se embarga de muito sentimentalismo e sinto que estou prestes a chorar. Então, para quebrar o clima sentimental eu digo:

— Inclusive eu poderia não te conhecer... e isso seria horrível.

Eu pisco para Joseph ao terminar de falar e sorrio. Ele percebe minha estratégia mais resolve não falar nada. Ele então me olha e diz:

— Acho que já estou me apaixonando... — diz botando a mão no coração.

Antes mesmo de eu conseguir responder ou reparar em qualquer coisa, percebo que chegamos na fachada do condômino, eu paro indo em direção ao portão, ao perceber para onde eu estava indo Joseph diz:

— Você mora aqui? — ele aponta para o prédio.

Eu apenas acompanho seus dedos com os olhos e vejo onde quer que ele estivesse apontando. Ao constatar que era realmente meu prédio eu confirmo:

— Sim — digo — É aqui mesmo, porque?

Ele sorri, me causando arrepios indesejados e diz:

— Eu também moro aqui! Acho que seremos vizinhos Katherine querida.

KATHERINE - Livro Dois - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora