Capítulo Cinco

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A noite foi tranquila, uma das melhores se eu for sincera comigo mesma, desde que terminei com Mason. Não credito isso a Joseph, dou crédito a mim mesma que fui corajosa o suficiente para verbalizar e aceitar tudo que eu passei, e que estou caminhando para a luz.

Eu acordo e vejo Joseph ainda dormindo ao meu lado. Ao olhar para o relógio percebo que na verdade já é quase hora do almoço e que meu voo para Londres sai amanhã de manhã no Rio. Ou seja, preciso viajar hoje ainda para a capital a fim de pegar meu voo para Londres. Eu amava Búzios, e sei que devido a isso, eu adorei a escolha de Estevão e Olívia, ambos que a essa hora já estariam na lua de mel. Eu me levanto, e vou em direção a sacada do quarto. As ondas do mar quebram e o barulho me relaxa.

— Kat?

Uma voz rouca vem de trás e olho para o lugar. Lá estava Joseph, super a vontade apenas de cueca, encostado na porta da sacada. Seus olhos pequenos estavam ainda menores devido ao fato de ele ter acabo de acordar. Eu o encaro por um segundo e me permito admirar sua beleza. Realmente, ele é um homem e tanto.

— Bom dia...

— Bom dia, achei que tivesse fugido... — ele comenta.

— Por que eu faria isso?

Ele apenas me avalia, como sempre, e sorriu. Ele então caminha em minha direção e beija minha testa.

— Não sei — ele diz — Talvez você percebesse que eu sou irresistível e fosse embora antes de se apaixonar perdidamente por mim...

Eu tento me conter mas não dá.  Uma gargalhada surge em minha garganta e eu não consigo segurar. Me apaixonar por ele? Seria como assinar uma sentença de sofrimento... Afinal, o cara é bonito, jovem, inteligente e dono da Ferrari. Eu não seria boa o suficiente para conquista-lo.

— Jamais diga isso novamente! — Joseph me encara com o rosto sério.

Puta que pariu, pensei alto de novo. Mas que merda de mania Katherine! O olhar de Joseph é sério e eu não entendo o motivo dele ficar tão chateado desse jeito. Joseph se aproxima de mim e pōe suas mãos em meu rosto. Ele baixa seu olhar para mim e diz:

— Por favor, Katherine. Você me disse que eu sou seu amigo, então me ouça: Você é linda, inteligente, uma puta profissional e merecedora de qualquer cara que considere ter. Se olhe todo dia no espelho e pense: Eu sou foda! E um dia, quando você tiver alguém, essa pessoa deve saber que ele é o sortudo por tê-la e não importa se ele é o presidente dos Estados Unidos ou o Príncipe Henry!

Eu observo com atenção o olhar de Joseph, ele me parece realmente indignado pelo que eu falei. Eu sinceramente não sei do motivo pelo qual ele se importa. Afinal, eu sou apenas mais uma que ele pegou e que vai esquecer. Uma raiva me bate, pelo modo que ele falou, como se me conhecesse, como se soubesse que era isso que eu precisava, como se realmente se importasse. A complexidade do momento me atinge e então eu solto sem pensar:

— Que lindo Joseph, vindo de um cara que eu acabei de conhecer... Por que você se importaria? O que você tem de diferente de outros caras?

Joseph tira as mãos do meu rosto e percebo que seu olhar se tornou de sobremaneira triste. Na mesma hora me arrependo do modo grosseiro como eu falei. Eu sei que estou "certa" de duvidar das intenções dele, mas isso não justifica a minha ignorância.

— Desculpe... — digo.

— Não! — ele diz — Me desculpe você... Eu não tenho esse direito. Afinal, não somos mais do que estranhos...

Aquelas palavras me soaram duras. Algo vindo do coração de alguém que estava chateado de verdade. Mas para ser sincera, chega de drama. Eu sozinha já tenho sentimentos confusos o suficiente, não preciso de pessoas que adicionem mais. E definitivamente, Joseph estava adicionando alguns, e talvez adicionasse ainda mais, coisa que eu não estou disposta a pagar para ver.

Eu simplesmente resolvo partir, partir logo antes que algo pior acontecesse. Então explico a Joseph que eu deveria ir para casa logo, pois meu voo seria amanhã. Como se soubesse que não valeria a pena discutir comigo, Joseph apenas assente e diz que foi um prazer me conhecer, e que eu ainda poderia considerá-lo um amigo. Eu recolho minhas coisas, troco a minha roupa e me despeço dele.

— Agora que somos amigos, podemos nos ver novamente? — Joseph diz.

— Depende de como... Se for só como amigos, tirando as partes de beijos e tudo mais, é claro!  — digo.

— É claro que é como amigos! Só não sei por quanto tempo será assim...

— Você está tentando me dizer alguma coisa Joseph Ferrari? — rebato chocada.

— Estou, Katherine Russell, estou dizendo que em breve você estará apaixonada por mim... e então vai me implorar para "beijos e tudo mais" — ele diz.

Eu gargalho com o diálogo maluco e apenas aceno ao sair. O elevador chega e eu e Joseph, que insistiu em me levar no carro, entramos no mesmo. As portas do elevador se fecham e  eu me viro para Joseph e digo:

— E quem disse que não será você a se apaixonar?

O rosto de Joseph parece brilhar com o desafio implícito nessa mensagem. Não que eu realmente tivesse qualquer expectativa sobre ele, ou sobre existir um dia um "nós", é só que flertar com ele me fazia me sentir viva, me fazia me sentir eu. Então eu resolvo continuar o jogo.

— Eu nunca me apaixonei — ele desabafa sorrindo como se isso lhe garantisse a vitória.

O elevador se abre no térreo e ele me acompanha até onde está meu carro. Eu abro o mesmo e arrumo minhas coisas, enquanto Joseph apenas me observa. Então resolvo responde-lo:

— Para tudo existe uma primeira vez...

Eu ligo o carro e estou pronta para ir. Joseph então se aproxima da janela aberta e se debruça na mesma.

— Então que os jogos comecem... e eu já sei quem vai perder...

O safado então me beija no canto da bochecha, bem próximo a minha boca e sorri como um felino prestes a atacar. Eu correspondo o sorriso me divertindo com a situação.

— E com certeza, não serei eu. — ele diz por fim.

Eu apenas sorrio e saio com o carro. A estrada até a capital é longa, então eu teria tempo de pensar em tudo que aconteceu. E o meu medo era esse.

KATHERINE - Livro Dois - Trilogia Russell's CompanyNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ