"Pai." Chamo a sua atenção. "Vamos nos sentar." Ofereço a minha mão para que ele a possa agarrar. Ele segura na mesma assim que caminhamos até as cadeiras, verdes, nas laterais do corredor, encostadas a parede. "Agora conta-me tudo o que se passou."

"Emily," ele suspira. "Não quero que fiques a saber disto." Ele confessa. É a minha vez de suspirar, abanando a cabeça negativamente. Mas será que todos têm que me mentir, ou omitir a verdade?

"Não confias em mim?" Choramingo.

"Então fazemos assim," ele começa. "Dir-te-ei assim que me contares o que se passa contigo." Ele propõe. Assinto com a cabeça, não tenho mais hipótese de saber as coisas. "Vamos, começa."

"Então," Ainda penso em inventar uma desculpa mas logo empurro essa ideia para longe. É o meu pai não vou mentir. "Eu conheci um rapaz."

"O Liam?" Ele interrompe. Abano a cabeça negativamente.

"Chama-se Harry." Informo. "Eu vi-o pela primeira vez no cemitério quando foi ver a mãe," Omito a parte em que ele me deixou especada a olhar para as costas dele enquanto ele ia embora.

"Isto parece uma história de um livro mas aconteceu mesmo." Suspiro. "Eu vi-o na segunda-feira quando estava a procura de trabalho, no momento em que entrei no café lá estava ele. Eu por algum motivo senti-me mal e desmaiei no seus braços," mordo o meu lábio.

"Tu o que Emily?" A voz do meu pai aumenta gradualmente. "Tu tens te alimentado?" Ele passa a mão pelo seu cabelo ralo. "Isto é tudo por causa de mim."

"Não." Digo firmemente. "Eu só me senti mal porque tinha andado muito tempo, mais nada." Eu acabo com a discussão estúpida.

"O Harry levou-me para um quarto de hotel-"

"Ele fez alguma coisa que não querias?" Ele cortou-me.

"Pai, por favor. Achas que gosto de uma pessoa que me obriga a fazer o que não quero?" Suspiro.

"Tens razão, continua."

"Ofereceu-me comida e roupa. Foi muito generoso da parte dele visto que não me conhecia."

"Onde está esse rapaz?" O meu pai pergunta do nada.

"Não está. Muita coisa aconteceu. Ele contou-me muito dele. Confiou em mim. Prometeu-me que ficava mas foi-se embora. Ele não gosta de mim como eu gosto dele." Os meus olhos enchem-se de lágrimas com a ideia de que tudo é verdade e ele não gosta de mim.

"Ele não sabe o que está a perder." O braço do meu pai passa por cima dos meus ombros puxando-me para ele. "És uma rapariga maravilhosa, e vais encontrar alguém que te dê o devido valor."

"É, eu vou." Encosto a minha cabeça no seu ombro. "Agora tu."

"Filha." Ele suspira pesadamente. "É complicado."

"Eu já não tenho quinze anos. Eu tenho vinte e três, ok?" Ele assente suspirando mais uma vez.

"Era o nosso tempo livre, eu estava cá fora a passear. Chovia um pouco mas eu gostava de sentir a chuva por isso era o único cá fora. Havia um polícia mas esse está a fumar encostado a uma parede do edifício." Ele fez uma pequena pausa. "Eu senti uma mão no meu ombro por trás de mim quando me virei estavam três reclusos que começaram a esmurrar-me, por nenhum motivo. Não te vou contar pormenores, mas eles também bateram no polícia. Agora estão em muito maus lençóis. Eu tive que vir para o hospital juntamente com o outro polícia."

"Aqueles filhos da-"

"Emily, linguagem." Ele repreende.

"... mãe." Acabo por dizer. "Eu vou-te tirar de lá papá não te preocupes."

-

"Liam?" Chamo a sua atenção assim que saímos da prisão para deixar lá o meu pai.

"Sim?"

"Podes-me levar aqui?" Mostro a mensagem que a Jade me mandou.

"Oh, claro." Ele sorri. "Como quiseres."

-

"É aqui, tens a certeza que ficas bem?" Liam olha pela janela vendo a grande casa.

"Sim eu fico, obrigada." Inclino-me para beijar a sua bochecha. As suas bochechas ganham um cor avermelhada tal como as minhas. Aceno com a mão saindo do carro.

A casa da Jade é enorme. Caminho até a porta da entrada subindo umas escadas. Assim que chego até a porta, esta encontra-se encostada. Empurro-a um pouco, para que possa olhar para os interior.

Rapidamente os meus olhos concentram-se no centro do hall de entrada. Vejo um casal abraçado, o rapaz está de costas para mim, e uns braços femininos, com pulseiras, circulam o seu pescoço. O meu coração acelera , as minhas mãos tremem e começo a suar frio assim que identifico os cachos chocolate. As calças pretas são inconfundíveis. É o Harry.

O meu Harry não era o meu Harry, mas sim o da Jade. Era tudo uma mentira.

Assim que um soluço sai pela minha boca. Harry olha pelo espelho, onde consegue ter uma nítida imagem de mim. Rapidamente se despega dos braços de Jade, os dois olham na minha direção. Jade contém um sorriso enorme e Harry está com os olhos arregalados e boca aberta.

"Emily," a minha melhor amiga grita vindo em minha direção.

Ainda penso em correr para fora de casa mas eu só queria ver onde Harry podia levar esta mentira.

You're My Kryptonite | hs [Editando]Where stories live. Discover now