Capítulo Sete - Joseph

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Eu tentei. Eu realmente tentei me afastar de Katherine. No momento em que eu a vi no elevador, no momento em que ela foi tão sincera quanto ao seu desejo eu sabia que algo iria acontecer, e sinceramente, eu iria dormir com ela e depois desaparecer, como o costume habitual. Mas então, ela se superou, não apenas sexualmente falando, mas sua sinceridade me destruiu, e um extinto protetor em relação a ela surgiu no fundo do meu coração. Talvez eu estivesse tentando fazer por ela, o que eu não consegui fazer com a minha irmã. Talvez Deus tenha enviado à Katherine a mim como uma forma de me redimir pelo que fiz com Daphne. Mas quando ela foi tão sincera comigo, dizendo que eu não tinha o direito sobre ela, eu soube que não podia ficar perto, eu não poderia ajudá-la. Eu não poderia controlar esse extinto. Afinal não existia nada de bom em mim.

Uma semana se passou desde que eu a vi pela última vez. E não havia um dia se quer que eu não lembrasse dela ou lesse aquela lista idiota que eu mesmo a pedi para escrever. Porque ela gostaria de surfar pelada? Ou qual o problema dela ao querer nadar com tubarões? Ser beijada por um estranho? Ela nunca fez isso?! Todas essas coisas me fizeram perceber ainda mais que ela era definitivamente perigosa demais para se ter por perto. Não que eu estivesse com medo de me apaixonar, isso realmente não haveria chance, o meu medo é dela se aproximar demais e perceber que eu sou um mostro e tentar despertar alguma consciência em mim.

Depois de ter adiado por quase cinco meses minha mudança para Londres, eu finalmente consegui uma equipe especializada e uma escola para Simon. Minha mãe não podia vir da Austrália com ele antes de eu conseguir essas coisas. E o fato de eu não ter tido tempo para nada piorou tudo.

Então, hoje quando estava no lobby do condomínio onde eu havia comprado meu apartamento londrino eu ouço o nome dela. Katherine Russell. Involuntariamente meus ouvidos se voltaram para a conversa. Observei um rapaz com um enorme buquê de rosas vermelhas para entregar a Katherine. Meu extinto dizia que isso era coisa de Mason, mas eu não poderia invadir a privacidade dela dessa forma. Mas já que ela morava ali eu poderia vê-la e falar com ela por uma última vez. Um plano surge em minha mente e na hora já sei como executa-lo.

Ligo para uma floricultura próxima e peço 14 buquês. Exatamente 14 pois foram exatamente horas que passamos juntos, e eu nem sei porque eu sei disso. Ignoro a informação e sigo com o plano. Peço a ajuda de Mary, a funcionária que ficava no lobby e digo que precisava que ela fizesse as seguintes coisas. Eu explico todo o plano e Mary parece muito empolgada por participar do mesmo. Peço a ela sigilo sobre tudo e ela concorda.

Como o plano manda, as flores chegaram, eu já havia escrito o cartão. Então eu vou  direção a sala das câmeras logo atrás do balcão da recepção. Mary estava contando a Sarah, outra funcionária do condomínio, ambas estavam rindo e achando aquilo romântico. Romântico? Não havia nada de romantismo nisso. Apenas uma forma de chamar a atenção dela e vê-la nem que fosse por câmeras. Isso era egoísmo. Precisava apenas vê-la ficar bem, pois sabia que ela ficaria mexida se as flores fossem de Mason.

Assim que Mary terminou de explicar a Sarah, as portas do elevador se abrem e Katherine sai de dentro do mesmo. Bom, pelo menos Mary não precisou ligar para fazer lá descer. O diálogo segue conforme o plano. Mary ajeita Katherine bem de frente da câmera para me dar uma visão melhor. Kat nem percebe a manobra. Ela abre o primeiro cartão. Diante da tensão de seu rosto, seu que é dele. Fico feliz por ter tomado a atitude de mandar para ela também. Vejo as emoções passando pelo rosto de Katherine até que ela levanta o rosto, suspira e sorri. Muito bem Kat! Ela é tão forte e não percebe isso. Agora vejo ela estender a mão para pegar meu envelope e não contenho a expectativa. Porra Joseph quantas vezes já mandou flores para alguém? Muitas. Então aquieta!

Katherine começa a ler e logo seu sorriso se abre. Involuntariamente um sorriso se abre no meu rosto também. Observo todas as reações e gargalhadas que ela dá. E vê-la levando as flores com tanto cuidado, as cheirando, tocando-as me fez ver que valeu a pena. Ela sobe com Mary e Sarah, e eu me mantenho escondido. Após ela descer, vejo-a pedindo a Mary e Sarah que se desfaçam das flores de Mason. Uma pitada de orgulho surge em mim e sei que ela não caiu no que quer que ele tenha dito.

Ela sai radiante do lobby em direção à rua. Eu espero algum tempo, agradeço as meninas que me pareciam encantadas em ajudar. Eu deveria ir para meu apartamento e deixar as coisas como estão. Escolher algum outro lugar para mim e deixar apenas Simon e minha mãe aqui. Me afastar dela, seria preciso. Mas meu corpo me trai e quando vejo já estou indo em direção ao local onde ela foi. Após alguns poucos minutos andando, observo Katherine sentada no restaurante pela janela de vidro. Ela estava de costas e seu cabelo mel pendia solto.

Sem resistir entro no restaurante, tentando manter o encontro o mais casual possível. Ao entrar ouço Katherine falando alto novamente e com um sorriso digo:

— Algumas coisas nunca mudam, e que Deus me ajude...

Katherine se alerta quando ouve minha voz e se vira devagar em minha direção. Seu rosto era uma mistura de surpresa e felicidade. Ela abre a boca e eu já espero por ela me mandar sumir. Na realidade eu realmente desejo que ela faça isso. Então ela fala:

 Então ela fala:

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— Joseph.

E meu nome em seu lábio soava tão bem...

KATHERINE - Livro Dois - Trilogia Russell's CompanyWhere stories live. Discover now