cold green eyes [ 3 ]

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cold green eyes  [3] 

All of my memories keep you near

In silent moments imagine you be here

All of my memories keep you near

You silent whispers, silent tears

 Memories - Within Temptation

-Emily-

                      SÁBADO, 3 DE JUNHO DE 2012

Sinceramente, não sei qual é a preocupação da Jade para me ligar tantas vezes e depois nem sequer me atender. Só espero que não lhe tenha acontecido nada e que esteja tudo bem com ela.

Depois de sair do hotel fiquei a pensar no Louis e na sua situação. Ele não parecia nada homem de andar nesta vida, quer dizer, eu não sei, mas foi o que me pareceu. Ele parecia tão calmo e amoroso, parecia um homem de uma mulher só, sem traições. Tenho a certeza que ele estava destroçado, bastante magoado, tanto que até chorou. Tenho a certeza que a tal Lana, se ouvi bem o nome dela, por entre os resmungos, lhe fez algo muito mal.

Para além de ele ser bastante sensual e bonito, não posso dizer que não é, porque estaria a mentir, ele desculpou-se por ser bruto e não forçou nada para que eu o beijasse na boca. Mesmo sendo uma prostituta, ele não me "bateu" nem me obrigou a fazer coisas totalmente diferentes, como alguns dos meus antigos clientes já fizeram e me obrigaram a fazer, ele nem tinha obrigação de me pedir desculpa, eu sou uma mera prostituta. Sirvo para isso, satisfazer os homens de qualquer maneira. Infelizmente de todas as maneiras.

                                                                       . . .


"Pai." Grito quando o vi o homem que me criou e corro até ele para o poder abraçar. Sinto os olhares de algumas pessoas que se encontravam a falar com os seus familiares na sala de visitas, mas eu ignoro. As saudades dominavam os meus atos.

"Filhota." O meu pai abraça-me, rodando-me no ar. "Pensava que não vinhas." Fala enquanto me pousa no chão de azulejo sujo e desgastado.

"Não pude vir mais cedo." Puxo uma cadeira e sento-me, enquanto o meu pai se senta na cadeira de frente para mim. Seguro a sua mão por cima da pequena mesa que fica entre nós.

"Como tens estado filha?" Pergunta o meu pai. "E o teu irmão? Já o visitaste?"

"Eu estou bem pai." Respondo. "E quanto ao John, eu ainda não o posso visitar, ainda não me deixaram por ser muito recente." Suspiro. "Disseram-me que enquanto ele se estivesse a adaptar, não o podia visitar."

"Não gosto nada disso, não gosto que estejas sozinha." Aperta a minha mão. "Quero que tenhas cuidado, Emily, quero-te segura."

"Sim, Senhor Paul." Brinco. "E não, não estou sozinha-"

"Quem é o rapaz?" Interrompe-me.

"A ti. Eu tenho-te a ti." Completo a frase, que queria dizer anteriormente.

"Não Emily, tu não me tens lá fora para te proteger e cuidar de ti." Bufa. "Não quero que brinques com isso."

"Eu sei pai." Lambo os meus lábios. "E tu como estás?"

"Como sempre, querida." Baixa o olhar para a mesa e eu aperto a sua mão.

"Eu vou-te tirar daqui pai."

"Não Emily, não vais." Teima.

"Ai isso é que vou." Insisto.

"É muito dinheiro, querida." Ri-se. Deve estar a pensar que estou a brincar. Mas eu não estou. Se ele soubesse o que eu faço para ganhar dinheiro, ele já não se ria assim, quer dizer, se ele soubesse o que eu faço acho que neste momento não estaria a segurar a minha mão, nem sequer me chamava de filha ou então até recusaria a minha visita, seria o mais provável. Ele nunca vai ter verdadeiramente orgulho em mim. Eu sou um prostituta, ele só vai ter orgulho nas minhas mentiras, para ele não saber o meu verdadeiro trabalho. Eu sou uma fraca por não lutar mais, por não conseguir arranjar dinheiro de outra maneira sem ser vender o meu corpo. Tenho vinte e três  anos e a única coisa que consigo para arranjar dinheiro é vender-me. Vender o meu corpo.

You're My Kryptonite | hs [Editando]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora